O cooperativismo de crédito brasileiro inicia sua atuação na COP30 com o compromisso de apresentar soluções financeiras, de gestão e de impacto capazes de acelerar a transição climática no Brasil. A presença do ramo no maior evento climático do mundo reforça seu papel como elo entre capital global e impacto local, contribuindo para reduzir desigualdades, fomentar negócios sustentáveis e fortalecer a resiliência das comunidades frente às mudanças climáticas.
A COP30 acontece em um momento decisivo para o financiamento climático global. O tema tem sido central nas negociações internacionais desde o Acordo de Paris, que reconheceu a responsabilidade dos países desenvolvidos em apoiar financeiramente as nações em desenvolvimento na mitigação das emissões e na adaptação aos impactos climáticos. Antes mesmo desse acordo, em 2009, o compromisso de mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020 já havia sido firmado — porém, nunca se concretizou na prática.
Na COP29, houve um avanço importante: os países concordaram em destinar ao menos US$ 300 bilhões anuais até 2035. No entanto, a necessidade real é estimada em US$ 1,3 trilhão ao ano. Por isso, a COP30 deverá apresentar o Roadmap de Baku a Belém, um plano global para viabilizar a mobilização desses recursos e garantir que cheguem efetivamente ao território. Frente a esse desafio, agravado por crises econômicas e geopolíticas e pela burocracia que trava a alocação eficiente dos fundos existentes, o mundo discute como democratizar o acesso ao financiamento climático — e é aí que o cooperativismo se mostra uma solução estratégica.
Confiança social
Com 21,3 milhões de cooperados, presença em mais de 50% dos municípios brasileiros e atuação como única instituição financeira em 469 cidades, as cooperativas de crédito têm capilaridade e confiança social para levar financiamento verde a territórios que o sistema financeiro tradicional não alcança. Em 2024, o setor movimentou R$ 885,3 bilhões em ativos e direcionou R$ 90,19 bilhões à economia verde, financiando energia solar, agricultura de baixo carbono, eficiência energética, gestão de resíduos e iniciativas de bioeconomia.
“A transição climática precisa chegar ao território, e é exatamente isso que as cooperativas de crédito fazem: conectam investimento e transformação, com governança, confiança e presença real nas comunidades”, afirma o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas. “Temos condições de liderar esse processo e de fazer com que o financiamento climático chegue a quem realmente gera impacto positivo, econômico, social e ambiental”, reforça.
Na COP30, o cooperativismo de crédito integra painéis e encontros na Blue Zone, Green Zone e Agri Zone, com foco em financiamento climático descentralizado, pagamento por serviços ambientais, bioeconomia comunitária e transição energética justa. A agenda também inclui participação no Fórum de Sustentabilidade e Seguros Cooperativos, com a apresentação de iniciativas de mitigação de riscos climáticos, resiliência financeira e instrumentos de proteção a produtores e comunidades vulneráveis.
Manifesto
O setor chega ao evento amparado pelo Manifesto do Cooperativismo Brasileiro para a COP30, documento que defende o reconhecimento das cooperativas de crédito como canais estratégicos de mobilização de recursos climáticos e propõe aprimoramentos regulatórios, como acesso direto a fundos públicos, integração ao mercado regulado de carbono e ampliação do Fundo Clima e do Fundo Amazônia para incentivar projetos locais de impacto. O documento também destaca o papel das cooperativas na taxonomia sustentável brasileira e na precificação do carbono.
Além de financiar iniciativas verdes, o cooperativismo de crédito amplia sua própria agenda ambiental com programas de eficiência energética, neutralidade de carbono e gestão sustentável, com a mobilização de sua rede para mensurar, reduzir e compensar emissões. O segmento também participa das soluções climáticas do Sistema OCB, com iniciativas de educação financeira, apoio a tecnologias sustentáveis e incentivos a pequenos empreendimentos verdes espalhados pelo país.
“Se o mundo busca modelos para democratizar o financiamento climático, o cooperativismo de crédito é o caminho natural”, destaca Tania Zanella, superintendente do Sistema OCB. “Temos capilaridade, governança e compromisso com o desenvolvimento social. Nossa atuação comprova que é possível financiar a transição climática com inclusão, geração de renda e sustentabilidade”, complementa.
Exemplos reais de ação climática
Ao longo da COP30, 22 cooperativas financeiras de várias partes do País apresentarão exemplos reais de ações climáticas. Os cases cooperativistas que integram a programação oficial do evento foram selecionados pelo Sistema OCB em uma chamada pública com a participação de cooperativas de todo o Brasil.
Entre as iniciativas selecionadas, estão projetos em áreas como transição energética, bioeconomia, financiamento verde, agricultura de baixo carbono, segurança alimentar e inclusão produtiva. O objetivo é divulgar e promover a capacidade do cooperativismo brasileiro de todos os ramos de gerar soluções inovadoras para os desafios da agenda climática global.
Para a superintendente da Confebras, Telma Galletti, a participação das cooperativas de crédito na COP30 é uma oportunidade de mostrar como as finanças sustentáveis podem ser um vetor de soluções para a crise climática.
“A presença das cooperativas financeiras na COP 30 irá mostrar ao mundo que o cooperativismo brasileiro já entrega resultados na promoção de uma economia de baixo carbono, inclusiva e sustentável”, destaca.
Além de marcar presença no principal fórum mundial sobre o clima, o setor também se prepara para alinhar suas práticas de governança com as discussões globais sobre financiamento climático e transição energética.
Referência sustentável
As 22 instituições financeiras cooperativas que representação o segmento na COP30 – nove de forma presencial e 13 com exposição digital dos projetos – irão levar um portifólio de soluções sustentáveis que abrange ações em várias frentes.
