Em artigos anteriores, já apresentamos os princípios do cooperativismo, o funcionamento das cooperativas e os principais benefícios desse modelo de negócio. Agora, te convidamos a conhecer um aspecto talvez pouco percebido no dia a dia, mas essencial: a resiliência econômica das cooperativas.
Afinal, o impacto de uma crise vai muito além das planilhas – ela atinge diretamente a vida de quem empreende e coopera junto.
No universo das cooperativas, sejam elas formadas por pequenos ou médios produtores, é impossível dissociar a instituição das pessoas que a integram. E quem faz parte de uma coop sabe bem disso: o modelo cooperativista possui uma forma única de enfrentar as adversidades do mercado. Acompanhe o artigo!
O que é resiliência econômica?
Você provavelmente já ouviu que todo empreendimento passa por altos e baixos. Mas, quando uma crise chega — e ela sempre chega —, o que acontece com o seu negócio? E com o dinheiro de quem está envolvido?
É nesse momento que as cooperativas mostram sua força.
Resiliência econômica é a capacidade de uma organização resistir aos impactos de uma crise ou perda financeira e conseguir se reorganizar após esse período. Esse processo está diretamente relacionado ao planejamento interno, à capacidade de acessar recursos e, no caso das cooperativas, ao forte senso coletivo.
Como empresas tradicionais enfrentam as crises?
Para entender por que o cooperativismo é tão eficaz e resiliente em momentos de crise, vale observar como as empresas tradicionais costumam lidar com essas situações.
Em geral, a gestão de riscos financeiros nas empresas convencionais é pautada por controles rigorosos, seguros e financiamentos externos para sustentar as operações e reduzir os impactos.
No curto prazo, essas estratégias podem funcionar, dependendo da gravidade da crise. Porém, muitas vezes, essas soluções imediatistas resultam em demissões em massa, cortes de investimentos e redução de custos, com o objetivo de manter as margens de lucro. No longo prazo, isso tende a afetar negativamente tanto os funcionários quanto a comunidade ao redor.
Coop oferece mais estabilidade para todos
No cooperativismo, as perdas não impactam apenas a organização: atingem todos os cooperados, que são também donos do negócio. Um dos princípios fundamentais é a participação econômica, que prevê que os membros compartilhem não só os resultados positivos, mas também as perdas, proporcionalmente ao que investem.
Além disso, com base na gestão democrática, todas as decisões são tomadas em conjunto. E como as sobras (lucros) geralmente são reinvestidas na própria comunidade e nas propriedades dos cooperados, as cooperativas tornam-se menos dependentes de recursos externos.
Para quem olha de fora, esse modelo pode parecer desvantajoso sob uma ótica individualista. Porém, a divisão proporcional dos recursos financeiros e da gestão reforçam que, no coop, ninguém tira vantagem de ninguém e os resultados são compartilhados, sejam eles negativos ou positivos.
Outro ponto forte é o incentivo à diversificação. As coops estimulam seus membros a ampliarem suas operações e produtos, favorecendo a adaptabilidade. O apoio mútuo também estimula o zelo pelos recursos da organização, e essa cultura coletiva de prevenção e solidariedade permite que as cooperativas enfrentem as perdas de forma organizada e conjunta.
Como resultado, os empregos são preservados, os cooperados se apoiam mutuamente e as demissões em massa são evitadas.
Por que o coop resiste melhor?
Enquanto as empresas tradicionais investem em mecanismos externos de gestão de risco para se manter resilientes, as cooperativas constroem essa resiliência de forma estrutural, com base no compromisso com a comunidade e na gestão compartilhada.
Nas coops, a resiliência não depende apenas das lideranças ou de capital externo. Ela nasce do envolvimento dos próprios cooperados, o que aumenta a capacidade de adaptação em tempos difíceis. Em outras palavras: enquanto muitas empresas buscam soluções “de fora para dentro”, as cooperativas se fortalecem “de dentro para fora”.
Mesmo diante de perdas, os cooperados costumam encontrar mais estabilidade a longo prazo. Isso porque, quando se compartilha o peso, é muito mais fácil retomar o caminho dos ganhos.
Fonte: Sistema OCB/ES