O dinheiro, ao longo da história da humanidade, passou por uma incrível evolução. Desde os primórdios, as comunidades confiavam no sistema de trocas, onde bens e serviços eram trocados diretamente. No entanto, à medida que as sociedades cresceram e evoluíram, ficou claro que era necessária uma forma mais eficiente de realizar transações. Isso levou à invenção da moeda, um marco significativo na história econômica da humanidade. As primeiras moedas conhecidas datam de cerca de 600 a.C., na antiga região da Lídia, que hoje faz parte da Turquia.
Mas a evolução do dinheiro não parou por aí. Uma outra etapa marcante foi o desenvolvimento do dinheiro de papel na China, durante a dinastia Tang, por volta de 700 d.C. Esse avanço permitiu a expansão das transações econômicas e estabeleceu as bases para o que conhecemos hoje como sistemas financeiros modernos.
A Chegada do Real Digital (DREX) e Seus Impactos
Atualmente, estamos presenciando uma nova transformação na forma como entendemos e utilizamos o dinheiro, e isso tem a ver com a chegada do Real Digital, também conhecido como DREX. Essa iniciativa representa uma evolução natural na relação entre a sociedade e o dinheiro, incorporando a natureza digital da economia emergente.
O projeto do DREX está em desenvolvimento sob a liderança do Banco Central do Brasil (Bacen). Para aqueles que estão familiarizados com o mercado financeiro tradicional ou atuam em Fintechs, é importante se acostumar com alguns conceitos-chave que cercam essa inovação.
Tokenização da Economia Brasileira
A tokenização é um dos pilares do DREX. Ela refere-se ao processo de converter direitos a ativos em tokens digitais em uma blockchain. Esses ativos podem incluir uma ampla gama de itens, desde propriedades e ações de empresas até produtos financeiros e muito mais. A tokenização oferece diversos benefícios, como maior liquidez, transações mais rápidas e custos de transação reduzidos. Além disso, ela torna mais acessível a aquisição de ativos que, anteriormente, poderiam ser difíceis ou dispendiosos de adquirir.
No contexto do DREX, a tokenização é vista como uma evolução natural, aproveitando o avanço das tecnologias de blockchain e contratos inteligentes. Isso contribui para a digitalização da economia, oferecendo um novo leque de oportunidades para inovações financeiras.
Componibilidade
A componibilidade é outra característica crucial do DREX. Essa característica permite que diferentes sistemas e componentes sejam combinados e utilizados de maneira eficaz. No contexto do Real Digital, a componibilidade significa a capacidade de integrar diversos serviços financeiros e tecnologias de forma harmoniosa. O DREX tem o potencial de introduzir mecânicas que permitirão a programabilidade e a componibilidade do real, criando uma nova infraestrutura financeira que pode impactar diversos produtos e serviços financeiros no mercado brasileiro.
Programabilidade
A programabilidade do DREX é vista como uma das características mais disruptivas da iniciativa. O dinheiro programável, como o DREX, permite a criação de contratos inteligentes e outras funcionalidades que automatizam e garantem o cumprimento de condições financeiras sem a necessidade de intermediários. Isso simplifica transações complexas e reduz custos operacionais. Um exemplo é a possibilidade de programar um pagamento para ser liberado automaticamente assim que certas condições sejam atendidas.
Interoperabilidade
A interoperabilidade é fundamental para o sucesso do DREX, pois permite que diferentes sistemas e plataformas se comuniquem de maneira eficaz. Isso é crucial para atender às demandas de digitalização e garantir que o DREX possa ser utilizado em uma ampla variedade de contextos financeiros. A interoperabilidade facilita a integração do DREX com outros sistemas financeiros e tecnológicos.
O Futuro do Mercado Financeiro Brasileiro com o DREX
O Real Digital (DREX) representa uma nova era para as Fintechs, bancos e instituições financeiras. Embora ainda esteja em desenvolvimento, testes e descobertas no projeto piloto liderado pelo Bacen, as expectativas são altas. A CEO da Evlos4u, Sarah Almachar, enfatiza que essa inovação pode ser comparável em impacto à entrada do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) em 2002 e ao lançamento do PIX em 2020.
Embora o DREX ainda esteja em construção, seu potencial é evidente. A população e as empresas se beneficiarão, mas quem está na “cozinha financeira” já está aprendendo e criando pratos inovadores para a próxima década. A combinação das inovações com as Fintechs e soluções financeiras no Brasil já era referência no mundo, e o DREX abrirá novos horizontes nas plataformas tecnológicas que envolvem sistemas de trocas, moedas, bens e serviços.
*Sarah Almachar é fundadora da Infra Fintech Evlos4U
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