Desde 2018, a Fundação Sicredi tem estruturado a sua atuação sustentável com bases sólidas, por meio de uma gestão e governança baseadas nas melhores práticas, e conectadas aos ciclos estratégicos do negócio.
Esse processo tem sido fundamental para o desenvolvimento de uma visão corporativa sobre sustentabilidade. Alguns dos desafios da organização é criar uma área e um time, dedicados exclusivamente ao tema. Atualmente, o setor conta com oito pessoas na gerência de sustentabilidade, além dos parceiros e de mais 100 cooperativas do Sistema. A organização considera as questões de ESG conectadas com o modelo de negócio cooperativo.
A cooperativa de crédito é uma entidade social, que busca, por meio da geração de valor econômico, contribuir para a prosperidade de seus membros e da sociedade na qual está inserida.
A MundoCoop conversou com Isaura Schmidt Morel, Gerente de Sustentabilidade do Sicredi Cooperativa do futuro, que se dedica há 15 anos ao tema sobre o futuro da sustentabilidade nas cooperativas e a sua importância.
Confira!
De que maneira a cooperativa foca o tema e o que tem realizado na prática sobre o tema?
O Sicredi tem uma estratégia de sustentabilidade organizada em três direcionadores e 12 temas focais. Os pilares são: Relacionamento e Cooperativismo, que diz respeito ao fortalecimento do nosso modelo de negócio de maneira sustentável; Soluções Responsáveis, se refere à forma como operamos e gerando valor para as partes interessadas; e Desenvolvimento Local são as transformações positivas geradas a partir da nossa atuação.
Como engajar o cooperado, associados e os colaboradores nas ações de ESG e de sustentabilidade?
Contamos com uma trilha educativa de Sustentabilidade, que oferece cursos, materiais, podcasts e talks. Além disso, temos o “Sicredi na Comunidade”, que é uma plataforma on-line de cursos gratuitos e acessíveis aos associados e à comunidade. Nele é possível encontrar conteúdos sobre educação financeira, empreendedorismo, desenvolvimento pessoal, e sustentabilidade.
Também desenvolvemos uma governança de sustentabilidade nos três níveis do Sistema (cooperativas, centrais e Centro Administrativo), através do qual nos alinhamos em relação às prioridades sistêmicas de sustentabilidade. Os Comitês de Sustentabilidade são importantes fóruns de alinhamentos para as nossas lideranças no que se refere ao tema. Em 2023 contávamos com 86 comitês implantados.
Além disso, temos as assembleias das cooperativas, que dentro do seu âmbito de atuação, ajudam a levar informação e prestação de contas a respeito da atuação da organização, inclusive relativa às pautas de sustentabilidade.
Quanto tem sido investido nos projetos desse setor? Quais os retornos têm tido?
Nos últimos dois anos, fomos responsáveis por 62% das ações da Semana Nacional de Educação Financeira, alcançando mais de 21 milhões de pessoas. Diante disso, estamos evoluindo a conexão com a jornada de produtos e serviços de modo a assessorar nossos associados conforme seu momento de vida, sempre com a perspectiva de ajudá-lo em uma vida financeira mais sustentável.
Passamos a contar com um indicador de Benefício Econômico Total, obtido junto aos associados das cooperativas de crédito, conforme metodologia disponibilizada pelo Bacen. O dado é composto pela soma dos benefícios relacionados às taxas de crédito, de depósitos, e à distribuição de resultados junto do valor revertido ao associado/comunidade via FATES. Com base nessas informações, chegamos ao valor de R$3.119,78 em retorno médio por associado em 2023.
Estamos sempre buscando o desenvolvimento econômico de forma conectada à busca por soluções sustentáveis, então ano após ano, aumentamos a alocação de recursos para a Economia Verde. Em 2023, fechamos com um montante de mais de R$51 bilhões em crédito, sendo R$5,8 bilhões em energia renovável.
Promovemos o impacto positivo nas comunidades onde atuamos, investindo mais de R$390 milhões em ações educacionais e sociais alinhadas aos princípios do cooperativismo. Temos também uma importante iniciativa, o Movimento de Voluntariado contou com 67.716 voluntários, que promoveram 3.784 ações beneficiando 683.577 pessoas em 1.294 municípios.
Outro destaque são nossos programas de educação, que em 2023 obteve mais de 500 mil crianças e adolescentes participantes em 3 mil escolas e quase 45 mil educadores capacitados.
Como nasceu o estudo “O Futuro do Cooperativismo”?
O estudo foi uma iniciativa do nosso Lab de Futuros, em parceria com a Box 1824, por meio da Futures Unit. O objetivo é levantar tendências e desafios que vão moldar o mundo e a sociedade nos próximos anos.
A pesquisa apresenta três catalisadores que impactarão cada vez mais a sociedade, e estão relacionados às dimensões ESG, pois dizem respeito a fatores sociais, ambientais e econômicos. Entre eles estão o espírito coletivo e as conexões em rede; as emergências do planeta, finanças e bem-estar.
A necessidade por experiências saudáveis será cada vez mais objeto de atenção em uma sociedade como a brasileira, em que a expectativa de vida tende a crescer. Ter essa perspectiva é importante para identificar o potencial de iniciativas voltadas à economia regenerativa, ao desenvolvimento de cidades inteligentes, democratização de acesso ao sistema financeiro, entre outras oportunidades.
Como será a cooperativa do futuro e o que vocês têm feito para chegar lá?
Conforme o estudo “O Futuro do Cooperativismo”, a cooperativa do futuro é sustentável, humana e digital. A pesquisa conceitua o neocooperativismo como uma evolução do cooperativismo tradicional, ou seja, alicerçado nos valores cooperativos históricos com alternativas mais justas e sustentáveis para as demandas sociais e econômicas da humanidade.
Dessa forma, as cooperativas, que desde o seu surgimento, tiveram um papel de protagonismo na promoção de benefícios econômicos e sociais para seus associados e comunidades, têm agora um espaço para sedimentar a sua relevância frente a um contexto planetário. O caminho para o desenvolvimento sustentável será aquele em que alcançarmos a geração de valor econômico, com justiça social e regeneração ambiental.
Qual é o papel das cooperativas de crédito nos temas de ESG e na sustentabilidade?
A Agenda 2030 das Nações Unidas, composta pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), é um grande chamado para que as empresas e sociedade somem esforços para os desafios globais que temos enquanto humanidade. Para as cooperativas de crédito, assim como as empresas de qualquer setor, estar conectado a esse tipo de agenda é reconhecer que temos um papel importante a desempenhar na sociedade. Mas, para as cooperativas de crédito, significa também honrar seus princípios e valores, e cumprir com seu propósito de forma genuína.
O Sicredi é membro do Pacto Global da ONU de 2020, assumindo o compromisso de cumprir os Dez Princípios e contribuir para o alcance da Agenda 2030, dos 17 ODS. Nós reportamos nossa evolução na agenda por meio do Relatório de Sustentabilidade, onde é possível verificar como os ODS estão conectados à estratégia e atuação.
A busca pela sustentabilidade nos negócios e na sociedade é um caminho sem volta, e como sistema cooperativo de crédito temos a consciência de que esta agenda é coletiva.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop