O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem celebrado o Ano Internacional das Cooperativas com uma série de iniciativas voltadas ao fortalecimento da relação entre a instituição e o cooperativismo. O diálogo com dirigentes de entidades representativas para estreitar a cooperação multilateral em prol do desenvolvimento brasileiro integra as ações do banco e viabiliza o crescimento do impacto do setor no país.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, definiu a abrangência do cooperativismo brasileiro, que, atualmente, integra cerca de 23,5 milhões de cooperados no Brasil. Para o presidente, os motivos pelos quais o modelo econômico tem crescido em relevância no país se resumem pelo alinhamento do sistema de negócio com os princípios necessários para a evolução social. “O cooperativismo é uma força econômica e social decisiva no Brasil, que gera diretamente 550 mil empregos e tem um faturamento de 692 bilhões por ano”, afirma.
Mercadante também se refere à atuação do cooperativismo financeiro para a democratização do acesso ao crédito. De acordo com o presidente, o BNDES está empenhado na ampliação da presença dessas instituições financeiras do ramo cooperativista nas áreas com maiores dificuldades de acesso ao crédito. De acordo com o presidente, o banco já realizou mais de 260 mil operações de crédito com cooperativas, totalizando R$ 37,4 bilhões em financiamento. “É um instrumento capilar de acesso ao crédito. Elas chegam aonde as agências bancárias não chegam mais. A nossa expectativa om o acordo é aproximar ainda mais o cooperativismo do BNDES e permitir, na forma de seminários, eventos, plataformas digitais, treinamento de formação de dirigentes do cooperativismo, fomentar as linhas crédito do cooperativismo”.
Marcio Lopes de Freitas, presidente do OCB, analisa a participação do setor nas áreas econômicas e sociais do país. O representante chama a atenção para a diversidade de serviços das cooperativas financeiras. “Essa turma faz todos os serviços bancários. Atualmente, essas cooperativas têm até mais alternativas para oferecer do que bancos tradicionais”, expos.
Os desafios para garantir a distribuição justa e fomentar a prosperidade regional no Brasil também integrou a fala de Marcio. Para isso, o representante salienta os esforços do Sistema OCB e todas as instituições envolvidas nos processos de subsídio à categoria para viabilizar respaldos para os diversos setores do cooperativismo. O presidente também ressalta os objetivos do movimento brasileiro, de alcançar R$ 1 trilhão em movimentação financeira e atingir a marca de 30 milhões de cooperados até 2027. No último Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), cerca de 3,5 mil lideranças debateram e definiram 25 diretrizes estratégicas para alcançar essas metas.
Outros pontos apontados pelo presidente Marcio levaram à reflexão sobre a participação da Inteligência Artificial nos processos das cooperativas e a importância da criação de métricas para assegurar o desenvolvimento sustentável.
Os deputados federais Fernando Mineiro e Arnaldo Jardim destacaram as ações integradas do governo federal e dos governos estaduais para o progresso das iniciativas de auxílio às áreas. Fernando Mineiro, também presidente da Frente Parlamentar da Economia Solidária, evidencia a capacidade do cooperativismo de viabilizar a evolução de áreas marginalizadas. “Hoje, o cooperativismo é uma porta de entrada de estabilidade de vários setores da economia, como a agricultura familiar, de inovações, e a relação público-privada. O cooperativismo é, sum dúvida, um dos caminhos para enfrentar muitas questões no país”, ressalta.
O termo de cooperação entre OCB e BNDES foi assinada pelos presidentes das instituições e testemunhado por Maria Fernanda Coelho, diretora do BNDES, e Tânia Zanella, superintendente da OCB e presidente do instituto Pensar Agro. Este é o segundo acordo de cooperação firmado entre as instituições e, com um prazo de 5 anos, tem o objetivo de ampliar o acesso das cooperativas regularmente registradas às linhas de financiamento e soluções do BNDES e, para isso, prevê ações de divulgação contínua das políticas e plataformas digitais do BNDES, a realização de eventos e comunicações informativas, a capacitação de representantes da OC, o desenvolvimento conjunto voltados ao fortalecimento do cooperativismo e o intercâmbio de informações relevantes entre as instituições.
