Nos últimos anos, as cooperativas de crédito têm se destacado no mercado brasileiro. Mesmo com a chegada de novos players ao sistema financeiro, o setor cooperativo segue em crescimento exponencial, se destacando pela sua vasta oferta de produtos, com condições melhores para os clientes e cooperados.
Entre os principais sistemas do país, a Cresol tem se destacado com um crescimento acima do Sistema Financeiro Nacional. Na Cresol, a carteira total registrou R$ 18,1 bilhões em 2022, com destaque para os segmentos de Crédito Comercial, que somou R$ 9,3 bilhões, e Crédito Repasse, que atingiu R$ 8,8 bilhões.
Em entrevista exclusiva à MundoCoop, o diretor superintendente da Cresol Baser e vice-presidente da Cresol Confederação, Adriano Michelon, traz um panorama sobre os atuais números do setor, e destaca os fatores que tem contribuído para o crescimento da Cresol e do cooperativismo de crédito como um todo.
Confira a entrevista na íntegra!
MundoCoop: A Cresol acaba de divulgar que seu volume financeiro cresceu 44% em 2022, três vezes acima do Sistema Financeiro Nacional. A que fatores você atribui estes números? Como você analisa o posicionamento da Cresol no Sistema Financeiro Nacional?
A Cresol vem tendo um crescimento sempre na casa dos 35, 40% nos últimos anos e, em 2022, alcançamos essa marca expressiva de 44% que é um reflexo da força e da consolidação do sistema cooperativista financeiro no Brasil e do nosso modelo de negócio, que preza pela proximidade, pelo relacionamento com nosso cooperado. Hoje, nós temos mais de 870 mil associados em todo o país que utilizam as nossas soluções, que são completas para atender desde quem deseja apenas abrir uma conta corrente até o empresário que quer expandir o seu negócio e, claro, o nosso produtor rural, que faz parte das nossas raízes, foi por ele que tudo começou, 28 anos atrás.
Com esse olhar atento e ativo para o nosso cooperado, nós fomos construindo uma base sustentável, diversificando a nossa atuação, mas mantendo a nossa simplicidade ao conduzir toda essa evolução. Isso nos fez alcançar o feito de ser a terceira maior força do cooperativismo financeiro no Brasil e ser destaque como operador de crédito junto a diversos parceiros, contribuindo para que cada dia mais pessoas possam ter acesso a recursos financeiros e melhorar suas vidas.
MundoCoop: Nos últimos anos temos visto uma mudança no mercado financeiro, com o aumento da competitividade entre diferentes players e, consequentemente, um nível maior de exigência por parte dos clientes. Como a Cresol inova e se destaca nesse mercado financeiro? De que forma as cooperativas podem aumentar a sua competitividade?
O cooperativismo é um sistema que fortalece e contribui para o desenvolvimento de diferentes setores da sociedade, no sentido de gerar oportunidades, de promover inclusão, de fomentar iniciativas que atendam interesses também da comunidade, e, diante disso, nós temos a possibilidade de dialogar com muitas e diferentes pessoas. É nesse contato próximo, do dia a dia, que é um diferencial, que nós entendemos o que cada um anseia para podermos melhorar o nosso portfólio e promover o acesso a produtos financeiros, a melhores condições de recursos, além de promover a educação financeira e olhar para questões sustentáveis.
A competitividade se estabelece quando mantemos esse DNA cooperativista, destacando que nesse modelo financeiro todo o desempenho econômico positivo é compartilhado com o cooperado, enquanto buscamos constantemente avançar na tecnologia, no acesso ao digital, que é uma demanda irreversível, mas que também conseguimos manter humanizado, entre outras iniciativas de desenvolvimento alinhadas ao mercado.
MundoCoop: Dados do BC apontam que as cooperativas financeiras estão presentes em 55,3% dos municípios brasileiros, realizando um importante trabalho de inclusão financeira. Como expandir esse número? De que forma é possível garantir que todos os brasileiros possam ter a oportunidade de usufruir dos benefícios de se tornar parte de uma cooperativa financeira?
A Cresol desenvolve um plano de expansão que considera, entre outros fatores, a capacidade da comunidade local de aderir ao cooperativismo, o potencial de negócio e a expansão regional. A partir disso, nós criamos um modelo estratégico em que abrimos salas de negócios antes de levarmos as nossas agências físicas para aquele local de interesse. Dessa maneira, nós estabelecemos conexões com a comunidade local, apresentamos o cooperativismo para as pessoas e também nos envolvemos com a sociedade, passando a conhecer a sua realidade, as suas necessidades.
Então, quando decidimos pela abertura de uma agência, já estamos inseridos no contexto local e a expansão acontece de forma muito mais sustentável, com a promoção das finanças inclusivas, um serviço financeiro mais equitativo. Essa atuação se dá especialmente em municípios de pequeno e médio porte, muitos deles carentes de uma instituição financeira. A exemplo, em 2022, a Cresol tinha 65 unidades de atendimento em municípios de região classificada como Brasil Carente e 277 unidades em municípios classificados como Brasil Rural. Nós prezamos muito por esse olhar e, independentemente de onde o nosso cooperado esteja, ele é dono do negócio e tem o poder de participar das decisões da cooperativa.
MundoCoop: Considerando o cenário atual, com a chegada do real digital (o Drex) e a recuperação da economia nacional, quais os principais desafios para as cooperativas brasileiras nos próximos meses? Qual será o papel da Cresol nas principais tendências que despontam no horizonte do setor?
Participar ativamente desse projeto inovador é uma oportunidade única que a Cresol recebeu, junto com os parceiros Ailos, Sicoob, Sicredi e Unicred. Hoje, nós formamos o Sistema Financeiro Cooperativo (SFCoop), um consórcio que está trabalhando na implantação do real digital (Drex). O sucesso nas primeiras atividades, como a implementação do nó na infraestrutura da rede do Drex e a emissão dos primeiros tokens da nova moeda digital, já demonstra a expertise e a atenção do grupo à economia digital e nos consolida como referência no sistema financeiro. Este é só o início e ainda passaremos por muitos desafios de desenvolvimento e adaptação a aspectos legais, técnicos e regulatórios.
Além disso, teremos um papel fundamental em tornar o Drex acessível aos cooperados, tanto em termos de conhecimento quanto em usabilidade, desenvolvendo aplicações com foco nas necessidades deles e visando promover a inclusão financeira e digital. Mas tudo passará por processos bem definidos e que nós estaremos acompanhando atentamente para que ocorram com os melhores resultados.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop
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