Fundada em 2004, a Cooperativa Paranaense de Turismo e Conhecimento (Cooptur) nasceu de um projeto pioneiro no Brasil: o Turismo Rural Cooperativo, fruto de um convênio entre o Ministério do Esporte e Turismo e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). O Paraná foi o primeiro estado a criar uma cooperativa voltada exclusivamente ao turismo, consolidando a Cooptur como referência nacional desde sua origem.
Com sede em Ponta Grossa, a cooperativa se estruturou como uma operadora de turismo diferenciada, oferecendo roteiros exclusivos criados pelos próprios associados. Cada viagem é pensada para proporcionar experiências únicas, unindo cultura, lazer e aprendizado, sempre com o objetivo de promover uma imersão autêntica nos destinos visitados. A Cooptur integra o ramo Trabalho do cooperativismo.
Roteiros personalizados
Além dos roteiros de lazer e das viagens personalizadas, a Cooptur se destaca também no campo do conhecimento. A cooperativa desenvolve treinamentos, palestras, imersões e workshops sobre temas como cooperativismo, liderança, gestão, sustentabilidade, comunicação e criatividade. Essa frente nasceu durante a pandemia de Covid-19, quando a impossibilidade de viajar levou a cooperativa a criar novos produtos para manter sua atuação.
“Durante a pandemia, tivemos que nos reinventar. Foi nesse momento que criamos o Gincoop, a Gincana do Cooperativismo no formato online, em parceria com o Sescoop/PR. Esse projeto não apenas manteve a cooperativa viva em um período crítico, como também abriu caminho para um novo núcleo de atuação, com a entrada de novos cooperados e o desenvolvimento de novos produtos de conhecimento”, lembra o presidente da Cooptur, Dick de Geus.
A aposta deu certo. A Gincoop rendeu à cooperativa o Troféu de Prata do Prêmio SomosCoop, promovido pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), na categoria Difusão e Comunicação do Cooperativismo, concorrendo com mais de 600 cases de todo o Brasil.
Novas ações
Com 20 anos completados em 2024, a Cooptur segue expandindo sua atuação. Além de manter roteiros de lazer e técnicos no Paraná e no Brasil, a cooperativa está à frente do Plano Nacional de Turismo Cooperativo, desenvolvido em parceria com a OCB Nacional. O projeto visa criar novas ações de turismo junto às cooperativas, diversificando fontes de receita e estruturando um modelo que pode ser replicado em todo o país.

“Nossa visão de futuro é construir uma rede nacional de cooperativas atuando no turismo de forma organizada, com roteiros integrados e estruturados. Queremos que, em breve, todos esses produtos estejam disponíveis em uma plataforma conjunta, ampliando o alcance para novos mercados e fortalecendo o turismo cooperativo como um segmento diferenciado no Brasil”, afirma Dick de Geus.
Prioridade às comunidades locais
Outro diferencial da Cooptur está no cuidado com as comunidades locais. A cooperativa prioriza a utilização de mão de obra da própria região em que atua e estabelece parcerias que respeitam o patrimônio cultural e ambiental.
“Sempre trabalhamos com o pequeno, com a base, porque acreditamos que o turismo só faz sentido se levar renda para quem realmente sente a diferença desse recurso — seja ele cooperado ou parceiro local”, destaca o vice-presidente da Cooptur, Márcio Miranda.
Com esse modelo, a cooperativa consolidou-se como um case de sucesso do ramo Trabalho no Paraná, mostrando que o turismo, aliado ao cooperativismo, pode gerar desenvolvimento econômico sustentável, fortalecer comunidades e criar experiências transformadoras para os viajantes.
Ramo Trabalho do cooperativismo no Paraná cresce em organização e consolida relevância econômica
O cooperativismo paranaense tem no Ramo Trabalho um segmento em expansão, que, embora ainda pequeno diante de setores como agro, crédito e saúde, mostra força crescente em organização, faturamento e geração de valor. Os números de 2024 revelam um cenário que inspira otimismo: o ramo já reúne 16 cooperativas ativas, distribuídas em diferentes áreas de atuação, e alcançou um patrimônio líquido superior a R$ 83,4 milhões, além de manter mais de 8,2 mil associados.
