O presidente da Cooperativa Coopavel, Dilvo Grolli, participou, na tarde dessa terça-feira-feira (11/02), do Fórum dos Profissionais de Tecnologia da Informação (TI) das Cooperativas Paranaenses, que está sendo realizado pelo Sistema Ocepar, dentro do Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR). Grolli passou um recado para os profissionais: “Vocês têm a missão de tornar as cooperativas menos burocráticas, mais leves e unidas”. O evento, que começou na manhã dessa terça-feira e prossegue nesta quarta-feira (12/02), está reunindo cerca de 130 profissionais de TI das cooperativas paranaenses.
“O Fórum encurta caminho para as cooperativas. Erros e acertos são compartilhados entre os profissionais de TI. Esse valor não existe fora do cooperativismo’’, destacou o organizador do encontro, Plácido da Silva Junior, coordenador de Tecnologia da Informação do Sistema Ocepar. O superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti, falou sobre a relevância dos profissionais para o setor, especialmente no desafio de “prover as cooperativas de sistemas robustos de transparência e segurança da informação”. Mafioletti e Grolli participaram da programação do Fórum dos Profissionais de TI, falando no painel internacional Desafios e Tendências do Cooperativismo na América do Sul. O painel teve também as participações de Romeu Holzbach, presidente da Cooperativa Pindó, do Paraguai, e Edgardo Grünfeld, da Federação das Cooperativas Federadas (Fecofe), da Argentina.
Para Holzbach, o trabalho da área de TI é importantíssimo e contribui com o setor cooperativista especialmente no desafio de atrair a juventude. Grünfeld destacou que na Argentina há muita oferta de tecnologia e de inovação. Porém, o acesso é muito pequeno devido à falta de crédito. “Temos que melhorar o acesso a tecnologias voltadas ao maior desempenho da atividade e agregação de valor à produção”, defendeu.
Cooperativismo na América do Sul
Na discussão sobre os desafios do cooperativismo na América Latina, o argentino Edgardo Grünfeld falou sobre a apreensão em seu país em relação ao início do governo de Javier Milei, especialmente no que diz respeito aos efeitos sobre o câmbio. “O setor produtivo está muito preocupado”, declarou. Segundo ele, há uma demanda por uma política diferenciada de crédito e há uma preocupação em relação à ameaça a instituições de pesquisa, que podem ter seus orçamentos reduzidos. “Sob a argumentação de redução de gastos, o interior e o setor produtivo podem ser altamente impactados”, advertiu.
Sobre as relações com os países vizinhos, Grünfeld falou da necessidade de se pensar na agricultura do Cone Sul como parte de um mesmo território, imaginando que é possível ter um futuro de desenvolvimento que possa contemplar a todos. “Há uma desintegração do Mercosul, que preocupa”, observou. Romeu Holzbach informou que a participação das cooperativas na economia de seu país é relevante. O setor responde por 17% da produção de grãos e por 90% da produção de leite.
Dilvo Grolli disse que o tema do painel o remeteu ao passado, lembrando da formalização do acordo do Mercosul. “O acordo atendeu as grandes montadoras do setor automotivo, mas os países do bloco são produtores agrícolas e pecuários e não fomos ouvidos. Fomos ausentes naquele acordo e agora estamos começando a nos despertar”, disse Grolli, referindo-se às lideranças do agronegócio. “Se nós, da agricultura, não trouxermos essa discussão para as nossas associações, continuarem dominados pela indústria de automóveis”, alertou.
O presidente da Coopavel falou também das similaridades entre os países do Mercosul, citando como exemplo principalmente a elevada carga tributária. Sobre esse aspecto, o superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti, lembrou dos avanços que o cooperativismo brasileiro teve na Reforma Tributária, com o reconhecimento do ato cooperativo. Ele falou também da evolução do setor cooperativista paranaense, que cresceu muito nas últimas décadas. “Temos muita coisa boa, muita evolução tecnológica que podemos ver aqui no Show Rural. Outro exemplo são as cooperativas de crédito que, há 40 anos, não existiam”, observou. Mafioletti reconhece que o setor ainda enfrenta problemas, com tributos altos e as elevadas taxas do crédito rural. “Mesmo assim, as cooperativas estão planejando investimentos”, informou.
Inteligência Artificial
Na manhã dessa terça-feira (11/02), os profissionais de TI assistiram à palestra sobre Inteligência Artificial no Cooperativismo, com o professor Marcelo Peruzzo, especialista em Neurociência e Neuromarketing. Ele desmistificou o tema e chamou a atenção para as limitações da Inteligência Artificial. “Se você quer vender, você tem que conhecer o perfil do comprador, tem que criar conexão emocional, estabelecer relacionamento e a Inteligência Artificial não faz isso. Se você pula a experiência, você não tem uma ideia, tem uma alucinação”, observou. “Passamos 150 mil anos melhorando o nosso cérebro e agora corremos o risco de regredir. Chegamos na evolução máxima do ser humano e agora? Vamos regredir?” questionou.
Para Peruzzo, é preciso ter consciência de que a IA não vai resolver todos os problemas. “É mais uma ferramenta”, disse, acrescentando que é muito importante pensar na Inteligência Artificial Vertical, que se aplica a nichos específicos e não como soluções genéricas. “O profissional de TI é estratégico e não operacional. Ele pode usar a Inteligência Artificial para contribuir com os negócios das cooperativas. Mas há também riscos, como a exposição de dados e informações aos concorrentes. “É importante manter a privacidade do negócio”, reforçou Peruzzo.
Fonte: Sistema Ocepar