O ano que terminou representou um momento de ruptura que vinha se desenhando há pelo menos uma década. Novas tecnologias e dilemas sociais ganharam foco e o estimado é que a sociedade esteja, enfim, caminhando para uma nova realidade, com melhores caminhos.
Das discussões sociais à transformação no mundo do trabalho. Das novidades no campo e na indústria à chegada de forma massiva da inteligência artificial. No âmbito individual e coletivo, mais do que nunca é hora de abrir os olhos e compreender tendências que guiarão por definitivo os próximos passados, principalmente das cooperativas.
Buscando gerar novas perspectivas, a MundoCoop convidou personalidades da atualidade para compartilharem suas visões a respeito de grandes temas, como impulsionarão as tendências de 2024 e claro, como impactarão o cooperativismo.
INOVAÇÃO
“ESTE VAI SER O ANO DO AMADURECIMENTO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL”
– Arthur Igreja, Co-Fundador da AAA Plataforma de Inovação e TEDx Speaker
Quais as tendências de inovação para 2024?
O principal destaque em relação a inovação, tecnologia e todo esse mundo para 2024 é que este vai ser o ano do amadurecimento de toda essa conversa a respeito da Inteligência Artificial, tema que explodiu a partir de 2022.
No ano passado, todos embarcaram nesse hype. E é um hype diferente, porque é difícil imaginar que é simplesmente uma onda que vai se dissipar. É algo que tem se consolidado com muita velocidade em várias empresas, organizações, cooperativas, com muitas colhendo resultados efetivos. O que quero dizer com isso é que de fato nós vamos começar a ver a materialização de todo esse trabalho. Tudo está ainda no começo. É hora de apurar resultados.
Como isso tem impactado efetivamente essa organização? Para mim, essa é a tônica. Uma outra coisa que eu estimo que vai acontecer são os primeiros problemas, correto? Porque num primeiro momento em que novas tecnologias emergem, a tendência é todo mundo ficar encantado com o lado positivo, com as possibilidades e tudo mais.
E aí começam vir as aplicações mais pesadas e com isso, os problemas mais reais: problemas ligados a segurança dos dados, a privacidade, a alucinação da própria inteligência artificial. Em muitos casos ela não vai servir. Ou seja, isso é o que acontece num segundo momento, depois da eclosão, do hype. É o momento do desapontamento, com a percepção de que tem mais chão pela frente para que ela amadureça.
Quais transformações podem afetar o cooperativismo daqui para frente?
Ainda nessa linha, a inteligência artificial precisa ser compreendida. Como é que ela se conecta com os princípios do cooperativismo? Porque, afinal de contas, estamos entrando aí numa era que pressupõe uma busca bastante grande por uma produtividade mais alta e muitos casos de automação, não só nos atendimentos, mas também, por exemplo, no desenvolvimento de software e outras incontáveis tarefas. E o cooperativismo tem uma visão um pouco diferente disso. Nem tudo aquilo que brilha para as empresas tradicionais está alinhado com os princípios do cooperativismo.
A inteligência artificial precisa ser aplicada, e será aplicada. Mas a questão é se porventura em algumas situações, ela vai trazer novos dilemas ou se em alguns momentos, vai entrar em conflito com alguns princípios que as cooperativas seguem.
Diante disso, será ainda mais importante para os dirigentes, cooperados e para toda a comunidade, entender profundamente os prós e os contras; os limites e as possibilidades, justamente para poder fazer essa reflexão. Essa é uma discussão imediata que precisa acontecer no cooperativismo.
EMPREENDEDORISMO
“MARCAS QUE QUEREM SE DESTACAR PRECISAM CONTINUAR DANDO ATENÇÃO PARA DIVERSIDADE”
– Ana Fontes, CEO e Fundadora do Rede Mulher Empreendedora e Instituto RME
Qual posicionamento precisará fazer parte das marcas que querem destacar seus negócios em 2024?
As pautas que temos discutido, continuam absolutamente atuais. As empresas e marcas que querem se destacar nos negócios para 2024 precisam continuar dando atenção para diversidade e inclusão, responsabilidade social e para todos os temas ligados ao ESG. Então, apesar de serem temas bastante falados, ainda há um caminho muito longo para a gente desenvolver.
