Uma pesquisa realizada pela Feedz constatou que 94% dos funcionários compreendem e melhoram os seus desempenhos nos trabalhos, quando são realizadas reuniões com feedbacks. Ele continua sendo uma das ferramentas mais importantes do RH e da empresa para os bons resultados dos colaboradores.
Porém, a cultura do feedback ainda encontra dificuldade de ser absorvida totalmente pelas empresas, justamente por vir carregada de um significado negativo no Brasil.
Tanto que um em cada cinco trabalhadores brasileiros não recebem avaliações de desempenho feitas por seus chefes, segundo um estudo feito pela FIA Employee Experince (FEEX).
Ele foi respondido anonimamente por 150 mil funcionários, de mais de 300 empresas de todo o país, entre agosto e setembro deste ano.
O resultado foi que embora não receba feedbacks de suas lideranças, 88% dos entrevistados acreditam que se tivessem, isso contribuiria com os seus desenvolvimentos, e 92,7% afirmam que quando solicitam orientações de seus gestores se sentem bem atendidos.
Uma pesquisa realizada pela Pulses, empresa especializada e medição de clima organizacional, em 2021 com 120.000 funcionários de empresas diferentes mostrou que o feedback positivo tem peso no engajamento dos colaboradores.
Feedback bom é bom mesmo?
Ao contrário do que se pensa, é por meio do feedback que se torna possível avaliar o que é preciso mudar para produzir os resultados desejados. Ele funciona como uma bússola que orienta a direção da rota, até que se encontre o caminho certo.
Jael Coaracy em Vai dar Certo: Atitudes de alto impacto para mudar a sua vida, explica que o feedback pode ser transformado em uma ferramenta de crescimento pessoal. Independente dele ter sido dado com a intenção de cooperar. “É sempre possível usar as críticas e os comentários negativos como uma forma de rever as suas ações e fazer diferente”, escreve a autora.
Existem dois tipos de feedback, o interno, que surge na forma de sensações, sentimentos, que é gerada por uma atitude, decisão ou pensamento. E o externo, que é o retorno obtido de outras pessoas, resultado de suas ações. Jael esclarece em sua obra que nem sempre o feedback em formas de elogios é o que faz as pessoas progredirem, mas a essência é aprender a evoluir com eles.
As formas de dar o feedback também podem variar, ele pode ser claro, honesto, direto, transparente ou silencioso. Não dar um feedback é uma forma de feedback. Por alguma razão, que não dá um feedback demonstra com isso não se preocupar com o outro pela sua falta de retorno.
O feedback pode ser negativo ou positivo, o mais importante é a maneira com que ele será utilizado. Coaracy relata: “Seus inimigos dirão a você, sem cerimônias e com riqueza de comentários aquilo que seus amigos não lhe diriam. Ouça as críticas e separe a intenção do autor da comunicação do conteúdo que lhe chegou”.
O conselho da autora é entrar em contato com a informação apresentada, fazer uma reflexão honesta, avaliar o comportamento associado com o feedback recebido e perceba o que você pode mudar na sua forma de agir.
Se for positivo, use-o para se motivar e entrar em ação nas áreas da sua vida em que precisam ser revistas.
No ambiente corporativo
É no ambiente coorporativo que o feedback encontra a sua maior importância, por ser uma resposta dada para uma avaliação que é feita do líder ao colaborador e do colaborador ao líder.
Elenice Alves, Gestora de RH e Talentos, Ports Trader, especialista em R&S e Tech Recruiter explica, que são vários os seus objetivos, como por exemplo agregar na relação dos colaboradores e lideranças, trazer o colaborador para mais próximo da liderança, melhorar a forma de comunicação e as trocas de ideias.
Porém, Alves exemplifica que nem todos estão preparados para receber e dar feedbacks, e quando esse não é feito de forma correta pode gerar transtornos.
