Intercooperação é o tema da vez há um bom tempo e um dos princípios fundamentais do cooperativismo. Participo de muitos eventos voltados para este segmento e tenho visto o conceito sendo cada vez mais reforçado. E não é difícil entender o porquê, considerando as enormes vantagens para os envolvidos neste ecossistema.
Em tempos de grandes avanços tecnológicos, a concorrência aumenta em todos os segmentos, incluindo o de cooperativas. Dados do Banco Central apontam que mais de 57% dos municípios brasileiros já contam com cooperativas de crédito, e o número de cooperados já passa de 21 milhões em 2025. E a pergunta que fica é: como crescer nesse cenário? É preciso otimizar.
Intercooperar é uma estratégia eficaz para utilizar melhor os recursos e ampliar as possibilidades de crescimento conjunto. Podemos utilizar como exemplo o que acontece nos Estados Unidos, onde algumas cooperativas compartilham agências e ATMs pelo país. Dessa forma, elas extinguem a necessidade de que cada sistema cooperativo possua seus próprios caixas, reduzindo significativamente os custos dessa operação. É uma forma de criar liberdade para realocar recursos em outras áreas de maior necessidade para a cooperativa e para os cooperados, sem perder competitividade.
Com o crescimento dos modelos multibancos, essa tendência deve se fortalecer ainda mais ao longo dos próximos anos. Aqui no Brasil, esse cenário já é realidade e tem provado que funciona. Recentemente, a Tecban fechou uma parceria com o Banrisul para a gestão de autoatendimento e modernização da rede de caixas eletrônicos do banco.
O acordo prevê a instalação de equipamentos com interface do Banco24Horas, que conecta o usuário a mais de 150 instituições financeiras e, ao mesmo tempo, traz a identidade visual do Banrisul. Ou seja, mesmo dentro de uma agência Banrisul, o cliente de outra instituição financeira poderá utilizar os serviços disponibilizados no Banco24Horas e, tudo isso, sob a gestão e responsabilidade da Tecban, que é a especialista nesta operação. O banco gaúcho ganha eficiência operacional e caixas eletrônicos de última tecnologia podendo focar seus esforços em seu core business, atendendo não apenas o seu cliente, mas todos os gaúchos e clientes de outras instituições, gerando valor para a instituição e para a sociedade.
Podemos pensar nesse exemplo como um modelo personalizável de intercooperação entre instituições que pode ser adaptado para as cooperativas. É uma forma de pensar a atuação das empresas como especialistas, cada uma em sua área e com os seus objetivos de negócio, mas cooperando para o funcionamento de um sistema que beneficia a todas elas, o ecossistema financeiro e a sociedade.
Não só temos caminhado para esse cenário, como já estamos vivenciando isso. E a tendência é de que cada vez mais as agências sejam multibancos e o sistema seja estrategicamente intercooperado para o crescimento conjunto.
Por Marcelo Mafra, Executivo de negócios e relacionamento da Tecban