Quando você olha os números, as estatísticas em relação à diversidade e inclusão em relação ao ESG, ainda há um gap muito grande entre o que é falado, o que é divulgado e o que efetivamente é feito. As marcas têm que continuar se posicionando. Mas, além do se posicionar, elas têm que agir. Firmar sua posição e agir. Com certeza as marcas que estão atuando de uma forma consciente, efetiva e estruturada, estarão à frente das demais, com verdade e posicionamento bastante alinhados. É olhar para essas temáticas de uma forma estruturada e atuando com efetiva ação. E não necessariamente, só com comunicação ou informação.
A relação entre o cooperativismo e o empreendedorismo tende a transformar o futuro do mercado daqui para frente?
Acredito que os dois modelos, o cooperativismo e o empreendedorismo, tem muita riqueza de um lado para o outro. O cooperativismo tem muito a ver e tem muito a beber do empreendedorismo. Nosso mundo, a nossa sociedade, tem que viver com o modelo de criação de coisas, de inovação, de fazer a diferença. E eu acho que ambos bebem da mesma fonte. Falar também de colaboração e inovação, que permeia toda a vida dos empreendedores e das pessoas que trabalham no sistema de cooperativismo, também é absolutamente fundamental. Eu acredito sim, na transformação. Não acho que ela é uma transformação rápida, mas acho que ela é uma transformação possível.
Reafirmo também que o cooperativismo precisaria ser mais divulgado, ser mais mostrado em outros ambientes. Há muita falta de informação, de conexão e de comunicação sobre o setor e as suas relações com o empreendedorismo. Afinal de contas, a pessoa que cria o movimento cooperativista, ela também tem uma atitude empreendedora, um pensamento empreendedor.
A gente não pode falar em mudanças enquanto a gente não tem a visão de mudança da sociedade. Se você olha os países que são mais desenvolvidos ou que estão à frente da questão não só de valores, de dinheiro, mas a frente de questões sociais também, são países que olham de uma forma mais colaborativa, que incentiva o empreendedorismo, que incentiva a inovação. E para mim, isso tem uma ligação muito forte também com o cooperativismo.
COOPERAÇÃO
“INICIAMOS 2024 COM PERSPECTIVAS SIGNIFICATIVAS PARA O COOPERATIVISMO”
– Marcio Lopes de Freitas, Presidente do Sistema OCB
Quais as perspectivas para o cooperativismo em 2024?
Temos projetos importantes em tramitação junto aos Três Poderes para fortalecer ainda mais nosso movimento, como a regulamentação da Reforma Tributária e dos dispositivos que tratam do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo, a ampliação da participação das cooperativas no mercado de seguros, entre outros.
Mas também temos a realização do evento mais importante do nosso movimento no Brasil, o CBC, Congresso Brasileiro do Cooperativismo, que será realizado em maio e vai reunir mais de três mil lideranças na capital federal para pensar e definir as estratégias que vão construir o futuro que queremos para esse modelo de negócios que garante geração de emprego, renda, dignidade e prosperidade para as pessoas e comunidades a sua volta.
Planejar um futuro mais coop é nosso principal objetivo. Por isso, vamos trabalhar para conquistar cada vez mais o nível de excelência que precisamos atingir para sermos ainda mais conhecidos e reconhecidos pela sociedade. Lembro que 2025 foi proclamado pela Organização das Nações Unidas, a ONU, como ano Internacional das Cooperativas e a prosperidade impulsionada pelo cooperativismo precisa continuar irrigando a economia para promover ainda mais dignidade ao nosso povo.
O que o movimento pode esperar de mudanças e crescimento?
Temos o desafio BRC R$ 1 TRI de prosperidade, que busca congregar 30 milhões de cooperados e registrar uma movimentação financeira de R$ 1 trilhão para o nosso movimento até 2027. É uma meta ousada, mas que sabemos ser possível de alcançar se mantivermos o foco e aumentarmos ainda mais a excelência dos nossos processos de gestão, governança e produção. Assim, nossas ações estarão voltadas para o alcance dessa meta.