Paulo Espanha, Venture Advisor, Corporate Mentor, empreendedor serial, sócio de diversas startups, fundador da ZeroGen, executivo, com mais de 25 anos de carreira no Brasil e Europa, Palestrante, explica que os líderes devem ser intencionais, proativos e autênticos quando se trata de promover um ambiente que apoie a cultura que desejam cultivar em seu local de trabalho. “Se os líderes não tiverem um propósito, a cultura da organização pode se tornar uma “cultura padrão”, muitas vezes ditada pelo ambiente de trabalho atual”, exemplifica Espanha.
Ele ensina que é preciso ensinar aos profissionais que os valores de uma organização geralmente são formados intencionalmente por líderes proativos ou organicamente na presença de todos os tipos de líderes. “Pense em uma época em que você se sentiu especial no seu trabalho. Seu gerente te disse que você estava fazendo um ótimo trabalho? Talvez, você tenha recebido um e-mail especial de “obrigado por ser você” ou uma nota do seu diretor? Você foi elogiado publicamente por sua atenção aos detalhes de um projeto? Quando foi a última vez que você passou 5 minutos conversando informalmente com cada um de seus colaboradores, incluindo aqueles que trabalham na linha de frente?”, lembra Paulo.
Espanha diz que esses tipos de ações, embora simples, podem ter um impacto mais poderoso do que se imagina, deixando não apenas colaboradores mais felizes, mas também fortalecendo o engajamento desses e a cultura organizacional geral. “Essas ações devem ser uma constante desde o início da jornada de todos os colaboradores, desde sua contratação. A orientação sobre atitudes e comportamentos ajudam a construir ambientes saudáveis e colaboradores motivados e orientados sobre a missão da organização e como eles podem cumprir seus objetivos pessoais” finaliza Paulo.
8 passos para reagir construtivamente a um feedback negativo
Na vida temos que lidar com feedbacks positivos e negativos. E quando recebemos um feedback negativo na vida pessoal e no trabalho? O que fazer? Como transformar o negativo em algo construtivo? Pedro Signorelli, especialista em gestão, com ênfase em OKR ensina 8 passos de como lidar com Feedbacks negativos e tirar o melhor deles.
- Você deve se perguntar, como? Porém, a primeira maneira de transformar em motivação é destacar o “o que” está sendo dito do “como” está sendo dito. Fique com o “o que”. O “como” pode estar carregado de sentimentos e podem fazer você simplesmente reagir instintivamente, como que se protegendo. Por isso, “engula o sapo” e pense o que você pode aproveitar daquilo que está sendo dito. Às vezes, é uma tarefa, um projeto que atrasou, e a culpa é nossa porque não tomamos uma ação a tempo.
- Perceba, você não pode mudar o mundo, mudar os outros, mas você pode se concentrar em melhorar a si próprio em cada situação. E sim, estou considerando que o feedback pode ser injusto. Faça estas coisas independentemente da situação.
- Adote metas claras, pois elas fazem toda a diferença.
- À equipe, por sua vez, cabe definir qual a tarefa cabe a cada um e qual a importância dessa ação dentro deste objetivo e seu impacto no todo, na empresa. E é preciso estar aberto ao erro e os feedbacks têm que servir de aprendizado na caminhada.
- Podemos atingir uma meta de duas maneiras, ou ambas de forma combinada: ter sorte, chegou na meta por acaso, por meio de fatores que não controlamos, ou juízo, que quer dizer que o resultado dependeu de seus esforços.
- Existem vários motivos para o não atingimento e alguns deles podem dizer respeito ao processo ou alguma de nossas responsabilidades. Em primeiro lugar, não se deve buscar culpados, deve-se buscar entender quais fatores levaram àquele desfecho e procurar fazer as mudanças necessárias para aquilo que estiver dentro do controle.
- É necessário, caso queira preservar alguém e incentivá-la a se desenvolver, oferecer a ela uma oportunidade de melhorar. Perceba se ela tinha o ferramental, capacitação necessários para executar bem a tarefa, arcar com determinada responsabilidade. Se perceber que ela não quer melhorar, então não parece haver motivo para este esforço todo. Talvez seja o caso de mudar a pessoa de função e dar a ela outra chance em outro contexto.
- Se nenhum destes caminhos fizer sentido, então parece normal que as pessoas conversem e cada um siga o seu caminho.
Por Priscila Paula – Redação MundoCoop
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