Por um lado vamos observar o crescimento das atividades fundamentadas nas IG’s indicações geográficas e denominações de origem, os nossos “terroir tropicais” num trabalho excelente em desenvolvimento pelo Sebrae, onde já contamos com 133 registros, porém temos o potencial de milhares de oportunidades que significam criar valor a partir dos saberes, do conhecimento, das aptidões únicas de cada particular território.
Exemplos no Brasil já existem desde o Vale dos Vinhedos no Sul até as “matas de Rondônia”, a primeira denominação de origem do café canefora sustentável do mundo, incluindo comunidades indígenas locais.
Junto com essa extraordinária visão que irá permitir ao Brasil ser além de “celeiro do mundo” conquistar as mesas do mundo, destaco aqui uma entrevista que fiz com Martina Croso Mazzucco, co-criadora da empresa TEA, oferecendo um salto extraordinário para as cooperativas na ampliação do seu sentido de vida, na missão da criação da prosperidade para todos.
Também para as cooperativas de crédito que de forma presente reinvestem nos seus próprios locais os recursos financeiros podem obter dentro do conceito TEA significativos ganhos estratégicos para as suas comunidades.
Aqui segue a proposta TEA para o cooperativismo brasileiro:
Habitar, produzir e conservar.
*Martina Croso Mazzucco
A saúde da nossa sociedade depende da saúde dos territórios em que vivemos, e o mundo do Cooperativismo entende bem a importância disso. Também entende a importância de promover sistemas produtivos mais resilientes, biodiversos e regenerativos.
Colocar em prática todo este entendimento não é simples, assim como entender os desafios atuais não pode ser feito de modo simplório. A propriedade, e seus produtos e recursos naturais, existe enquanto parte de um sistema multidimensional ainda maior; um território que engloba outras propriedades, nascentes, cursos d’água, vegetação nativa, pastagens, lavouras, instalações rurais, áreas de preservação, centros habitados. Tudo isso interconectado por estradas e pessoas.
Territórios são redes profundas de interdependência! Paradoxalmente à uma sociedade atual altamente conectada, as tramas territoriais ainda se encontram improdutivamente e equivocadamente desconectadas. Neste contexto, as Cooperativas, muitas vezes inseridas em territórios marcados por grande diversidade social, econômica e ambiental, enfrentam desafios complexos.
A ausência de planejamento territorial – tanto urbano quanto rural – agrava problemas já existentes como degradação ambiental e perda de biodiversidade; escassez de recursos naturais, como a água; vulnerabilidade a eventos climáticos extremos; desigualdades sociais e econômicas e dificuldades na adoção e consolidação de práticas sustentáveis que agregam valor direto e indireto ao produto e à propriedade.
É justamente nesse ecossistema altamente desafiador que reside uma enorme oportunidade. Como Frans Johansson aponta no livro O Efeito Médici, a inovação mais poderosa acontece na interseção entre ideias, setores e experiências distintas.
As Cooperativas, com sua natureza colaborativa e capilaridade territorial, estão estrategicamente posicionadas para promover essa convergência – unindo saberes locais, tecnologias sustentáveis e novas formas de organização produtiva.
As consequências da falta (e da presença) do planejamento territorial são percebidas de diferentes formas. Diferentes estudos mostram os benefícios a serem ganhos com mais planejamento do território.
Os municípios brasileiros poderiam aumentar a produção agropecuária se estivessem produzindo na fronteira de produção e utilizando a mesma quantidade dos fatores de produção.
O uso de ferramentas já disponíveis para tomada de decisões e gestão dos riscos climáticos, como os Zoneamentos de Uso Agrícola (Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), Zoneamento de Aptidão Agrícola e o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE)), utilizados em conjunto com outras “camadas” de dados, poderiam se tornar uma ferramenta ainda mais poderosa para o planejamento territorial de Cooperativas agrícolas que querem usufruir melhor da terra, produzir com mais segurança e abrir novas oportunidades para os seus cooperados.
Um bom planejamento territorial permite à Cooperativa estabelecer um padrão de qualidade, eficiência e rastreabilidade comum a todos os cooperados, agregando valor à marca e contribuindo, acima de tudo, para a prosperidade comum.
Empresas como a TEA – Territorial Ecology Awareness são capazes de trazer um olhar sistêmico para múltiplos desafios, apoiando as Cooperativas na construção de soluções inovadoras e sustentáveis, pensadas a partir, e sob medida, dos seus próprios territórios. Dentre os serviços de seu portfólio, a TEA oferece:
● Mapeamento das propriedades cooperadas, a fim de entender o perfil dos cooperados e o potencial produtivo de suas terras;
● Identificação de oportunidades para novas cadeias de valor resilientes e regenerativas;
● Mapeamento de riscos (incêndios, alagamentos, secas), trazendo planejamento, previsibilidade, redução de perdas e mais retorno econômico para quem produz;
● Estratégias para conectar paisagens produtivas e de conservação, adotando soluções baseadas na natureza, e equilibrando produção, regeneração ecológica e conservação.
Afinal, sua Cooperativa quer se diferenciar produtivamente? Sabe o que e como fazer? Deixe-nos te ajudar!
(*TEA TERRITORIAL ECOLOGY AWARENESS. www.teaterritory.com)

*José Luiz Tejon é Especialista em Agronegócio e membro editorial da Revista MundoCoop

*Martina Croso Mazzucco é arquiteta, urbanista, conservacionista e pesquisadora dedicada ao planejamento rural e à ecologia territorial. Fundadora da Arquitetura Rural Planejamento Integrado e cofundadora da TEA Territorial Ecology Awareness.

Reportagem exclusiva publicada na edição 124 da Revista MundoCoop