O Brasil tem um novo Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). O plano foi apresentado nessa terça-feira (30/07) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), principal fórum de debates sobre o futuro da ciência no país.
“Queremos fazer da inteligência artificial uma fonte que gere emprego neste país, que a gente forme milhões e milhões de jovens preparados para esse debate”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva” durante a abertura do evento, que tem como tema desta edição “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido”.
O plano, encomendado por Lula ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) no início do ano, tem como objetivo nortear o desenvolvimento e a aplicação ética e sustentável da inteligência artificial no Brasil. São seis os eixos de ação: 1) Infraestrutura e Desenvolvimento de IA; 2) Difusão, Formação e Capacitação em IA; 3) IA para Melhoria dos Serviços Públicos; 4) IA para Inovação Empresarial; e 5) Apoio ao Processo Regulatório e de Governança da IA.
O investimento projetado pelo PBIA é de R$ 23 bilhões, que virão do orçamento, do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), de contrapartidas do setor privado, entre outras fontes de recursos.
Cerca de 60% desse total será direcionado à inteligência artificial para inovação empresarial — eixo 4 do plano, cuja coleta de contribuições foi coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Serão R$ 9,39 bilhões para o programa de IA para desafios da indústria brasileira e R$ 4,4 bilhões para o Programa de Fomento à Cadeia de Valor da IA,somando R$ 13,79 bilhões para este eixo.
“Precisamos levar a IA para o chão de fábrica para que o Brasil tenha de fato produtividade e competitividade, e para que isso repercuta economicamente para toda a nação. Esse é o compromisso do MDIC”, afirmou o ministro em exercício do MDIC, Márcio Elias Rosa. Ele representou o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, que está em missão internacional.
Em alinhamento com a Nova Indústria Brasil (NIB), especialmente a missão 4, que aborda a transformação digital, o MDIC propôs ações voltadas para o fortalecimento da cadeia de inteligência artificial no Brasil, atualmente ainda dependente de tecnologias estrangeiras.
A Pasta também incorporou ao PBIA, no contexto do eixo de infraestrutura, atividades para promover o desenvolvimento e a expansão de empresas brasileiras que forneçam e operem datacenters de alta capacidade e eficiência energética, visando robustecer a infraestrutura para o desenvolvimento da IA nacional.
Como ações estruturantes para a indústria, estão previstas ainda a criação de centros de apoio à IA na indústria, fornecendo recursos técnicos e consultoria especializada, e o desenvolvimento de soluções para o aumento da produtividade da indústria, além de fomento e aceleração de startups especializadas em IA e incorporação e retenção de talentos de IA nas empresas brasileiras.
PBIA
O plano aborda diretrizes para pesquisa e desenvolvimento até a regulamentação de práticas que garantam a segurança e a privacidade dos cidadãos. A proposta pretende equipar o Brasil com infraestrutura tecnológica avançada com alta capacidade de processamento e alimentada por energias renováveis, incluindo o novo supercomputador. Também prevê desenvolver modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que abarcam nossas características culturais, sociais e linguísticas.
De acordo com o plano, a divisão dos recursos deverá ser feita da seguinte forma:
- R$ 13,79 bilhões – IA para inovação empresarial;
- R$ 5,79 bilhões – infraestrutura e desenvolvimento de IA;
- R$ 1,1 bilhão – difusão, formação e capacitação em IA;
- R$ 1,76 bilhão – IA para melhoria dos serviços públicos;
- R$ 435 milhões – ações de impacto imediato;
- R$ 103,25 milhões – apoio ao processo regulatório e de governança da IA.
A proposta do novo plano pode ser consultada aqui.
Conferência Nacional
A Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia ocorre após 14 anos da última edição, em 1985. Antes de chegar à etapa nacional, em Brasília, coordenada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, mais de 100 mil pessoas participaram, de forma online e presencial, dos 221 eventos preparatórios da conferência nos últimos seis meses – entre conferências regionais, estaduais, municipais, livres e temáticas. Nos encontros, foram coletadas recomendações para a nova estratégia da área. O número é recorde na história do evento, que já teve quatro edições. (Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços)
Confira AQUI a participação do MDIC na programação do evento, que segue até o dia 1º/8.
Fonte: Sistema Ocepar