COMUNICAÇÃO
“DINÂMICA SERÁ A PALAVRA QUE IRÁ DEFINIR O MARKETING DE INFLUÊNCIA EM 2024”
– Aretuza Negri, Comunicadora e Empresária no Agro e eleita uma das 100 Mulheres Mais Poderosas do Agro pela Forbes 2021
Quais os maiores progressos do agro em relação a comunicação? Quais as maiores tendências que podem impulsionar o marketing de influência no agro em 2024?
Quando se fala em progresso, eu vejo o despertar das marcas para uma comunicação com a cadeia agro. A conversa que a marca traz, principalmente através das mídias digitais, não se resume somente no dentro de porteira, mas também engloba o antes e o pós porteira.
As marcas e comunicadores que absorveram e aplicam na sua comunicação a ideia de que o agro é constituído por agentes importantes – por exemplo, pesquisadores, produtores rurais, profissionais de logística, consumidores-que estão em todos os elos da cadeia, estão ganhando cada vez mais destaque no posicionamento e percepção da sociedade.
Tanto, que recentemente trouxe um artigo que falava sobre as 7 tendências do marketing de influência para o agro em 2024. Profissionais da área de comunicação devem estar atentos aos seguintes aspectos:
1 – agroinflueciadores em foco
2- Conteúdo técnico, educacional e responsável
3- Instagram continua em alta
4- LinkedIn começa ganhar destaque
5- Cliente da marca como produtor de conteúdo
6 – Conteúdo com foco na cadeia agro
7 – Inteligência artificial na produção de conteúdo.
Como já mencionei em outras oportunidades: dinâmica será a palavra que irá definir o marketing de influência em 2024. Entender as tendências é importante para manter uma estratégia de marketing relevante e se tornar competitivo no mercado.
DESAFIOS
“O COOPERATIVISMO SERÁ DO TAMANHO DO PAÍS E O PAÍS SERÁ DO TAMANHO DO SEU COOPERATIVISMO”
– José Luis Tejon, Especialista em Agronegócio e membro editorial da Revista MundoCoop
Quais os maiores desafios para o cooperativismo em 2024?
Manter o crescimento de dois dígitos, continuar promovendo o desenvolvimento humano, ambiental e social de toda comunidade; atingir o movimento de receitas na casa do R$ 1 trilhão, e conquistar 30 milhões de brasileiros dentro do sistema. Executar a proposta enunciada pelo nosso presidente da OCB, Márcio Lopes: “criar prosperidade”. E como enfatiza nosso iluminado líder Roberto Rodrigues: “líderes cooperativistas merecem um Nobel da paz”. Isso significa o desafio de todos os desafios, criar líderes desde o berço para uma filosofia cooperativista que precisa abraçar toda sociedade do país. Cooperativismo é o exercício vivo e concreto da legítima cidadania. Evolução humana, na luta de não deixar gente para trás. Liderança é a palavra vital do modelo cooperativista.
2024 pode ser um ano de virada e crescimento para o cooperativismo brasileiro?
O cooperativismo tem crescido em todas as áreas: no agronegócio, no crédito, nos centros urbanos, onde a própria cidade de São Paulo tem o maior número de cooperativas do país. No transporte, saúde, energia, educação, trabalho, consumo, o cooperativismo é o modelo de negócio que permite o sucesso dos pequenos reunidos com uma gestão de ciência, administração, valores onde a sabedoria humana é exercida para enfrentar as incertezas e os obstáculos da vida na terra.
Agora, tem algo que quero pedir com ênfase total aos líderes cooperativistas. Não basta liderar e dirigir com confiança e resultados econômicos, financeiros e sobras a própria cooperativa. Não basta reinvestir na comunidade e com isso obter o melhor IDH nas suas comunidades. Não basta “ser” o exemplo do melhor modelo de dignidade humana para todos se isso não for percebido e compreendido por toda sociedade brasileira. Não basta “ser”, precisa “transparecer”. Do cooperativismo para uma sociedade cooperativa. Quer dizer, em toda comunicação, em toda propaganda dos produtos e serviços de uma cooperativa precisa aproveitar esse investimento publicitário e informar, conquistar corações e mentes para o sentido evoluído superior da alma cooperativa. A propaganda de uma cooperativa, por outro lado, não pode apenas “parecer, tangenciar” ser de uma cooperativa, precisa claramente “ser de uma cooperativa”.