Impacto do cooperativismo de crédito no desenvolvimento econômico e social do Brasil
Maria Fernanda Coelho, Diretora do BNDES, analisa os resultados obtidos pelas cooperativas financeiras e as perspectivas de crescimento e aplicação em iniciativas de cunho social, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Sul.
No último ano, o banco anunciou mudanças nas condições do programa que, no ano anterior, havia aprovado R$ 1,5 bilhão em mais de 122 mil operações. Neste período, o banco reduziu taxas de juros nas regiões Norte e Nordeste, ampliou os prazos de financiamento e o rol de clientes atendidos, gerando potencial impacto de cerca 5 milhões de novos cooperados.
Ailton Aquino, Diretor de fiscalização do Banco Central e membro do painel, pontua que os trabalhos sobre economia bancária produzidos pela instituição denotam as cooperativas como ferramentas para produção de benefícios econômicos aos seus associados e à comunidade.
De 2021 a 2025, as cooperativas foram responsáveis pela inauguração 320 novas agencias no norte e no nordeste, contrapondo as 140 agencias fechadas por instituições bancárias. Sobre isso, Ênio Meinen, Diretor do Sicoob, reafirma a intenção do crescimento contínuo ao longo do território brasileiro, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde estão presentes em apenas 40% e 15% das localidades, respectivamente.
Somente em 2024, as cooperativas financeiras foram responsáveis pelo repasse de R$ 37,4 bilhões do BNDES, o que representou 34% dos recursos repassados por meio da rede de agentes financeiros credenciados. Ainda, neste período, parceiros do cooperativismo financeiro promoveram mais de 260 mil operações de financiamento, com 99% das operações com micro, pequenas e médias empresas.
Para justificar o impacto do ramo no cotidiano da socieade, Ênio cita Pontes de Miranda, jurista brasileiro, que define o cooperativismo como “longa-manos” do cooperado. “O cooperativismo é um prolongamento do BNDES, permitindo que a instituição esteja presente e atuante em todos rincões brasileiros”, compara.
Por fim, Alison Pablo de Oliveira, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), apresenta as maneiras efetivas de conversão dos números apresentados ao longo das exposições em ganhos para a sociedade. Uma das análises trazidas ao debate elucidou a robustez das cooperativas financeiras na vida de famílias registradas no CadÚnico e beneficiarias do Bolsa Família.
O estudo apresenta que a presença local das cooperativas financeiras está correlacionada com o aumento de 24,2% da média de pessoas matriculadas no ensino superior e no crescimento de mais de 23% na produção agrícola.
Cooperativismo de produção agroindustrial e o desenvolvimento sustentável
José Luis Gordon, Diretor do BNDES, reflete a respeito das estratégias de governo para desenvolvimento produtivo e dados econômicos relacionados ao desenvolvimento agrícola sustentável no país e, sobretudo, na Amazonia.
Pedro Neto, membro da Secretaria de novação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do MAPA, salientas que algumas das estratégias centrais do governo que possuem fortes eixo cooperativos.
Uma dessas alternativas, é o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradas, que já faz parte do Plano Setorial Brasileiro. Pedro destaca que a conversão de área diminui a pressão por desmatamento e viabiliza o plantio direto, o uso de bioinsumos e integração lavora-pecuária-floresta. “É uma tecnologia que tem uma alta capacidade tração e está no centro da nossa estratégia”
Alberto Oppata e Elias Zudek, presidentes das cooperativas agrícolas de Tomé-Açu (CAMPTA) e FRIMESA, apresentaram a atuação das instituições frente aos desafios para a promoção do desenvolvimento local nas áreas de cultivo e abate de animais.
Pedro Neto finaliza o raciocínio reiterando o cunho educativo das discussões, relevando a importância da intercooperação para a manutenção do sistema de negócio cooperativista. “Gostaria de reforçar que esse diálogo cooperativo vai além da forma de organização de produtores rurais. Que possamos avançar na capacidade de diálogo e aprendizado conjunto, consolidando as bases cooperativas no nosso país.”, concluiu.
Por João Victor – Redação MundoCoop