O cooperativismo brasileiro teve participação ativa na Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, a COP 23, que ocorreu em dezembro nos Emirados Árabes.
A presença de cooperativas, representadas pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em um evento desse porte deixa clara a convergência de valores entre o cooperativismo e a pauta climática. Mais que isso, elas atuam com pioneirismo nesta questão.
A responsabilidade ambiental encontra suporte nos princípios do movimento, que se compromete a atuar de forma sustentável nas comunidades. A adoção de boas práticas faz de algumas cooperativas um farol para o mundo empresarial, até aqui com poucas referências em sustentabilidade.
Durante a conferência, representantes do cooperativismo participaram de quatro painéis, em que apresentaram as soluções brasileiras para uma economia que não ignora o meio ambiente. Entre os cases, estão ações como a adoção de energia limpa, a integração da lavoura à floresta e a manutenção da cobertura verde do solo para reduzir a necessidade de fertilizantes sintéticos.
Uma das cooperativas que representou o movimento na COP 23 foi a Cooperacre, a maior produtora de castanha-do-Brasil beneficiada do país. Ela consegue equilibrar a produção com a manutenção da floresta em pé e com a qualidade de vida das famílias cooperadas. A extração é feita dentro de uma área preservada da Floresta Amazônica e serve como modelo de extrativismo sustentável para a região.
A pauta da sustentabilidade dentro do cooperativismo é mais que uma projeção de futuro, ela se desdobra diariamente em muitas cooperativas – mesmo naquelas cujo escopo não está diretamente conectado à natureza. Na Unicred União, por exemplo, cooperativa de crédito com abrangência em Santa Catarina e no Paraná, toda a energia que abastece as 12 agências catarinenses é limpa.
Esse resultado foi conquistado com a instalação de duas usinas fotovoltaicas no Extremo-Oeste do Estado. A energia gerada pelos painéis solares é encaminhada à rede de distribuição elétrica e, por um sistema de compensação, é convertida em créditos para alimentar as agências que estão concentradas no Norte e no Litoral de Santa Catarina.
Esse não é um movimento fruto do acaso. A cooperativa direciona esforços para que a sustentabilidade também oriente as estratégias do negócio.
A Unicred União é uma das pioneiras ao implantar em uma cooperativa de crédito um Comitê ESG (Environmental, Social and Governance) – que se dedica a formular uma pauta de responsabilidade ambiental, social e de governança transparente.
Percebo que o cooperativismo tem um papel-chave ao assumir um fato que boa parte do mundo empresarial ainda tem adiado: atuar com ética também envolve o compromisso ambiental. E o que hoje parece uma escolha deverá se tornar imprescindível em pouco tempo.
Nenhuma empresa está desconectada do ambiente em que atua. Uma estrutura madura e coerente precisa responsabilizar-se pelo impacto que gera na qualidade do solo, do ar, da água e no equilíbrio da vida no planeta.
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