Diante de um cenário de instabilidade econômica e crises globais, uma pergunta ressoa cada vez mais forte: o que define, afinal, um mundo melhor? Para a Organização das Nações Unidas (ONU), uma das respostas está no fortalecimento da cooperação. E esse entendimento ganha protagonismo em 2025, ano oficialmente declarado como Ano Internacional das Cooperativas, sob o lema “Cooperativas constroem um mundo melhor”.
Mais do que uma celebração simbólica, a iniciativa reconhece o cooperativismo como um modelo de negócios resiliente, sustentável e centrado nas pessoas — uma alternativa concreta e cada vez mais urgente diante dos desafios contemporâneos. Em Santa Catarina, essa realidade já é palpável: o estado tornou-se referência nacional ao adotar o cooperativismo como instrumento de desenvolvimento local e inclusão financeira, especialmente em regiões onde outras estruturas econômicas não chegam.
Presença onde ninguém chega: o papel das cooperativas nas cidades pequenas
Com forte atuação no meio rural, o cooperativismo encontrou em Santa Catarina um terreno fértil para crescer: com raízes fortes no meio rural, o modelo se expandiu para os centros urbanos, mas mantém como característica essencial a presença ativa nos pequenos municípios — justamente onde a oferta de serviços financeiros e oportunidades econômicas costuma ser mais limitada.
Atualmente, as cooperativas estão presentes em 98% dos municípios catarinenses, com agências físicas, redes de produção, soluções financeiras, apoio técnico e ações de formação cidadã. O Sicoob é prova disso — com forte atuação no crédito e na inclusão financeira regional, evidencia como essa capilaridade não é fruto do acaso, mas da essência do modelo cooperativista, que valoriza o desenvolvimento conjunto e o fortalecimento das comunidades locais.
— Estar presente nas cidades menores é mais do que uma estratégia, é um compromisso com o protagonismo local. Em muitos desses municípios, a cooperativa não é apenas uma opção, e sim a única instituição capaz de representar economicamente a comunidade, oferecendo acesso ao crédito, apoiando a produção local e criando espaços de participação coletiva. E mais: retém a riqueza dentro do próprio território, promovendo desenvolvimento sustentável com identidade local. Esse é o diferencial do cooperativismo: ele entende que crescimento de verdade só acontece quando todos têm a chance de crescer juntos — reforça Rui Schneider da Silva, presidente do Sicoob Central SC/RS.
Cooperativas constroem cidades mais prósperas
Os impactos são concretos. De acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro, municípios com forte atuação cooperativista apresentam indicadores socioeconômicos superiores à média nacional:
- O PIB per capita é 6,2% maior;
- Há 15,7% mais estabelecimentos formais;
- E a taxa de emprego é 5,6% superior à média das demais cidades.
Não por acaso, Santa Catarina lidera o cooperativismo no Brasil em número de cooperados por habitante, com sistemas que vão do agro ao crédito, da saúde à tecnologia, da educação ao consumo consciente. Em muitos desses setores, as cooperativas são responsáveis por gerar boa parte da renda circulante no município, promovendo autonomia, inclusão financeira e continuidade dos negócios familiares. Nesse contexto, o Sicoob se destaca por sua presença em todas as regiões do estado, atuando lado a lado com as comunidades, impulsionando o desenvolvimento local e contribuindo para a transformação social por meio de ações que reforçam o vínculo com os territórios onde está inserido.
Mais do que um modelo de negócio, um movimento social
Cooperativas são, por definição, organizações democráticas: os cooperados são donos, têm voz e participam dos resultados. É uma estrutura que redistribui renda, valoriza a identidade regional e reinveste o lucro na própria comunidade, por meio de projetos, capacitações, infraestrutura ou participação social.
Em tempos de crise climática, desafios sociais e instabilidade econômica, o modelo cooperativista representa uma alternativa concreta para quem não quer depender de soluções distantes, mas sim construir, em rede, caminhos viáveis.
— Cooperar é um ato de transformação. Ao investir nas pessoas, investimos no futuro. Quando uma cooperativa chega a uma cidade, ela não leva só serviços financeiros ou soluções comerciais. Ela leva pertencimento, escuta ativa e oportunidade. Dá voz a quem, muitas vezes, está à margem das grandes decisões econômicas — afirma Schneider.
Julho é o mês de celebrar e refletir
No dia 5 de julho, o mundo celebra o Dia Internacional do Cooperativismo. Em Santa Catarina, a data abre espaço para eventos, debates e ações de valorização do movimento, como os promovidos recentemente no programa #CBN Floripa e outras iniciativas de diálogo com a sociedade.
O objetivo é claro: mostrar como o cooperativismo está presente no cotidiano das pessoas, seja no supermercado, no plano de saúde, no crédito, na energia ou na feira da agricultura familiar. É um movimento vivo, em constante expansão — e agora, reconhecido pela ONU como essencial para um futuro mais equilibrado e colaborativo.
Em Santa Catarina, esse futuro já começou. E ele é construído todos os dias, a muitas mãos — por pessoas que escolheram cooperar.
Fonte: Portal NSC Total com adaptações da MundoCoop