Um dos cases selecionados é o projeto Cresol Siga: financiamento para saneamento, infraestrutura e gestão da água, da Central Cresol Sicoper, vencedor do Prêmio ProsperaCoop 2024, promovido pela Confebras, na categoria Meio Ambiente. O crédito verde disponibilizado pela central impactou mais de 1,6 mil pessoas em cinco estados, possibilitando investimentos em melhorias relacionados à água e saneamento, com mais qualidade de vida das pessoas e preservação do meio ambiente.
No campo da bioeconomia, por exemplo, o case “Robustas Amazônicos”, do Sicoob Credip, mostra como o investimento em tecnologia está mudando a realidade da cafeicultura em Rondônia com preservação da floresta. Também no setor cafeeiro, o Sicredi apresentará sua iniciativa Café Carbono Neutro, além de projetos de financiamento do empreendedorismo feminino e de quantificação de riscos climáticos.
Na transição energética, projetos como o Complexo Solar, também do Sicredi, as micro usinas do Sicoob Credinacional e o projeto de cooperação energética do Sicoob São Miguel ilustram o avanço do setor em energia limpa.
Além do foco ambiental, as ações do cooperativismo financeiro também abrangem a dimensão social da sustentabilidade. Iniciativas como programas do Sicoob para inclusão bancária de indígenas e as experiências de microcrédito da Cresol para agricultura sustentável mostram um modelo de negócio que valoriza e fortalece as comunidades.
“Os projetos representam um modelo de negócio consolidado que demonstra, na prática, a capacidade do cooperativismo financeiro de promover desenvolvimento econômico com impacto social”, afirma Telma Galletti.
Conheça os cases das cooperativas financeiras na COP 30:
Participação presencial:
| Cooperativas | Case |
| Sicredi Confederação | Projetos de financiamento do empreendedorismo feminino, transição energética. |
| Sicoob Confederação | Programas de financiamento do desenvolvimento rural sustentável, do empreendedorismo e da inclusão bancária e produtiva de indígenas. |
| Cresol Confederação | Experiências de microcrédito para agricultura sustentável. |
| Sicoob Credip | Robustas Amazônicos: cooperação e investimento em tecnologias mudam a realidade da agricultura, geram integração e salvam a floresta. |
| Sicredi Confederação | Quantificação de riscos climáticos como ferramenta estratégica para proteção das culturas agrícolas dos associados. |
| Cooperativa Mirim Marajoara – Sicoob Cooesa | Cooperativa Mirim Marajoara: crianças e adolescentes unidos pela cooperação, cultivando futuro sustentável no Marajó. |
| Cresol Encostas da Serra Geral | Case Abelhas Nativas, Cooperativismo e Impacto: da Capital Nacional da Meliponicultura ao protagonismo internacional em sustentabilidade, educação e renda. |
| Central Sicoper-Cresol | Cresol Siga: financiamento para saneamento, infraestrutura e gestão da água. |
| Sicredi Confederação | Programa de captações sustentáveis. |
| Sicoob Confederação | Cases em inclusão produtiva, geração de emprego e apoio comunitário. |
| Sicredi Confederação | Café Carbono Neutro. |
| Sicoob São Miguel SC/PR/RS | Coopenad: cooperação que ilumina um futuro sustentável. |
| Sicredi Confederação | Sicredi pelo Rio Grande: solidariedade e reconstrução após o desastre climático. |
| Cresol Horizonte | Incentivo a boas práticas ambientais na cadeia produtiva de bubalinos. |
Conteúdo digital
| Cooperativa | Case |
| Sicoob Credicenm | Formando cidadãos conscientes: cooperativas mirins e o futuro sustentável. |
| Sicredi Confederação | Complexo Solar Sicredi Confederação. |
| Cresol Confederação | Geração de renda sustentável contribuindo com a valorização da cultura quilombola na comunidade Vargem do Sal através do artesanato em Licuri. |
| Cresol Confederação | Transição agroecológica participativa para cadeias hortícolas e frutícolas no Brasil e Uruguai. |
| Cresol Evolução | Projeto Tampinhas Solidárias: projeto de reciclagem de tampinhas. |
| Sicoob Conexão | Reinholz Chocolates: empoderamento feminino e sustentabilidade no campo. |
| Sicoob Confiança | Piscicultura autossustentável com energia fotovoltaica e integração cooperativa. |
| Sicoob Metropolitano | Ativo Verde Digital: preservação ambiental com blockchain. |
| Sicredi Confederação | Projeto Recuperando Nascentes. |
| Sicoob Aracoop | Fortalecimento sustentável da cadeia produtiva da piscicultura em Morada Nova de Minas. |
| Sicoob Aracoop | Financiamento de usina fotovoltaica para o cooperativismo de produção de frutas em Pirapora – MG. |
| Sicoob Credinacional | Micro Usinas Sicoob Credinacional: energia limpa e impacto social. |
| Sicoob Coopemata | Transformação Sustentável: neutralização de CO₂ e reflorestamento para um futuro verde. |
| Sicoob Credialto | Compartilhando Energia, Multiplicando Saúde: cooperando por uma saúde sustentável. |
| Sicoob Centro | Do cacau ao chocolate: cooperar é coisa nossa. |
| Sicoob Montecredi | O despertar de uma terra adormecida: a Fazenda Três Meninas, a cafeicultura regenerativa no Cerrado Mineiro e sua contribuição para o produtor, o consumidor e o planeta. |
| Unicred União | Projeto Integrado de Energia Renovável: microusinas e intercooperação da Unicred União. |
| Unicred Ponto Capital | Projeto Batalhão do Bem: o cooperativismo em ação. |
Fonte: Sistema OCB e Confebras com adaptações da MundoCoop












