Desde o início de agosto, o percentual de biodiesel misturado ao diesel de petróleo no Brasil passou para 15%. Nesse cenário, o óleo de mamona ganha destaque como uma das principais fontes de biodiesel no país, que busca reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A expectativa é de um aumento significativo na produção da oleaginosa, de alto valor agregado e que exige pouca água, já a partir deste ano.
Em Alagoas, um projeto desenvolvido pela Cooperativa Agropecuária e Industrial de Arapiraca Ltda. (Capial), no Sítio Lagoa Cavada, em Arapiraca, incentiva o cultivo da mamona entre produtores rurais. A iniciativa trabalha o plantio em consórcio com outras lavouras, como o feijão, semeado em meio a fileiras de mamona com espaçamento de quatro metros. No estado, a oleaginosa havia perdido espaço nos primeiros anos da década de 2000.
A Capial, por meio do Programa Social do Biodiesel, está fazendo esses experimentos. “Estamos reeditando o projeto da mamona, que agora é cultivada em consórcio com feijão, amendoim, gergelim e girassol. O objetivo é mostrar ao agricultor familiar que vale a pena acreditar na cultura e plantar. A mamona tem mercado, assim como as demais lavouras”, afirmou Francisco Souza Irmão — o Chico da Capial —, presidente da cooperativa. Ele lembrou que Arapiraca é grande consumidora da torta de mamona, usada como adubo. “Por ano, na cultura fumageira da região, são consumidas mais de 20 milhões de toneladas. Somos um grande consumidor e não plantamos nada”, reforçou.

Segundo ele, para que a cultura volte a crescer em Alagoas é necessário incentivo do poder público, em níveis estadual e municipal. “Esse apoio pode transformar Alagoas em grande produtor, além de ampliar a produção alimentícia por meio do plantio consorciado”, destacou.
Chico explica que, com apenas 75 dias, os pés de mamona já apresentam frutos, podendo ser colhidos a partir dos 140 dias. “Ela produz o ano inteiro, e um pé pode ser explorado por até três anos. Um agricultor pode colher até 50 sacos de grãos por hectare. Nossos técnicos estão em campo, orientando os agricultores sobre o cultivo correto”, disse. Ele ressaltou que quem planta apenas feijão, após a colheita, poderia ter a mamona produzindo no mesmo terreno durante todo o ano.
Na Bahia, maior produtora de mamona do Brasil, um saco chegou a ser comercializado a R$ 400. “É muito dinheiro. Uma renda extra para o agricultor, principalmente do Sertão, que logo no primeiro ano já terá produção para vender. Nesta área experimental de 10 hectares, em consórcio com outras culturas, esperamos obter de 50 a 70 sacos de mamona por hectare. E, no feijão de arranca, até 30 sacos por hectare. Em anos anteriores, com incentivo do governo, chegamos a plantar mais de cinco mil hectares em Alagoas, mas a seca impediu a colheita. Agora, temos mercado garantido, com a produção comprada pela Bahia. A Capial, em parceria com a Unicafes-AL, está incentivando novamente o cultivo. No próximo ano, parte das sementes desta área será doada a agricultores interessados em plantar mamona em Alagoas, com a garantia de compra pela Capial”, finalizou.
Fonte: Gazeta de Alagoas com adaptações da MundoCoop