A realidade do cooperativismo no mundo e no Brasil é muito maior do que sua percepção. Precisamos comunicar com persuasão esse fato, pois o Brasil precisa muito mais da filosofia cooperativista do que pensa. O cooperativismo será do tamanho do país e o país será do tamanho do seu cooperativismo. Precisamos dobrar o PIB de tamanho nos próximos 10 anos, e só conseguiremos com um plano de estado do cooperativismo em todas as áreas, inclusive numa intercooperação mundial. Bem-vindos ao presente que já é o resultado do futuro.
LIDERANÇA
“O MAIOR DESAFIO É NÃO FICAR PRESO ÀS PREMISSAS ANTIGAS”
– Poliana Abreu – Head SingularityU Brazil e Diretora de Conteúdo da HSM
A Inteligência Artificial mudou o rumo das tendências em 2024? Ela tende a se tornar o elemento principal nas mudanças?
A inteligência artificial já está em nosso cotidiano. A diferença é que agora, com inteligência artificial generativa, começa a despertar mais interesse e necessidade nas mais diversas áreas, não somente nas áreas técnicas e no segmento de tecnologia. A capacidade da IA de processar grandes volumes de dados, identificar padrões, realizar previsões e automatizar tarefas complexas está impulsionando transformações significativas nos negócios e na sociedade, de forma geral.
Dessa forma, sem dúvidas, a Inteligência Artificial continua a desempenhar um papel significativo nas tendências de 2024 e está cada vez mais se tornando um elemento principal das mudanças no ambiente corporativo. A IA não apenas está transformando a maneira como as empresas operam, mas também está impactando diretamente a forma como as organizações abordam a aprendizagem e o desenvolvimento de seus colaboradores, que por sinal, terão que ampliar repertórios e habilidades para acompanhar essas mudanças em 2024 e nas próximas décadas.
Quais são os novos desafios para os negócios e suas lideranças, diante da mudança de perfil da nova geração de profissionais no mercado?
O maior desafio é para pessoas e organizações, é não ficar preso às premissas antigas. Compreender que é necessário manter-se em movimento e que a adaptação é contínua. Isso vale para os contextos de mudança impulsionado pelas tecnologias e também, pelas mudanças de comportamento e consciência – como é o caso das novas gerações que hoje, estão chegando ao mundo corporativo.
A nova geração de profissionais, muitas vezes referida como a geração Y (millenials) e a geração Z, tende a ter expectativas e valores diferentes em relação ao trabalho. Eles valorizam mais a flexibilidade, propósito no trabalho, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e oportunidades de crescimento e desenvolvimento. É uma geração que tende a valorizar o aprendizado contínuo e o desenvolvimento de habilidades. As empresas enfrentam o desafio de proporcionar oportunidades de desenvolvimento significativas e relevantes para essa geração, que está sempre em busca de novos desafios e oportunidades de crescimento. E ao mesmo tempo, existe o desafio da nova geração compreender a dinâmica das lideranças mais experientes e estar aberta para criar diálogos intergeracionais que gerem valor para os negócios, aproveitar a diversidade de conhecimento e experiência para cocriarem novas dinâmicas. Se bem compreendido e estabelecido uma cultura que abrace a diversidade geracional, a chegada de novos perfis passa a ser um impulsionador de inovação e não um desafio a ser superado.
NOVOS MERCADOS
“A INTERCOOPERAÇÃO É RESPONSÁVEL PELO CRESCIMENTO DO MOVIMENTO COOPERATIVISTA”
– Dr. Helton Freitas, presidente da Seguros Unimed
O estreitamento da relação entre o cooperativismo e o mercado de seguros é uma tendência para 2024?
O cooperativismo procura satisfazer as demandas de seus membros de maneira ampla, e a expansão das cooperativas no setor segurador brasileiro, atualmente limitada pela legislação, promete trazer benefícios significativos ao público. Existe otimismo para o reconhecimento legal do seguro mútuo em mais áreas, impulsionado pelo aumento da conscientização sobre seus benefícios e por iniciativas legislativas em andamento no Congresso Nacional. Esses movimentos indicam mudanças regulatórias potenciais que poderiam permitir às seguradoras mútuas atender melhor às necessidades do mercado brasileiro, especialmente em demandas não cobertas por seguradoras convencionais.
