Seja em um pequeno empreendimento ou em uma grande empresa, entender as particularidades da gestão é fundamental para a longevidade de um negócio. Através de uma boa gestão, pode-se criar um plano bem estrutura, com foco e objetivos bem definidos.
Para grande parte do mercado, tal cenário já se revela, com a governança tomando a dianteira e tornando-se protagonista de um momento onde todos tentam se adequar aos novos tempos que misturam uma sociedade híbrida com a existência de um plano virtual ao qual damos o nome de metaverso.
Porém, para que cheguemos a tal modernização, é preciso realizar um trabalho de base, investindo na “boa e velha” gestão. E é com esse pensamento que em 2013, foi criado o PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA GESTÃO DAS COOPERATIVAS (PDGC).
Iniciativa, desenvolvimento e resultados
Com o objetivo de promover o autodesenvolvimento da gestão nas cooperativas, o PDGC foi lançado no início da década passada pelo Sistema OCB. Através de um conjunto de práticas, o programa coloca as cooperativas no protagonismo de seu próprio desenvolvimento, dando ferramentas para que o setor aprimore suas práticas de gestão.
Para Débora Ingrisano, gerente de Desenvolvimento de Cooperativas no Sistema OCB, o programa é importante instrumento para a transformação contínua das cooperativas. “O programa PDGC oferece às cooperativas um diagnóstico de alto nível sobre o estágio de maturidade de seus processos e práticas relacionados à governança e à gestão. Esse diagnóstico serve como ponto de partida para desenvolvimento e oferta, pelo Sistema OCB, de soluções voltadas para o aperfeiçoamento dessas questões no âmbito da cooperativa”, afirma.
Contudo, o programa desenvolvido pela OCB não nasceu da noite para o dia, e sua criação foi uma resposta para a necessidade de profissionalização para o aumento da competividade das cooperativas, algo ainda mais essencial quando a PDGC foi lançada. “A criação do PDGC se originou da necessidade de identificar os principais desafios das cooperativas brasileiras rumo a essa profissionalização e assim permitir à própria cooperativa e ao Sistema OCB desenvolver iniciativas específicas para a sua superação”, destaca.
Utilizando-se do Modelo de Excelência em Gestão (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), e adaptado para a realidade das cooperativas, o PDGC foi moldado a partir do MEG com o objetivo de promover o aperfeiçoamento da qualidade da gestão, e incorpora elementos essenciais ao tema na atualidade. Realizado em ciclos, o programa envolve uma série de eventos e workshops promovidos por unidades estaduais da OCB, que realizam a mobilização e a instrução das cooperativas.
Feita a adesão, as cooperativas recebem o acesso à ferramenta de autoavaliação, assim como materiais e instrumentos de apoio para a realização dos processos e avaliação dos processos de gestão e governança. Através dessa metodologia, o programa coloca a busca pela solução nas mãos das próprias cooperativas, promovendo uma importante ação de desenvolvimento das próprias diretorias, incentivando um engajamento por parte das próprias coops. Com o passar dos anos, o programa se desenvolveu e acompanhou o mercado, chegando a novos níveis de análise.
Segundo Fabíola Calazans, analista de Monitoramento e Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB, tal desenvolvimento contínuo da ferramenta é primordial para a assertividade dos resultados obtidos. “O instrumento hoje se encontra em sua terceira edição e deverá ser novamente revisado com base na introdução do nível Excelência. Além disso, todo o material do PDGC é desenvolvido e continuamente melhorado a partir da experiência, reflexões e análises não só de especialistas, mas de diversas lideranças técnicas do sistema OCB e das cooperativas participantes, com atuação em todos os ramos e diferentes regiões do País, que imprimem ao instrumento suas características”, ela afirma.
Em seus quase 10 anos de existência, o PDGC já mostra seus resultados. Inicialmente presente em 542 cooperativas, hoje esse número já chega a 1.094. Tamanha sua importância, hoje a avaliação do PDGC é base do Prêmio SomosCoop de Excelência em Gestão, instrumento que aumenta o nível de engajamento das cooperativas.
Para Calazans, a existência do prêmio é mais um incentivo para a participação das coops, que veem uma validação dos resultados obtidos através dos métodos desenvolvidos nos últimos anos e impulsionam a adesão por parte de novas cooperativas. “O prêmio valoriza e respalda a trajetória das cooperativas que pela adoção de boas práticas de gestão e governança obtêm melhores resultados e se tornam mais profissionais. Por meio dele, o Sistema OCB (Nacional) e OCE (Estadual) e a FNQ acompanham, avaliam e reconhecem a caminhada da cooperativa em busca da excelência”, ressalta.
