Mais conhecidas como cooptechs, elas são startups que utilizam inovação tecnológica para melhorar, modernizar, além de otimizar processos das cooperativas. Essas organizações combinam tecnologias aos valores de cooperação, democracia e a participação igualitária.
Atualmente existem diversos tipos de cooptechs, desde crédito, agro, saúde, entre outros. Elas aumentam a eficiência, reduzem os custos, melhoram a capacidade dos membros e empresas dentro desses ecossistemas.
A MundoCoop conversou sobre o tema com Fabiano Nagamatsu, CEO da Osten Moove, que contou sobre as vantagens e as tendências desse modelo de organização.
Confira!
O que as cooptechs oferecem de novo ao cooperativismo?
As cooptechs trazem de novo para esse sistema de cooperativa basicamente o uso de dados e análises avançadas, como a big data, BI, a inteligência artificial. Essas ferramentas ajudam na tomada de decisões mais assertivas, com governança e transparência.
Elas também podem usar o DAO, que é uma blockchain descentralizada e anônima, onde as pessoas têm o poder de votação de acordo com o seu engajamento. Essas startups contribuem com as ações de ESG, sustentabilidade, governança e social, principalmente no setor da educação e da capacitação digital.
No caso das plataformas de educação são voltadas para a melhoria e incluem automação e sistemas avançados, com eficiência e a redução da burocracia.
Quais são as suas vantagens e os desafios?
As vantagens são a segurança, a privacidade de dados, a integração tecnológica, e adaptação à cultura organizacional, entre outros fatores. O grande desafio é a adaptação cultural e organizacional, além da educação e da capacitação dos colaboradores.
No que se diferenciam das demais cooperativas?
As cooptechs se diferenciam bastante porque tem um foco na inovação tecnológica, ela implementa soluções para otimizar o operacional e os processos. Fora isso, o modelo de cooptech é o mais disruptivo, visual e dinâmico do mercado.
Tudo acontece no digital, como por exemplo, assembleias realizadas por meio da DAO, que é uma blockchain descentralizada e anônima. O poder de escala delas é maior do que em uma cooperativa tradicional.
Quais cuidados elas devem ter nos negócios?
Um dos cuidados é respeitar a cultura cooperativista, seus valores de democracia, igualdade e em trabalhar a questão da cooperação. Outro cuidado também é a educação e a capacitação dos cooperados e colaboradores.
É essencial desenvolver uma comunicação clara, transparente e interativa. A cooptech precisa garantir a segurança dos dados, porque a tecnologia pode falhar. Por isso é necessário ter um suporte contínuo.
Quais estratégias elas devem desenvolver?
Um dos pontos fundamentais é elaborar um planejamento e o diagnóstico das suas necessidades. Nós temos que ir aos poucos, porque o processo é paralelo à implementação de tecnologias em empresas mais tradicionais ou cooperativas.
Os processos devem ser implementados de acordo com a necessidade e o engajamento de cada participante. É fundamental analisar a questão do diagnóstico, objetivos, metas, e uma cultura de inovação.
A cooperativa deve contratar lideranças de gestão de mudanças, manter o engajamento dos profissionais, estimular a participação ativa, comunicação transparente e implementar tecnologias. Não podemos nos esquecer de fazer os experimentos e as interações. É necessário fazer os pilotos, as POCs (prova de conceito), os testes, ter os feedbacks, as ferramentas de segurança, governança, dados e análise.
Quais são as suas importâncias para o universo do cooperativismo?
O papel fundamental das cooptechs é melhorar o processo operacional, otimizar as ações, dar eficiência ao trabalho, melhorar na tomada de decisão, ter mais competitividade em relação ao mercado e gerar engajamento.
Também trazer a cultura de inovação e crescimento sustentável, entrando nas políticas de ESG e ampliando os serviços. Se tivermos mais eficiência digital e tecnológica, conseguiremos pensar em novos produtos.
Quais são as suas tendências?
Em termos de tecnologia, hoje o que podemos utilizar dentro das cooptechs, é a IA para aprendizado de máquina, tomada de decisões e otimizar processos administrativos. Outra tendência é o Blockchain para contratos inteligentes, com poder de votação de acordo com o engajamento de cada membro.
Também temos a opção do AioT para monitoramento em tempo real de algumas cooperativas. Ela pode ser usada na produção, manufatura, gerenciamento de recursos tecnológicos ou até mesmo na logística de matérias primas.
Análise de dados avançados com big data e BI, usados para os cruzamentos e análises de comportamentos dos membros. Isso pode servir para oferecer novos serviços aos cooperados.
A realidade virtual e aumentada pode auxiliar no treinamento e na capacitação dos associados e cooperados. Além de soluções mais sustentáveis em eficiência energética como placas solares, fotovoltaicas e eólicas.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop