A educadora financeira Aline Soaper – que está a frente do Instituto Soaper que capacita professores e tem projetos em educação financeira infantil -, ressalta que os jovens precisam ser orientados pelas famílias sobre vantagens e desvantagens do uso de contas bancárias e cartões de crédito
Dados do Banco Central do Brasil, que foram apresentados no último Relatório de Economia Bancária, mostraram um crescimento de 50% no número de contas abertas por jovens entre 15 e 24 anos, na última década. Contas essas que chegaram a um total de 23 milhões. Diante disso, para seguir os avanços da inclusão digital, bancos tradicionais, digitais e fintechs estão atentos ao público infanto-juvenil, oferecendo soluções financeiras mais intuitivas e desburocratizadas. No entanto, a educadora financeira Aline Soaper alerta que adolescentes e jovens precisam ser orientados por suas famílias e responsáveis sobre fraudes disfarçadas de benefícios e vantagens e desvantagens de ter uma conta bancária ou mesmo até mesmo um cartão de crédito. Aline está a frente do Instituto Soaper, que também oferece um curso de pós-graduação para capacitar professores, que dão aulas de educação financeira para crianças. Além disso, o Instituto realiza projetos de educação financeira em escolas.
O Relatório do Banco Central mostra, por exemplo, um aumento de 37,3% no saldo de crédito para a faixa etária menor ou igual a 24 anos. No entanto, essa mesma faixa etária também apresentou aumento na inadimplência. A boa notícia é que uma pesquisa do Serasa Experian indicou que 85% dos pais ensinam a importância de se ter uma vida financeira saudável aos filhos. “O contato com os recursos financeiros começa ainda na infância, mesmo que crianças ainda não entendam sobre o tema. Um dos caminhos para lidar com o dinheiro é investir em educação financeira desde cedo, para que quando eles cheguem à juventude tenham uma vida financeira saudável”, explica Aline Soaper.
A educadora financeira alerta ainda que as famílias precisam orientar os filhos para ficarem atentos aos golpes relacionados a contas bancárias. Isso porque, uma pesquisa da empresa LexisNexis Risk Solutions com base em 5 bilhões de movimentações analisadas em 2022, revelou que as fraudes em transações digitais envolvendo pessoas de 18 a 24 anos foram as que mais cresceram. Nessa faixa etária, houve incremento de 31% no número de fraudes em relação ao ano anterior. “Entre os mais jovens, prevalece uma cultura de exposição excessiva de dados na internet que facilita a ação de fraudadores. Isso porque eles estão tão acostumados com o ambiente digital que acabam não se preocupando com a segurança dos dados”, lamenta Aline Soaper.
Diante disso, a educadora financeira separou algumas dicas para que as famílias fiquem atentas, por exemplo, no que diz respeito ao uso de cartão de crédito pelos jovens, a fim de evitar surpresas. “Acompanhe o extrato de despesas diariamente. Isso garante que o cartão de crédito não está sendo usados indevidamente, tanto pelo adolescente, quanto por possíveis criminosos. E aqui vale explicar ao seu filho as diferenças entre transações financeiras, com funcionam os gastos no cartão, em especial sobre os juros. Ressaltar que crédito no cartão não é uma renda a mais, e sim um valor que o banco empresta a ele”, destaca Soaper.
Outro ponto destacado por Aline Soaper é que os pais devem acompanhar os sites e aplicativos, antes de permitir que os filhos compram pela internet. Os adolescentes e jovens precisam ser orientados a dar preferência a sites com selo de segurança e certificações de segurança. O computador e o aparelho celular devem ser protegidos com antivírus e programas firewall e anti-spam. E não mantenham os dados de cartão salvos em aplicativos ou sites”, explica a educadora financeira.
Por fim, Aline Soaper destaca que na fase infantil, é importante os filhos receberem cédulas e moedas para perceber a finitude do dinheiro. “Ou seja, você deu a mesada, acabou, eles têm que entender a importância de administrar esse dinheiro. E ressalto que a abertura de uma conta bancária, seja num banco digital ou físico, não é sinônimo de educação financeira. Isso porque, para isso deve haver uma participação muito ativa dos pais. Mas isso deve ser tratado de maneira leve, provocando o adolescente, por exemplo, a pensar sobre o dinheiro”, finaliza a educadora financeira.
Fonte: Portal Segs
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