As cooperativas de crédito têm papel fundamental no agronegócio de Minas Gerais. Com grande capilaridade no Estado, as entidades ampliam o acesso ao recurso e chegam a municípios que não são atendidos pelo sistema bancário tradicional. Assim, as cooperativas financeiras se consolidaram como os principais operadores de crédito rural em Minas Gerais, repassando 76,07% de todas as operações realizadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no âmbito do Plano Safra 2024/2025. Nos 10 primeiros meses da safra, elas foram responsáveis pelo repasse de R$ 1,9 bilhão em crédito.
Conforme os dados divulgados pelo Sistema Ocemg – formado pela junção do Sindicato e da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) -, entre julho de 2024 e abril de 2025, foram contabilizadas 9.736 operações de crédito rural em Minas Gerais junto ao BNDES, das quais 7.407 foram intermediadas por cooperativas. Ao todo, as organizações repassaram R$ 1,9 bilhão em crédito, especialmente, para pequenos e médios produtores rurais.
“Isso demonstra, na prática, o quanto o cooperativismo de crédito é essencial para viabilizar a produção agropecuária mineira, especialmente em momentos em que o crédito precisa chegar com agilidade, como no início da safra ou em situações de emergência climática”, explicou o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato.
Ainda conforme ele, no que se refere aos setores produtivos, as culturas que mais demandam crédito por meio das cooperativas são o café, o milho e a soja. O café, carro-chefe da agricultura mineira, exige investimentos constantes em qualidade, irrigação, manejo e pós-colheita. O milho e a soja, por sua vez, enfrentam por vezes dificuldades especialmente devido ao clima.
“Com as mudanças climáticas e as oscilações de preço das commodities, o papel das cooperativas se torna ainda mais estratégico. Elas oferecem estabilidade em momentos de incerteza, permitindo que o produtor invista em tecnologia, resiliência e produtividade, mesmo em ciclos econômicos adversos. Assim, o cooperativismo de crédito em Minas vai muito além da simples concessão de crédito: ele é instrumento de inclusão social, modernização da agricultura e desenvolvimento regional”.
Minas Gerais conta com 182 cooperativas financeiras — sendo 179 singulares e 3 centrais, com presença em 80,4% dos municípios do Estado ou em 686 cidades. Vale ressaltar que as cooperativas financeiras são a única instituição financeira presente em 78 municípios mineiros, mostrando, assim, a importância para a inclusão produtiva e bancária.
“Em muitas dessas cidades, sem uma agência bancária sequer, o cooperado consegue contratar crédito, abrir conta, receber orientação financeira e acessar outros serviços. As cooperativas financeiras têm um papel decisivo na interiorização do crédito rural e no fortalecimento da agricultura familiar e empresarial em Minas Gerais. Elas atuam como agentes capilares de financiamento, chegando a localidades onde os bancos tradicionais muitas vezes não têm presença física ou estratégia de atuação”, disse Scucato.
Além do repasse de recursos, as cooperativas também se diferenciam por oferecer serviços personalizados, balizados conforme a necessidade do cooperado. Com isso, conseguem oferecer crédito mais alinhado às necessidades específicas de cada atividade produtiva, com prazos, garantias e taxas mais adequadas. Isso é resultado do modelo cooperativo, que visa o bem coletivo, e não o lucro.
As cooperativas também atuam com educação financeira, capacitação técnica, promoção da governança entre os cooperados, sendo parte ativa do ecossistema de desenvolvimento regional.
As 182 cooperativas financeiras instaladas em Minas Gerais constam com uma estrutura robusta. Ao todo, são 1.600 pontos de atendimento que movimentam R$ 71 bilhões em recursos. As cooperativas do setor empregam 18,4 mil profissionais e possuem 2,7 milhões de cooperados.
“Esse número mostra que o cooperativismo de crédito já não é um segmento de nicho, mas sim um dos principais pilares do sistema financeiro mineiro e nacional”, ressaltou Scucato.
Fonte: Diário do Comércio com adaptações da MundoCoop