O Banco Central estabeleceu um novo marco regulatório para a alavancagem das cooperativas financeiras em decisão tomada na última terça-feira (3), com o objetivo de estimular o crescimento sustentável do setor e garantir maior estabilidade da cessão de crédito fornecida pelo sistema financeiro cooperativista. As regras publicadas pelo BC definem parâmetros para operações de crédito e exigências de capital proporcionais ao porte e ao perfil de risco de cada instituição.
A medida surge em atenção ao crescimento acelerado do segmento financeiro, que foi responsável pela arrecadação de R$ 809 bilhões em ativos e mais de R$ 388 bilhões em operações de crédito somente durante o ano de 2023.
As novas regras estabelecem limites progressivos de alavancagem adaptados ao porte de cada cooperativa e criam práticas para avaliação de riscos das instituições. Com isso, a decisão que entra em vigor no dia 1º de junho de 2026, também permitirá que cooperativas menores consigam limites mais flexíveis e prazos estendidos para adequação, o que o setor de crédito popular e também de cooperativas rurais.
Multiplicação de oportunidades
Além de trazer maior segurança sistema, as novas diretrizes fortalecem uma atuação tradicional das cooperativas financeiras, de garantir o desenvolvimento regional por meio da democratização do acesso ao crédito.
Com o estabelecimento das novas regras, as cooperativas ganham ferramentas para ampliar seu papel como agentes de transformação local e garantem mais segurança para manter o trabalho de potencializadores dos locais nais quais estão inseridas, como o trabalho realizado pelo Sicoob, que, em 2024, destinou R$ 96,7 bilhões exclusivamente para micro, pequenas e médias empresas, com crescimento de 25% no crédito para médios negócios e 11% para pequenos empreendimentos em relação ao ano anterior.
Impactos na agricultura familiar
Além do benefícios aos negócios nos centros urbanos, a alavancagem também se apresenta como uma ferramenta importante para o crescimento da participação das cooperativas de crédito nas ações de desenvolvimento de alguns segmentos, como a agricultura familiar onde é líder na concessão de crédito. O modelo de alavancagem chega como resposta para conciliar a sazonalidade agrícola com fluxos de crédito estáveis.
Os prazos escalonados das novas regras são essenciais para a sustentabilidade desse ecossistema e podem ser provados pelo programa de maquinário sustentável da cooperativa, que estrututrou linhas de crédito para aquisição de armazéns inteligentes e 120 tratores de baixa emissão. O caso comprova como a regulamentação serve, essencialmente, de alicerce para a modernização do campo, garantindo crédito acessível e inovação tecnológica.
Fonte: Banco Central, com a adaptações da MundoCoop