Seja nas pequenas cooperativas ou nos grandes sistemas, é fato que a PDGC já traz resultados. Segundo a OCB, aquelas que aderiram à propostas viram aumentos em múltiplos aspectos: reservas financeiras 38% maiores; retorno líquido por cooperado Retorno Líquido por Cooperado (RCOOP) com taxa 23% maior; incremento de 40% na margem operacional; incremento de 43% nos resultados à disposição da AGO em relação às que não participam, e um total de ativos 69% superior às cooperativas que não participam.
Tais resultados foram fundamentais para a manutenção da longevidade das cooperativas, principalmente neset cenário pandêmico. “Essa solidez permitiu a essas cooperativas enfrentarem a pandemia com maior conforto e disponibilidades do que aquelas em situação menos consolidada”, Calazans conclui.
Mudança na prática e futuro próspero
Para as 1.094 cooperativas que entraram para o programa da OCB, os resultados do trabalho árduo foram aos poucos aparecendo. Números estes que, assim como em outras ações do setor, impactam não só os rendimentos das cooperativas, mas diretamente na qualidade de vida dos cooperados.
Contudo, o maior resultado vem de fato do ponto de vista da gestão. Para o Comitê do PDGC na Coperil (formado por Alaerte Aronia Miranda Martins, Ester Cristina passos, Ozemar Lopes Gonçalves, Denise Nogueira do rosário e Joiran de Souza Barreto Almeida), a adesão ocorreu a partir de problemas identificados nos processos de governança e gestão da cooperativa. Do ponto de vista da cooperativa, tal adesão representou um grande desafio. “Participar do PDGC, não tem sido um processo fácil, sem dúvida ele é bastante complexo em seu entendimento, mas a cada ano é perceptível a importância e necessidade dele para melhor desempenho da cooperativa, é notório o crescimento da nossa cooperativa desde quando iniciamos a participação”, revelou o comitê.
Sem dúvidas, os percalços durante a adequação e entendimentos aos processos do PDGC foram naturais, assim como em qualquer tipo de reformulação ou adoção de novas práticas. Assim como em outros programas de governança, desafios são colocamos na mesa, de forma a impulsionar a cooperativa a dar novos passos, cenário que torna fundamental a existência de tais iniciativas. “A Coperil analisa que é fundamental conhecer programas que ajudem no desenvolvimento da gestão da cooperativa e após aplicar por exemplo, o PDGC, não aceitamos mais uma gestão sem foco em inovação, negócios, resultados. Como diz o ditado popular, é para a frente que se anda.”, afirma o comitê.
Já para o Sicoob Central BA, a adesão ao PDGC veio para abrir os olhos da cooperativa, de forma a forma novos horizontes e possibilidades para o futuro. “Nosso objetivo era ter uma visão clara do nosso estágio de governança e gestão e podermos evoluir a partir do diagnóstico apresentado por meio de planos de melhorias”, revela o Gerente de Supervisão, Controles Internos e Riscos – GESUP, Carlos Eduardo Correia Leal.
Para o Sicoob, os resultados vieram não apenas em práticas de gestão, mas também em posicionamento na comunidade, com uma elevação das ações junto ao cooperado, algo que resultou em números ainda mais positivos no sistema de avaliação de atendimento às cooperativas filiadas.
Nos próximos meses, ambas as cooperativas traçam um panorama extremamente positivo, que vai de encontro com os números que a OCB traz sobre a participação geral das cooperativas. Tais perspectivas desenham um futuro de gestão eficiente e assertiva, que deve resultar em melhores resultados operacionais e impacto nas comunidades. “Nossa perspectiva é que os objetivos definidos no planejamento estratégico das cooperativas integrantes sejam alcançados de forma a aumentar nossa atuação no Estado, cumprindo com o nosso propósito que é de conectar pessoas para promover justiça financeira e prosperidade”, Leal finaliza.
Prêmio SomosCoop
Utilizando como base os dados coletados através do Programa de Gestão e Desenvolvimento das Cooperativas (PDGC), o Prêmio SomosCoop Excelência em Gestão premia anualmente as cooperativas que se destacam com o seu modelo de gestão e por suas boas práticas.
Em sua edição de 2021, entregue em dezembro, 310 cooperativas concorreram ao prêmio, número que superou em 14% as inscrições do ano anterior. No processo de avaliação, participaram 70 especialistas em gestão e governança da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ).
Além de premiar as melhores cooperativas, a edição 2021 ainda entregou o prêmio Destaque Busca pela Excelência, para cooperativas que não alcançaram a pontuação mínima exigida para a visitação e posterior reconhecimento.
Na ocasião, o destaque ficou com a Unimed-BH, premiada com o reconhecimento de maturidade nível ouro na categoria Rumo à Excelência pela terceira vez consecutiva. Entre os ramos, o crédito levou 49 prêmios para casa, seguido pelo ramo Saúde, com 30 prêmios.
Por Leonardo César – Matéria publicada originalmente na edição 106 da Revista MundoCoop
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