O mercado acompanha rapidamente o avanço da tecnologia e toda mudança também conduz alterações culturais e de comportamento. À medida que o cenário empresarial evolui, a função de cada cargo passa por uma transformação significativa, tornando a governança corporativa um elemento ainda mais vital para as organizações modernas.
Houve um tempo em que o conselheiro era visto como um observador, um membro com papel mais cerimonial do que prático. Era comum encontrar conselheiros cuja influência real na tomada de decisões era limitada. No entanto, a necessidade de acompanhamento da rápida evolução do mercado exigiu adequação das reuniões corporativas, reformulando fundamentalmente a função desse protagonista empresarial.
Existem alguns tipos de conselho, a depender da estrutura e maturidade da organização. Sem definir grau de importância, cabe citar primeiramente o conselho administrativo, que atua no acompanhamento da estratégia da empresa e de como ela é executada pelo C-level, composto pelos diretores executivos e representado pelo CEO, o Chief Executive Officer.
O conselheiro moderno é um catalisador da inovação. Ele não apenas oferece conselhos, mas também desafia as convenções, impulsionando a companhia para novos horizontes. Sua voz é agora uma das mais ouvidas nas discussões estratégicas, pois oferece uma perspectiva holística e informada, que ultrapassa os limites departamentais.
Para maior adequação das regras de compliance e transparência financeira, contábil e fiscal, o conselho fiscal também é implementado para acompanhar o correto andamento da empresa. Acontecimentos recentes com gigantes do varejo que apresentaram inconsistências financeiras reforçam sua necessidade para acompanhar de perto o balanço da corporação. Fora do Brasil, inconsistências fiscais marcaram os últimos anos de organizações consolidadas no mercado, com uma sequência de falhas que seriam evitadas ou reprimidas com um conselho fiscal bem elaborado, moderno e transparente.
Empresas mais maduras possuem também uma estrutura de conselho consultivo, sem papel deliberativo, mas muito importante para guiar e orientar os tomadores de decisões da companhia. Em um mundo empresarial cada vez mais dinâmico, o conselheiro moderno é farol de sabedoria e de mudanças revolucionárias.
Com essas necessidades, está cada vez mais comum a existência de conselheiros jovens dentro de cada área mencionada. A chamada geração Under 30 tem grande capacidade de se adaptar e entender rapidamente as mudanças de tendências, comportamentos, mercado e tecnologias. Os jovens valorizam a inovação como motor de crescimento e progresso, com visão holística e estratégica, enxergando a empresa como um todo. Essa característica torna os conselhos mais práticos, de validação rápida e eficaz, com grande capacidade de antecipar as consequências de suas recomendações em vários níveis da organização, sabendo respeitar toda diferença dentro da governança, como idade, gênero ou origem dos demais conselheiros e executivos.
Essa evolução está fortemente enraizada na necessidade de uma governança sólida. Com o aumento da complexidade dos negócios e a crescente demanda por transparência, sua presença é um escudo protetor para as empresas contra riscos desnecessários. A responsabilidade agora é uma de suas bandeiras, garantindo não apenas a lucratividade em curto prazo, mas também a sustentabilidade em longo prazo.
A capacidade de se adaptar e comunicar a estratégia de maneira clara e eficaz com as diferentes partes interessadas, internas e externas à empresa, é uma exigência atual. A valorização das diferentes visões e a colaboração se tornou alicerce de relacionamentos sólidos baseados na confiança e no respeito mútuo, essenciais para qualquer organização séria e madura.
*Rafael Kenji Hamada é CEO da FHE Ventures
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