Diversificação e presença regional
O ramo é marcado pela diversidade de atividades. Das 16 cooperativas, há desde iniciativas ligadas à assistência técnica e consultoria, até áreas como idiomas, cultura, lazer, tecnologia e inovação. Essa variedade mostra a capacidade do modelo cooperativista de se adaptar a diferentes segmentos da economia, explorando nichos com potencial de crescimento.
Com sede em cidades estratégicas como Curitiba, Maringá, Cascavel, Francisco Alves, Ponta Grossa, Santa Helena e Paranaguá, essas cooperativas contribuem para o desenvolvimento regional, descentralizando oportunidades e levando soluções a municípios fora dos grandes polos.
“O cooperativismo tem capilaridade e público para gerar tanto a demanda quanto a oferta de serviços. Isso se revela em municípios fora do circuito econômico tradicional, onde há cooperativas, cooperados e modelos produtivos capazes de atrair e estruturar novas atividades”, destaca o presidente da Cooptur, Dick de Geus.
Faturamento robusto e valor adicionado
Em 2024, o faturamento do ramo chegou a R$ 360,7 milhões, um volume expressivo que, apesar da leve retração de -3,1% em relação a 2023, mantém tendência de estabilidade em patamar elevado. Em dólar, o faturamento superou US$ 70 milhões.
Outro indicador de destaque é o valor adicionado – a riqueza efetivamente gerada pelas cooperativas –, que foi de R$ 29,8 milhões em 2024, com distribuição equilibrada entre empregados (43%), governo (6,9%), cooperados (32,9%) e capitais de terceiros (17,2%).
Para Dick de Geus, o desafio do ramo é transformar esses números em maior visibilidade. “O setor de serviços e de trabalho cooperativo ainda é pouco explorado como negócio no universo cooperativista. Mas os dados provam que existe espaço para crescer, com geração de riqueza, renda e inclusão social”, afirma.
Renda crescente para os associados
Um dado revelador é o faturamento médio mensal por cooperado, que atingiu R$ 9.990,17 em 2024, o maior dos últimos cinco anos. O crescimento patrimonial também merece destaque: o ramo Trabalho alcançou R$ 172,4 milhões em ativos e consolidou sua capitalização, com um capital social médio por associado acima de R$ 5,4 mil.
No quadro social, o Ramo Trabalho soma 8.248 associados e 139 funcionários, reforçando seu papel como gerador de ocupação e renda no Paraná. O perfil é majoritariamente de pessoas físicas (99,84%), com 24,65% de participação feminina, um indicador relevante de inclusão em setores ainda muito marcados pela predominância masculina.
A participação em assembleias, de 5,1% em 2024, sinaliza espaço para ampliar o engajamento, mas também revela a vitalidade democrática do setor.
Resultados consistentes
O resultado líquido de 2024, de R$ 9,8 milhões, reforça a boa performance do ramo, que apresentou margem operacional de 4,2% e margem EBITDA de 4,5%. A rentabilidade dos ingressos ficou em 2,7%, mostrando equilíbrio nas contas mesmo diante da oscilação econômica.
Na avaliação de De Geus, o caminho para competir é diferenciar-se. “Não faz sentido disputar apenas por preço com plataformas digitais ou operadoras convencionais. A estratégia das cooperativas deve ser entregar valor, com qualidade, exclusividade e impacto positivo para as comunidades envolvidas”, analisa.
Perspectivas positivas
Os números consolidam o Ramo Trabalho como um case de diversificação do cooperativismo paranaense, demonstrando que o modelo pode ir muito além dos ramos tradicionais. A capacidade de inovar, atender a diferentes nichos e gerar valor sustentável coloca o setor em posição de crescimento.
“O futuro do ramo Trabalho depende da nossa habilidade de mostrar como cooperativas podem ser inovadoras, sustentáveis e parceiras do desenvolvimento regional. No Paraná já temos exemplos concretos, e a tendência é que esse movimento se fortaleça.” Dick de Geus, presidente da Cooptur.
