Com um crescimento contínuo nos últimos meses, as cooperativas brasileiras estão a caminho de atingir a meta de R$1 trilhão em faturamento, estabelecida pelo Sistema OCB. Prevista para 2027, o montante deve acontecer antes e reflete o trabalho árduo dos cooperados, mesmo em meio à crise econômica mundial.
Em 2021, a movimentação das 4.880 cooperativas do país foi 26% maior que em 2020 e somou R$ 524,8 bilhões. No ano anterior, o salto havia sido de 34%. A meta de cinco anos, chamada BRC1tri, leva em conta crescimento de cerca de 15% ao ano nos próximos cinco exercícios, abaixo de desempenhos recentes.
“Vivemos uma crise econômica global e tivemos fases importantes de crescimento. Manter esse ritmo é um desafio tremendo”, diz o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, citando o boom de preços das commodities agrícolas nos últimos anos e sua redução em 2023, o que pode ter impacto no segmento que responde por dois terços das receitas, as cooperativas agropecuárias, mesmo com previsão de safra recorde de grãos. Sem fazer novas projeções de prazos, Freitas não exclui a antecipação da meta. “Nem descarto e nem desaprovo, vou torcer e trabalhar muito para ser antes”, comenta.
Crescimento
Atualmente, os cooperados já representam 10% da população brasileira, e a estimativa é que o número já ultrapasse 20 milhões, podendo chegar a 30 milhões nos próximos quatro anos.
Os ativos somam R$ 784,3 bilhões e a geração de empregos formais está próxima da marca de meio milhão, distribuídos em todos os sete ramos do setor. Para Freitas, onde as cooperativas estão presentes, há crescimento. “Mais do que desenvolvimento econômico, elas geram prosperidade no local em que estão instaladas”, afirma.
Representação política
Desempenhando um importante papel na economia brasileira, as cooperativas têm ganhado força na representação política, através de comitês e frentes parlamentares como a Frente Parlamentar pelo Cooperativismo. Hoje, o ramo é representado no Congresso por 326 membros, sendo 285 deputados e 41 senadores. O segmento acompanha cerca de 5.000 projetos de lei e medidas provisórias de seu interesse, alguns bem de perto, e recentemente comemorou a inclusão na reforma tributária do chamado ato cooperativo.
Outros destaques na agenda do setor é a lei de recuperação judicial para as cooperativas que estabelece regras próprias para o movimento. A intenção, de acordo com Clara Pedroso Maffia, gerente de relações institucionais da OCB, é trazer oportunidade de superar eventuais crises de cooperativas com procedimentos legais. “Hoje a única forma é a liquidação, e a mudança vai permitir uma reestruturação, superar a instabilidade e preservar a possibilidade de continuidade do trabalho. Isso protege também o cooperado”, explica.
Plano Safra
Outro aspecto importante das cooperativas está no ramo agro, com 71% dos cooperados fazendo parte da agricultura familiar. Segundo o BC, a carteira de crédito das cooperativas que atuam na área cresceu 22,4% em 2022, para R$ 383 bilhões, e o segmento ampliou sua presença física no país, com 9.122 unidades de atendimento em 55% dos municípios brasileiros.
Marco Aurélio Borges de Almada Abreu, diretor-presidente do Sicoob, avalia que há espaço para mais crescimento, especialmente nas áreas em que a instituição atua – produtores rurais, micro e pequenas empresas e pessoas físicas sem consignação em folha de pagamento. “Estimamos crescimento entre 25% e 30% para 2023 e entendemos que temos boa energia para os próximos cinco anos”, conta. O Sicoob expandiu a carteira de crédito em 170% nos últimos cinco anos.
Outro dado relevante é a participação de mulheres, que representam 40% do total de cooperados – no ramo de consumo elas somam 45% e no de saúde, 46%. Diante dessa diversidade, o presidente da OCB explica a dificuldade em fazer previsões para todo o grupo e acrescenta que a primeira meta nacional é a de faturamento de R$ 1 trilhão. “Me espelhei muito no modelo que o Paraná vem seguindo”, acrescenta, citando os dois planos da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), de atingir faturamento de R$ 100 bilhões até 2020 e, depois, alcançar R$ 200 bilhões. Com os bons resultados dos últimos anos, a meta paranaense foi antecipada em dois anos, de 2025 para 2023, e um novo planejamento está em andamento.
Fonte: Valor Econômico, com adaptação da MundoCoop
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