A intercooperação pode impulsionar o movimento cooperativista neste ano que se inicia?
A intercooperação é responsável pelo crescimento do movimento cooperativista no Brasil, refletido no expressivo número de 4.693 cooperativas, conforme indica o Anuário Coop 2023. Este trabalho conjunto não apenas fortalece as bases das cooperativas, permitindo-lhes enfrentar desafios de maneira eficiente, mas também estimula a inovação e a adaptação em um ambiente de negócios que está sempre em mudança. Por meio da troca de conhecimentos e recursos, a intercooperação expande as oportunidades de negócios e facilita o acesso a mercados mais amplos, enquanto consolida os valores de solidariedade e equidade.
O Sistema Unimed ilustra o sucesso dessa estratégia. Com 340 cooperativas, amplia sua presença de mercado por meio da Seguros Unimed, diversificando seu portfólio com uma variedade de produtos, desde seguros de vida e residência até previdência privada e assistência odontológica. A InvestCoop, asset da marca, desempenha um papel fundamental na gestão de recursos financeiros das cooperativas Unimed, contribuindo significativamente para seu fortalecimento e expansão. A Faculdade Unimed complementa esse ecossistema, capacitando profissionais em todo o País, enquanto a Unimed Participações busca novos modelos de negócio, incluindo meios de pagamento e locação de equipamentos hospitalares. Esse conjunto de ações não só eleva os ganhos das cooperativas e seus cooperados, mas também impulsiona a inovação e assegura a excelência operacional, beneficiando os 20 milhões de clientes em todo o País.
SUSTENTABILIDADE
“ESG NÃO É APENAS PRESSÃO DE MERCADO, É TAMBÉM É UMA DEMANDA DA SOCIEDADE”
– Ricardo Voltolini, Fundador e CEO da Ideia Sustentável
Qual o próximo tópico da sustentabilidade que irá guiar as discussões e os negócios em 2024?
Nas discussões relacionadas ao E [do ESG], destaco as mudanças climáticas. Ouviremos muito falar em 2024 de gestão de riscos climáticos. Ouviremos falar muito neste ano de metas de Netzero, economia circular, uso crescente de energias renováveis e mercado de carbono regulado.
Em relação às práticas de S, além do aprofundamento das ações de diversidade, equidade e inclusão (que vêm ganhando força nos últimos 5 anos), e das ações de cadeia de suprimentos mais sustentáveis, observaremos um aumento expressivo de estratégias de cuidados com saúde mental nas empresas. Esse tema é a bola da vez. Deve ganhar amplitude e profundidade.
Em relação às questões de G, observaremos cada vez mais a convergência entre as estratégias de negócios e as de ESG. Empresas e organizações que quiserem efetivamente fazer a diferença em ESG precisará definir claramente os seus temas materiais objetivos estratégicos, metas, métricas e planos de ação viáveis e consistentes. Sobre a materialidade, vale reforça, crescerá na abordagem das empresas a chamada dupla materialidade, o que significa, na prática, avaliar não apenas o impacto financeiro dos temas materiais para o negócio, mas também o impacto dos negócios para as pessoas e o planeta.
O cooperativismo precisa encabeçar as tendências sustentáveis daqui para a frente?
O cooperativismo precisa estar atento às grandes discussões de ESG.
Nunca é demais lembrar: ESG tem a ver com o valor atribuído pelos agentes financeiros ao modo como empresas e organizações estão controlando os seus riscos e endereçando os seus desafios ambientais, sociais e de governança. ESG não é apenas pressão de mercado. É também é uma demanda da sociedade. Imersos que estão numa sociedade mais crítica em relação ao papel das empresas e organizações, os stakeholders do cooperativismo cobrarão cada vez mais a incorporação do ESG às suas estratégias de atuação. Desejarão cada vez mais cooperativas compromissadas com a reversão do quadro climático, com o desenvolvimento das comunidades e com uma governança ética e transparente.
Hoje já existe regulação que obriga, por exemplo, as cooperativas de crédito, a serem mais sustentáveis em suas operações. Outras regulações deverão surgir nos próximos anos.
Por Fernanda Ricardi e Leonardo César – Redação MundoCoop
Matéria exclusiva publicada na Revista MundoCoop edição 116
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