O relatório de 2025 do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre Cooperativas no Desenvolvimento Social ( A/80/168 ) estabelece uma série de recomendações de políticas para os Estados-Membros fortalecerem o papel das cooperativas na obtenção de crescimento sustentável e no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O presidente do ICA, Ariel Guarco, acolheu o relatório:
Como aponta o Relatório do Secretário-Geral da ONU sobre Cooperativas no Desenvolvimento Social, vivemos em um mundo cada vez mais polarizado, impactado pelo fracasso institucional. Nesse contexto, o relatório destaca, com razão, as cooperativas como um ativo estratégico. Acolhemos as recomendações do relatório para apoiar o crescimento sustentável e o desenvolvimento das cooperativas e aguardamos com expectativa o lançamento do Manifesto e Plano de Compromisso do Círculo de Liderança de Cooperativas e Mútuas (CM50), da Estratégia 2026-2030 da ACI e da edição de 2025 do Monitor Cooperativo Mundial na Cúpula Social Mundial em Doha, Catar, em novembro próximo”, afirmou.
O relatório destaca a urgência de ação, visto que apenas 20% das metas mensuráveis dos ODS estão atualmente em andamento para 2030. Também descreve como as cooperativas contribuem para a erradicação da pobreza, a oferta de trabalho decente e a reconstrução da coesão e da confiança social. Exemplos citados no relatório incluem: cooperativas sociais na Itália, que criam empregos inclusivos para pessoas desfavorecidas; cooperativas de povos indígenas nas Américas; projetos cooperativos liderados por jovens na África; e cooperativas que apoiam idosos na região da Ásia-Pacífico.
Sendo 2025 o Ano Internacional das Cooperativas (AIQ), o relatório também destaca algumas das principais iniciativas e uma série de atividades nacionais e regionais que aumentaram a conscientização pública e política sobre o modelo cooperativo. Para dar continuidade ao impulso do AIQ e ampliar a contribuição cooperativa para o desenvolvimento social, o Secretário-Geral da ONU apela aos governos para que adotem diversas recomendações, incluindo:
- Rever e reformar as leis cooperativas, garantindo sua autonomia, tributação justa e acesso ao capital para as cooperativas;
- Integrar as cooperativas nos planos nacionais de desenvolvimento, reconhecendo-as como intervenientes-chave na concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e dos resultados da Cimeira Social Mundial;
- Fornecer apoio orçamentário direcionado para ampliar a capacidade das cooperativas e incluí-las em estratégias setoriais (por exemplo, agricultura, saúde, educação e emprego), em particular aquelas lideradas por populações marginalizadas, incluindo mulheres, jovens, povos indígenas e pessoas com deficiência;
- Colaborar com organismos internacionais, incluindo o Comitê para a Promoção e Avanço das Cooperativas e outras organizações especializadas que promovem cooperativas, para mapear o ecossistema cooperativo e desenvolver indicadores robustos para monitorar seu impacto social, econômico e ambiental;
- Apoiar o treinamento de cooperativas, o desenvolvimento de liderança, a inovação digital e o acesso ao mercado para aumentar o impacto econômico e social das cooperativas para reduzir a pobreza, criar trabalho decente e promover a justiça social e a inclusão na sociedade.
O relatório conclui enfatizando “o papel transformador que as cooperativas podem desempenhar no apoio aos países para que alcancem os Objetivos, ao mesmo tempo em que apoiam os resultados da Cúpula Social Mundial”. Isso representa uma poderosa reafirmação dos compromissos assumidos na primeira Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social, realizada em Copenhague em 1995, onde as cooperativas foram explicitamente reconhecidas na Declaração Política de Copenhague como instrumentos vitais para a erradicação da pobreza, a geração de empregos e a integração social.
O relatório também elogia o trabalho de organizações internacionais, incluindo o Comitê das Nações Unidas para a Promoção e o Avanço das Cooperativas (COPAC), que está promovendo estatísticas cooperativas, pesquisas e capacitação, e o CM50, uma iniciativa da Aliança Cooperativa Internacional, que está preparando compromissos concretos para a Cúpula Social Mundial, reforçando o papel do setor no enfrentamento dos desafios globais.
O que vem a seguir?
A ONU há muito considera o movimento cooperativo um parceiro fundamental no avanço do desenvolvimento social e as cooperativas como empreendimentos muito adequados para acelerar a consecução dos ODS. A Assembleia Geral da ONU adota resoluções sobre cooperativas no desenvolvimento social desde a década de 1950, e o faz sistematicamente a cada dois anos desde 1992.
Como acompanhamento, o Secretário-Geral submeterá este relatório à consideração da Assembleia Geral, com vistas à adoção, pelos Estados-Membros, de uma resolução que convoque os governos e parceiros de desenvolvimento a implementar as recomendações do relatório e a fortalecer as cooperativas para que alcancem todo o seu potencial rumo ao desenvolvimento inclusivo e sustentável. Governos e parceiros são incentivados a utilizar o relatório como um roteiro para compromissos concretos e com prazo determinado antes da Cúpula Social Mundial.
A ACI mobilizará seus membros para traduzir as recomendações do relatório em propostas de políticas viáveis e programas de capacitação para engajar seus governos e parceiros de desenvolvimento, a fim de apoiar a defesa nacional da adoção e implementação das medidas do relatório.
Fonte: Aliança INternacional das Cooperativas com adaptações da MundoCoop