A sustentabilidade está em pauta. E em 2025, o tema segue no centro dos debates. Neste cenário, as cooperativas desempenham um papel fundamental, sendo internacionalmente reconhecidas como importantes pilares para a transição rumo a uma economia mais verde e sustentável.
O ápice das discussões desembarca no Brasil no final deste ano, com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30. Além de ser uma janela para mostrar ao mundo o protagonismo brasileiro na agenda sustentável mundial, o encontro que irá reunir lideranças do mundo todo também será palco para as cooperativas.
Para Ernandes Raiol, Presidente do Sistema OCB/PA, a COP30 é a oportunidade de solidificar as cooperativas como agentes da transformação efetiva. Em entrevista exclusiva para a MundoCoop, ele traz um panorama sobre o coop paraense, e ainda, destaca como a COP30 abre oportunidades para todo o setor e para o Brasil.
Confira!
De que forma o cooperativismo no Pará tem contribuído para o desenvolvimento sustentável da região amazônica, conciliando crescimento econômico, preservação ambiental e inclusão social? Quais os impactos já mensurados?
O cooperativismo no Pará tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento sustentável da região amazônica, justamente por equilibrar crescimento econômico, preservação ambiental e inclusão social. Por meio do nosso programa BIOCOOP, temos impulsionado a sociobioeconomia, valorizando produtos da floresta, gerando renda para as comunidades locais sem comprometer a biodiversidade.
Quanto aos impactos mensurados, os números falam por si só. Só no estado do Pará, mais de 1,4 milhão de pessoas são impactadas direta e indiretamente com a comercialização de produtos e serviços de cooperativas, gerando mais de 5 mil empregos, e representando 11% da economia do estado. No Brasil, o coop emprega 550.611 profissionais e a sua movimentação financeira alcançou R$ 692 bilhões de reais.
Esses resultados refletem nosso compromisso com a COP30, onde vamos reafirmar o cooperativismo como um modelo de negócio sustentável e essencial para enfrentar as mudanças climáticas.
Como o governo do estado do Pará e outras instituições têm apoiado o desenvolvimento do cooperativismo na região? Quais são as perspectivas para o futuro do setor no contexto nacional?
O governo do estado do Pará tem sido um parceiro estratégico no desenvolvimento do cooperativismo, especialmente por meio de políticas públicas voltadas para a sociobioeconomia e a sustentabilidade. Entre os diversos parceiros, está a Diretoria de Cooperativismo, que está locada na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (SEDEME), contribuindo para desenvolver políticas públicas para o fortalecimento do cooperativismo no estado.
Além disso, contamos com o apoio em eventos estratégicos, como o 1º Seminário do Interior Rumo à COP 30, que contou com a participação ativa de lideranças locais para discutir o papel do cooperativismo na COP30. Também temos participado de iniciativas promovidas pela SEMAS, como o 1º Congresso Amazônico do Meio Ambiente, onde debatemos sobre sustentabilidade e ESG, destacando o cooperativismo como um modelo de negócio essencial para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
O cooperativismo no Pará está alinhado com a agenda nacional de sociobioeconomia e sustentabilidade, sendo reconhecido como um modelo econômico que concilia crescimento econômico, preservação ambiental e inclusão social. Com a realização da COP30, temos a oportunidade de ampliar a visibilidade do nosso modelo de negócio e consolidar o Pará como um polo de sociobioeconomia cooperativista, reforçando o papel das cooperativas na economia verde e na transição para um modelo de desenvolvimento de baixo carbono.
Neste ano, o Brasil sedia a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, que acontecerá em Belém, no Pará. Qual o significado da presença do cooperativismo brasileiro no encontro?
A presença do cooperativismo brasileiro na COP30 reafirma o cooperativismo como um modelo de negócio sustentável e uma solução eficaz para as mudanças climáticas. O cooperativismo tem um papel estratégico na transição para uma economia de baixo carbono.
Na COP30, apresentamos o manifesto do Sistema OCB/PA, destacando a pujança e importância das nossas cooperativas paraenses, evidenciando o papel do cooperativismo na sociobioeconomia, na verticalização da produção e na agregação de valor aos produtos amazônicos, na diversidade do cooperativismo.
Esse encontro é uma oportunidade única para mostrarmos ao mundo que o cooperativismo é uma solução viável para os desafios globais de sustentabilidade. Estamos certos de que essa participação deixará um legado importante para a sociedade, fortalecendo o cooperativismo como um pilar essencial para o desenvolvimento sustentável.
A COP30 em Belém será uma grande janela de visibilidade para o cooperativismo paraense. Que oportunidades esse encontro trará para o cooperativismo da região e para o Brasil? Que iniciativas do coop serão apresentadas durante a COP30?
Seremos a vitrine do mundo, por isso, serão diversas oportunidades para desenvolvimento, novas parcerias estratégicas, acessos a novos mercados, inovação, o fortalecimento da cadeia produtiva e reafirmar o posicionamento do coop à nível global.
Durante a COP30, o Sistema OCB Nacional está realizando um trabalho intenso para participação de representantes nos painéis e realizar uma programação exclusiva em espaço do cooperativismo, com palestras, painéis e exposição de práticas sustentáveis. Além disso, iremos viabilizar encontros bilaterais com parceiros e atores internacionais de interesse do cooperativismo.
A sustentabilidade é um dos pilares que norteia o cooperativismo no estado do Pará, e o tema estará em destaque na COP30. Como o protagonismo das cooperativas impulsiona a agenda sustentável?
A sustentabilidade é um pilar fundamental para o cooperativismo no Pará e guia nossas ações no Sistema OCB/PA. As cooperativas têm um papel essencial em impulsionar a agenda sustentável, pois estão diretamente conectadas às comunidades locais e aos recursos naturais, especialmente na Amazônia, onde a preservação ambiental é vital.
O protagonismo das cooperativas paraenses na COP30 será uma oportunidade única para mostrar ao mundo como é possível conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental. Com iniciativas como o programa Biocoop e parcerias estratégicas, estamos ampliando a participação das cooperativas na cadeia produtiva sustentável, agregando valor aos produtos da floresta e reforçando nosso compromisso com o futuro do planeta.
O legado que queremos deixar com a COP30 é justamente o de um cooperativismo que promove a sustentabilidade como um caminho para o desenvolvimento social e econômico, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
As discussões durante a COP30 devem ampliar o acesso das cooperativas a financiamentos verdes e parcerias internacionais. Como esse apoio é importante para o desenvolvimento de iniciativas a longo prazo voltadas a sustentabilidade e economia verde?
O acesso a financiamentos verdes e parcerias internacionais traz oportunidades valiosas para as cooperativas expandirem suas práticas ambientais, melhorar a gestão de recursos naturais e inovar com soluções sustentáveis. Esses apoios permitem que as cooperativas implementem tecnologias mais limpas, fortaleçam a agricultura familiar e promovam a preservação ambiental, garantindo a sustentabilidade a longo prazo.
Além disso, o apoio internacional fortalece o reconhecimento do cooperativismo como um modelo de negócios sustentável, capaz de gerar não apenas resultados econômicos, mas também impactos sociais e ambientais positivos. A participação ativa das cooperativas na COP30 poderá consolidar o cooperativismo como uma solução estratégica para os desafios globais relacionados às mudanças climáticas e à preservação ambiental.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop

Entrevista exclusiva publicada na edição 122 da Revista MundoCoop