Levantamento realizado pelo Valor Data, núcleo de captação e análise de dados do jornal Valor Econômico, mostra que oito cooperativas agropecuárias brasileiras vão investir R$ 7,4 bilhões na expansão de suas atividades neste ano. Os valores incluem anúncios realizados pelas cooperativas Coamo, Lar, Aurora, Comigo, Cocamar, C.Vale, Frísia e Coopavel. Em alguns casos, os aportes vão se estender até 2026. No ano passado, essas cooperativas anunciaram investimentos de R$ 3,8 bilhões.
O aumento dos aportes, mesmo em um quadro de desvalorização de produtos importantes para as cooperativas, como a soja, será possível graças aos bons resultados que elas acumularam em anos anteriores. Os investimentos se concentrarão principalmente em projetos industriais destinados a agregar valor aos produtos agrícolas.
A Coamo, por exemplo, prevê desembolsar R$ 3,5 bilhões no período de 2024 a 2026, incluindo a construção de uma usina de etanol de milho e a expansão de suas instalações de armazenagem e processamento. Por sua vez, a Comigo planeja investir R$ 1,3 bilhão até 2026 em uma nova planta industrial em Palmeiras de Goiás (GO), que processará 5 mil toneladas de soja por dia e incluirá um terminal na Ferrovia Norte-Sul.
A Cocamar anunciou investimentos de até R$ 1 bilhão, com metade desse valor destinado a aumentar a capacidade de esmagamento de soja em sua fábrica de Maringá (PR). Já a Aurora destinará R$ 783,4 milhões em 2024 para ampliar e modernizar suas instalações, tendo recentemente inaugurado uma unidade de processamento de carnes em Chapecó (SC). A C.Vale, após concluir um investimento de R$ 1 bilhão em uma unidade de esmagamento de soja em Palotina (PR), planeja expandir sua capacidade de produção de rações.
Além disso, a Coopercitrus, em parceria com a Amaggi e a Tecnobeef, está investindo em uma nova empresa de produção de fertilizantes organominerais em Altair (SP), visando a sustentabilidade e a verticalização de seus negócios.
Por outro lado, a Castrolanda, junto com outras cinco cooperativas, investiu R$ 1,5 bilhão na construção da Maltaria Campos Gerais, que começará a operar no próximo mês.
Apesar desses ambiciosos projetos de investimento, o Valor Data aponta que as sobras (lucros líquidos) das 15 maiores cooperativas do agronegócio nacional caíram 23,6%, totalizando R$ 6,08 bilhões em 2023, enquanto a receita líquida dessas cooperativas diminuiu 0,2%, para R$ 180,18 bilhões no mesmo ano.
Agro tem melhor primeiro trimestre da história
O primeiro trimestre de 2024 foi histórico para as exportações dos produtos do agronegócio brasileiro, apesar da queda no preço das commodities no mercado internacional.
Os quase US$ 37,5 bilhões comercializados entre janeiro e março — valor 4,4% maior do que no mesmo período do ano passado — refletem, principalmente, o aumento da produtividade no campo.
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o chamado índice de quantum, que mede a evolução do volume dos produtos que compõem a pauta de exportações, subiu 14,6%. Isso serviu para compensar a queda no índice de preços dos produtos agropecuários, que foi de 8,8% nos três primeiros meses do ano.
Na prática, o crescimento na quantidade vendida ao exterior foi suficiente para mitigar o preço mais baixo dos produtos da agricultura e pecuária no mercado internacional, problema que preocupa o setor.
Os dados de comércio exterior também mostram que a dependência da balança comercial brasileira do agronegócio cresceu no primeiro trimestre. Os produtos com origem no campo representaram 47,8% das vendas externas totais do país, ante os 47,3% observados nos três meses iniciais de 2023. “O ponto negativo disso é que nunca é bom ficar dependente de um setor apenas, seja indústria, serviços, agro, porque isso faz com que qualquer tipo de choque, seja no preço da commodity, no câmbio ou em insumos, propague um efeito negativo ainda maior na economia”, ressalta Rodrigo Leite, professor de Finanças e Controle Gerencial do Instituto Coppead da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Fonte: Agromidia e Brasil 61
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