Jacyr Costa Filho, 66 anos, atua profissionalmente como conselheiro de empresas ligadas ao agronegócio e é sócio da consultoria Agroadvice. Ele participa de várias entidades ligadas ao setor agropecuário brasileiro, entre elas, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Nela em 2016, assumiu a presidência do COSAG – Conselho Superior do Agronegócio. Também coordena o Comitê de Agroenergia da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), além de ter participação em outras entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Associação Comercial de São Paulo e a Sociedade Rural Brasileira.
Jacyr conta que o cooperativismo tem ocupado um papel estratégico na economia brasileira, por integrar ao sistema produtivo os pequenos e médios produtores, fornecendo a eles a escala que o mundo globalizado e tecnológico exige. “Por meio deste modelo de organização, os produtores rurais acessam infraestruturas e métodos de produção mais avançados e intensificam seu poder de comercialização. Agregam, sobretudo, valor e ganham escala, bem como produtos e serviços que, individualmente, teriam dificuldade para adquirir”, explica.
Para falar sobre as cooperativas no cenário do agronegócio e como as parcerias podem impulsionar os negócios, a Mundo Coop conversou com ele sobre estes e outros temas.
Confira!
De que maneira as parcerias podem impulsionar e melhorar os negócios das cooperativas?
O avanço das cooperativas agrícolas exige cada vez mais um nível superior de governança. Esse é um fator determinante para a geração de desenvolvimento socioeconômico e ambiental, tanto no campo quanto na cidade. Neste sentido, vale mencionar o trabalho da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), liderada por Marcio de Freitas, que tem priorizado o tema da governança em sua gestão.
Para estimular o cooperativismo impõe-se a disseminação deste modelo de negócio em regiões como o Nordeste e Norte do País. Confere-se, desta forma, dimensão nacional ao cooperativismo, fortalecendo o protagonismo do Brasil na construção da segurança alimentar global e reduzindo o assistencialismo do Estado.
De que forma as cooperativas podem fazer isso? Quais cuidados ter? Vantagens e desvantagens que as parcerias podem gerar?
A capilaridade das cooperativas é de extrema importância para a difusão das melhores práticas ambientais, sociais e de governança. O cooperativismo ocupa uma dianteira estratégica e promove a sustentabilidade nos segmentos pecuário, florestal e de fontes renováveis de energia, além do aproveitamento de resíduos, logística reversa de embalagens, uso racional de insumos e ganho de produtividade.
As 1,2 mil cooperativas existentes no agro brasileiro, segundo dados da OCB, são fundamentais para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental de pequenas e médias propriedades, principalmente aquelas ligadas à agricultura familiar.
Com aproximadamente 1 milhão de produtores rurais, estes empreendimentos, gerando emprego e renda em todo o País, respondem por mais de 50% da safra nacional de grãos. Também se destacam nas cadeias produtivas do trigo (75%), soja (52%), café (55%), leite (46%), milho (53%), algodão (48%) e feijão (43%).
Como manter a parceria coesa e com sucesso? Como fazer com que ela dê certo?
O foco neste empreendimento, como em qualquer outro, é a governança. Disto decorrem vários fatores positivos, um deles é a promoção do desenvolvimento de pequenas e médias empresas do agro, por meio da capacitação profissional e do conhecimento compartilhado entre os associados.
As cooperativas de maior sucesso desenvolvem no cooperado o espírito empreendedor, com base em agregação de valor e desenvolvimento, dentro dos objetivos estratégicos da cooperativa.
Quais são os sinais de que ela não vai bem? O que fazer?
O cooperativismo agrícola é calcado na distribuição equitativa das responsabilidades econômicas entre os seus membros. Os sinais de descaminho obviamente variam de um caso para outro. Não há, necessariamente, um padrão de sinais negativos.
O cooperativismo é diferente de uma reunião de condomínio, por exemplo, em que se entrechocam visões divergentes para a solução de problemas. Há, entre os cooperados, um objetivo comum já definido quando iniciaram a empreitada. Seus resultados financeiros devem estar vinculados ao nível de participação alcançado, ou seja, o comprometimento dos associados com o negócio.
Cabe aos dirigentes incrementarem esta atitude, apontar os riscos previsíveis e propor a melhor forma de enfrentamento. A boa governança é vital para a gestão de uma cooperativa, qualquer que seja o seu porte.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop
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