Marcas e negócios adaptáveis prosperam em um mundo dinâmico. A flexibilidade para ajustar estratégias, produtos e comunicação frente às mudanças do mercado e comportamento do consumidor garante relevância contínua. Essa adaptabilidade permite identificar novas oportunidades, mitigar riscos e manter a competitividade.

Em recente artigo, Ana Couto – CEO da Ana Couto, consultoria de branding e comunicação – aponta as principais tendências para as marcas em 2025. Entre as que se destacam, está a valorização de “marcas dinâmicas e em movimento”, com ampla capacidade de adaptação; e ainda, os “propósitos e negócios líquidos”, marcas que entrelaçam passado e futuro, incorporando novas práticas sem renunciar a valores e características que tornam o negócio único.
No cenário de negócios em constante evolução, a adaptabilidade emergiu como um pilar fundamental para a longevidade e relevância das marcas. Para Thamara Helena D’Angieri, Gerente de Marketing e Produto na Veiling Holambra, possuir tal perfil se tornou essencial para os negócios. “Acompanhamos de forma ativa as transformações do mercado e entendemos que a adaptabilidade deixou de ser uma vantagem competitiva para se tornar uma necessidade estratégica”, revela.
Neste contexto, a Veiling Holambra tomou a iniciativa de criar um grupo de estudos de Tendência de Mercado, conduzido por um consultor. “Esse projeto, juntamente com a área de Marketing, tem a responsabilidade de antecipar cenários, oferecer soluções aos nossos cooperados e clientes, e garantir que a cadeia como um todo se fortaleça com agilidade e inteligência”, destaca Thamara, ao reforçar a necessidade de olhar para o mercado como fator primordial para estratégias mais embasadas.
Adaptabilidade como estratégia, tradição como guia
Renê Tonello, Presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Vinícola Aurora, destaca que “a adaptabilidade é hoje um dos pilares fundamentais para a longevidade e relevância das marcas”. Para ele, a capacidade de criar caminhos diante do mercado, mas principalmente da própria base de clientes, é o que pode trazer um diferencial.
Essa capacidade de navegar cenários e possibilidades, permite que as cooperativas ajam de forma estratégica. A flexibilidade possibilita que a cooperativa esteja atenta ao mercado, às tecnologias e às novas formas de consumo, enquanto a personalidade e os valores sólidos mantêm sua identidade e compromisso.
Nas cooperativas, tal cenário se impulsiona à medida que o negócio se baseia no esforço coletivo, multiplicando as vozes capazes de trazer mudanças. “A essência de uma marca cooperativa está no coletivo, na união de esforços em torno de um propósito comum. A flexibilidade permite que essa essência se adapte às novas realidades do mercado, sem perder sua identidade”, destaca Thamara.
Fortalecer o propósito da marca cooperativa de maneira que ela conecte passado, presente e futuro é um exercício contínuo. A Vinícola Aurora, com ampla tradição, busca conectar seu legado com as transformações do mundo, investindo em inovação, qualificação técnica, compliance e ESG. “Nosso propósito, que é valorizar o trabalho do cooperado, oferecer produtos de excelência e impactar positivamente a sociedade, segue vivo, atual e inspirador para as próximas gerações”, diz Tonello.

Na cooperativa, a história faz parte da missão diária. E isso passa pelo entendimento do trabalho realizado pelas 16 famílias que deram origem à cooperativa e aos 1.100 produtores que hoje integram o quadro social. Ao mesmo tempo que se busca conectar esse legado com as próximas gerações do negócio, olha-se para as transformações do mundo, do setor vitivinícola e do comportamento do consumidor.
O cliente entra em foco
Segundo Ana Couto, marcas dinâmicas devem possuir um perfil aberto, ” convidando consumidores, criadores e comunidades a co-criarem sua identidade, reforçando um senso de pertencimento e engajamento”. Neste cenário, tornar as marcas cooperativas adaptáveis e fluídas vai de encontro com uma característica no centro dos valores que regem o setor.
Para Thamara, ter um canal direto com os cooperados é o segredo para tornar uma marca cooperativa forte e constante no mercado. “Mantemos canais constantes de escuta ativa, como reuniões regionais, governança e pesquisas de satisfação. Essa escuta nos permite tomar decisões mais alinhadas às necessidades reais do mercado. Para que esse processo seja eficaz, é essencial ter um time preparado, multidisciplinar e com mentalidade aberta a ouvir e entender essas demandas, e mudar de rota quando necessário; não como sinal de fraqueza, mas sim de inteligência e responsabilidade com o setor”, pontua.
Com tal participação da comunidade, a marca cooperativa deixa de ser “minha” para ser “nossa”, uma construção a partir das contribuições entre líderes, colaboradores e a comunidade que faz parte da cooperativa”. Fortalecer o propósito da marca é, antes de tudo, reconhecer a força de sua origem e sua missão transformadora. “Trabalhamos para que nossa comunicação institucional, nossas campanhas de consumo e nossas iniciativas estejam sempre conectadas com o nosso propósito máximo: ser o elo impulsionador que gera prosperidade para o setor, promove relações sustentáveis, humanas e duradouras”, completa D’Angieri.
O diálogo constante com clientes e cooperados é essencial para a definição de novas estratégias de fortalecimento da marca. Cooperativas que se abrem à comunicação como forma de ampliar mudanças e sua capacidade de adaptação, têm o poder de transformar todo o setor à sua volta. “Quando uma cooperativa adota uma postura de constante evolução, ela se torna uma referência e impulsiona o setor como um todo”, destaca Renê Tonello.
Com tal contexto, entender esse diálogo como fonte de transformação é a virada de chave para estratégias que podem, de fato, trazer mudanças significativas, aumentando o impacto do negócio cooperativo. Atual em prol dessa transformação, deve ser encarado não como uma estratégia de negócio, mas como uma revalidação do compromisso com os valores da cooperativa. “O setor tem um enorme potencial de transformação social e econômica, e quando ele se alia à adaptabilidade e à inovação, os resultados se multiplicam, beneficiando toda a cadeia e a comunidade”, completa Tonello.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop

Reportagem exclusiva publicada na edição 123 da Revista MundoCoop