Há mais de 15 anos atrás quando conheci o cooperativismo, entendi que a AUTORRESPONSABILIDADE é um dos seus maiores valores. A autorresponsabilidade é a capacidade de reconhecer que nossas atitudes, escolhas e prioridades moldam não só nossos resultados, mas também os de todo o grupo. Em cooperativas, onde o sucesso nasce da colaboração genuína entre os cooperados, esse valor é fundamental para o crescimento individual e, principalmente, crescimento do grupo. Ser autorresponsável é assumir que fazemos parte da construção da cultura, da produtividade e do ambiente saudável que queremos ver.
Mas, o que isso tem a ver com a questão da distração digital pela qual passamos? Deixa-me te fazer uma breve pergunta: quantas vezes você olhou o celular hoje sem nem perceber? Talvez enquanto estava em uma conversa, esperando uma resposta, pensando para responder algo para seu chefe ou tentando focar em uma tarefa. A verdade é que todos, sem exceção, estamos sendo impactados pelas distrações digitais — e isso não tem idade, cargo ou setor.
Muitas vezes, cai-se na armadilha de pensar que a distração digital é um problema das gerações mais jovens. Mas será mesmo? A verdade é que a avalanche de notificações, a dependência do celular e o consumo automático de conteúdos atingem também os mais experientes — em todos os níveis da operação. Não são apenas os líderes em reuniões que perdem o foco: equipes operacionais também enfrentam a dificuldade de manter a atenção em tarefas importantes, desviando-se por pequenos estímulos que roubam minutos preciosos ao longo do dia.
Esse excesso de estímulos não afeta só a produtividade. Ele compromete o senso de presença e enfraquece os laços entre os próprios cooperados. Quando não conseguimos estar inteiros no agora — seja em uma conversa, em uma atividade ou em uma decisão coletiva — enfraquecemos um dos pilares do cooperativismo: a interdependência.
Por isso, vale o convite: que tal rever seus hábitos digitais sob a ótica da autorresponsabilidade?
Três práticas simples podem ajudar nesse caminho:
Estabeleça zonas de foco no dia a dia — delimite momentos ou tarefas em que o celular fica longe, as notificações são silenciadas e a atenção é total. A qualidade da entrega e da convivência agradecem.
Exercite a autorreflexão digital — antes de atribuir a distração a uma geração ou ao excesso de tecnologia, observe seus próprios hábitos. Muitas vezes, a mudança que esperamos começa com pequenos ajustes pessoais.
Use os aplicativos de limitação de tempo – os apps de Android e IOS que acompanham o tempo gasto em cada rede social, bem como programam alertas de limite de tempo são uma boa pedida para ajudar a disciplinar seu tempo.
Reflita sobre estas questões. Compartilhe suas dúvidas com seus colegas. Assim, será mais simples rever suas práticas do dia a dia.
Por Hugo Santos, autor, consultor e palestrante