O cooperativismo paranaense é uma das maiores potências econômicas do país. Com mais de 3 milhões de cooperados no estado do Paraná e 225 cooperativas segundo o AnuárioCoop 2022, a região tem sido exemplo de desenvolvimento, crescimento e impacto social e econômico.
À frente do Sistema Ocepar, o engenheiro agrônomo José Roberto Ricken acompanhou de perto o desenvolvimento da região, e pela terceira vez, estará à frente da organização, de onde é presidente desde 2016. Ao longo dos últimos anos, viu a região alcançar números que comprovam o trabalho feito nos últimos sete anos. Em 2022, as cooperativas do Paraná alcançaram a marca de faturamento de R$ 187,84 bilhões e US$ 7,4 bilhões em exportações, e respondem por 65% da produção agropecuária da região. E os números, não para de crescer.
Para compreender o que a sua reeleição representa e quais os próximos passos do cooperativismo paranaense, a MundoCoop conversou com exclusividade com José Roberto Ricken. Na conversa, que você confere a seguir, ele destaca os resultados alcançados até aqui, destaca o potencial da região no tema inovação, e ainda, traz perspectivas para os próximos quatro anos.
Confira na íntegra!
MundoCoop: O Sr foi reeleito para o cargo de presidente do Sistema Ocepar. O que essa reeleição representa? Como você analisa a participação das cooperativas paranaenses no cenário nacional?
Representa uma grande responsabilidade, de conduzir uma equipe gabaritada e o planejamento do cooperativismo do Paraná. Nesta gestão, iremos concluir o PRC 200, plano para que o cooperativismo na região chegue a R$200 bilhões de faturamento por ano. Além disso, é uma realização profissional. Dediquei 40 anos da minha vida profissional para o cooperativismo, e ser presidente da Ocepar é o máximo que eu poderia alcançar. Eu não imaginava que eu chegaria nesse ponto, mas eu sou muito agradecido e realizado.
O cooperativismo do Paraná se destaca pelo grau de profissionalismo. Destaco aqui o planejamento que sempre esteve presente, algo que conduziu o planejamento e crescimento das cooperativas, responsável também por profissionalizar o cooperado. Alcançamos mercados a nivel internacional, e hoje representamos 64% da produção agropecuária do Paraná. Somos uma opção em grande escala, que traz desenvolvimento no interior e em todas as regiões do estado.
MundoCoop: Atualmente, o cooperativismo responde por 64% da produção agropecuária do Paraná. A que fatores você atribui o sucesso alcançado pelas cooperativas da região? De que forma o setor contribui para o desenvolvimento econômico e social da região?
Um dos fatores é a escala que a cooperativa traz. 82% dos nossos cooperados não chegam a ter uma área de 100 hectares, e através das cooperativas eles se organizaram e consolidaram o seu negócio, movimento que começou nos anos 70. Tivemos altos e baixos ao longo da história, junto com as dificuldades econômica que passou o país, porém nunca deixamos de seguir na direção do cooperativismo. Somos 3 milhões de cooperados e 200 mil agricultores. Nós tivemos no último ano 9,2 bilhões de resultado líquido voltando para o produtor (ou para capitalizar a cooperativa ou para investir). Isso, gera desenvolvimento regional e local.
O cooperativismo é um grande contribuinte para a sociedade. As cooperativas geram valor e movimentam a economia rural e urbana. Aqui, esperamos arrecadar mais de R$5 bilhões por ano, levando emprego e desenvolvimento. Entre os principais projetos, buscamos mão de obra a 60, 80km, tudo isso para suprir a demanda. Com emprego, temos renda e desenvolvimento.
MundoCoop: Anualmente, o Sistema Ocepar realiza o Programa de Inovação para o Cooperativismo Paranaense. Para você, qual a importância de desenvolver ações que impulsionem a inovação nas cooperativas?
Inovar, para mim, garante o futuro. Se nós ficarmos só no presente, nós não vamos avançar. E se a gente ficar no passado, nós não vamos progredir. Então, inovar representa mudar, representa acrescentar novos desafios, acrescentar novas tecnologias. O Sistema Ocepar tem um programa de inovação próprio. Iniciamos fazendo treinamento das cooperativas, e estamos na terceira fase: primeiro treinando as cooperativas, depois exercitando de fato a inovação com grupos de inovação e, mais recentemente, praticando isso no planejamento, nas ações, em novos produtos e novos serviços, novos mercados. Inovar é se desenvolver e cooperativismo é uma forma de crescer
MundoCoop: Quais as suas perspectivas para o próximo mandato? Que objetivos você espera alcançar ao final deste período?
Pretendemos concluir o PRC 200, reprogramar o planejamento, fazer uma nova etapa e profissionalizar cada vez mais as cooperativas. Esse ano nós vamos realizar quase 12.000 eventos de capacitação com o monitoramento individual de cada cooperativa. Para mais adiante, daremos sequência a esse modelo, aperfeiçoando cada vez mais e buscando novos mercados, atendendo a demanda nacional e internacional por alimentos.
Além disso, queremos desenvolver o crédito para que as pessoas tenham acesso a recursos e consequentemente, à saúde, infraestrutura, ao transporte mais organizado, opções de trabalho e de consumo.
MundoCoop: Como você analisa o futuro do cooperativismo a partir das mudanças e desenvolvimentos que estão acontecendo no movimento?
O cooperativismo é uma forma de crescer, uma forma de viver. As pessoas que trabalham no cooperativismo acreditam que de forma conjunta pode se alcançar algo melhor. Individualmente, você até pode ir mais rápido, mas juntos você vai mais seguro, você vai mais longe e tem mais sucesso. E o resultado, mesmo que seja pequeno, quando somado é muito significativo.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop
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