Ramo Trabalho no Brasil: inclusão, renda e desenvolvimento
O cooperativismo de trabalho, produção de bens e serviços tem se consolidado no Brasil como uma alternativa para milhares de profissionais que buscam melhores condições de trabalho, ganhos mais justos, garantia de direitos sociais e qualidade de vida. Nesse modelo, os cooperados unem forças para produzir bens ou prestar serviços especializados, em um ambiente orientado pela autonomia e pela autogestão.
Atualmente, o país conta com 597 cooperativas desse ramo, reunindo 187.235 cooperados e gerando 8.268 empregos diretos. O impacto econômico também é expressivo: o setor soma R$ 114,82 milhões em ativos, distribuiu R$ 21,39 milhões em sobras do exercício.
Diversidade de segmentos
A força do ramo está na sua diversidade. As cooperativas de trabalho abrangem desde educação (22%) e consultoria/instrutoria (11%) até setores como manutenção, conservação e segurança (8%), gestão de resíduos (14%), produção mineral (9%), assistência técnica (5%), produção artesanal (5%), cultura e lazer (3%), confecção (3%), além de segmentos emergentes como tecnologia e inovação (2%) e cooperativas de caráter social (2%).
Essa variedade mostra que o cooperativismo é capaz de se adaptar a diferentes perfis e necessidades, acolhendo tanto trabalhadores com perfil empreendedor quanto grupos em situação de vulnerabilidade, como pessoas com deficiência ou trabalhadores que se unem para manter seus postos após o fechamento de empresas.
Inclusão e transformação social
Mais do que resultados econômicos, o cooperativismo de trabalho promove inclusão social. Cada cooperado tem voz e voto nas decisões e participa da construção coletiva do negócio, orientado por princípios de justiça social, solidariedade, equidade e sustentabilidade.
Um exemplo claro está nas cooperativas de reciclagem, que dignificam o trabalho de catadores e oferecem ganhos de escala impossíveis no trabalho informal. Em 2021, essas organizações recuperaram em média 652,8 toneladas de resíduos sólidos por entidade, comercializando 421,7 mil toneladas de materiais recicláveis no total. O impacto vai além da renda: essa atividade significou a redução de 282,4 mil toneladas de gases de efeito estufa.
Outro caso relevante são as cooperativas de artesanato, que ganham competitividade e eficiência pela atuação coletiva, reduzindo custos na aquisição de matéria-prima, transporte e comercialização, além de agregar valor e qualidade aos produtos.
Presença nacional
As cooperativas de trabalho estão presentes em todas as regiões do Brasil, promovendo um ciclo virtuoso que impacta tanto os profissionais quanto as comunidades. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), entidades de catadores atuaram em mais de 1.100 municípios, responsáveis por 35% do volume de resíduos coletados nessas localidades.
Esse alcance nacional evidencia o papel do ramo como vetor de desenvolvimento local, especialmente em áreas onde o mercado formal oferece menos oportunidades.
Diferenciais para os cooperados
Entre os principais benefícios do cooperativismo de trabalho estão:
- Poder de comercialização: ao se unirem, os cooperados conquistam melhores condições de negociação e ampliam a força de seus setores.
- Infraestrutura e suporte: acesso a consultoria contábil, assessoria jurídica e programas de saúde e bem-estar.
- Educação e profissionalização: oportunidades de capacitação e fortalecimento da identidade cooperativista.
- Tecnologia e participação justa: uso de ferramentas modernas de gestão e distribuição equitativa dos resultados.
Uma alternativa para o futuro
O crescimento constante do ramo mostra que o cooperativismo de trabalho é mais do que uma resposta a crises ou dificuldades de inserção no mercado: é uma alternativa sustentável de desenvolvimento. Ao transformar trabalhadores em donos do próprio negócio e promover resultados que beneficiam pessoas e comunidades, o setor reafirma sua relevância como caminho para um futuro mais justo, inclusivo e colaborativo no Brasil.
Fonte: Tribuna PR com adaptações da MundoCoop