Já parou para pensar como vai ficar o mercado de trabalho neste e nos próximos anos? Não faz muito tempo, passamos por desafios globais, como a pandemia de Covid-19, que trouxeram mudanças significativas na forma de viver e, também, de trabalhar. As práticas do home office e do modelo híbrido (presencial e online) são um exemplo. Mas será que elas continuarão a crescer no cooperativismo? E mais: como as cooperativas podem se preparar para reter talentos e atrair novos profissionais em um mundo cada vez mais digital?
De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Gartner, em 2023, 26% dos executivos de grandes empresas apontaram a escassez de talentos como o risco mais prejudicial às organizações. Então, sem dúvida, esse é um ponto a ser priorizado pelas coops.
“As cooperativas já são referência no cuidado com as pessoas, o que as tornam ainda mais atrativas para quem gosta de um ambiente de trabalho agradável”, destaca Carina Batista Melo, gerente de Pessoas do Sistema OCB. “Acreditamos que equipes de excelência geram resultados de excelência. Por isso, dentro do coop, investimos fortemente na seleção, treinamento e retenção dos nossos talentos.”
Pensando em ajudar sua cooperativa nessa jornada, reunimos 6 tendências de gestão de pessoas para 2024:
1. Aprenda a lidar com a geração Z
Eles ainda não chegaram aos 30, mas já a partir deste ano passarão a representar ¼ da população global de trabalhadores, segundo relatório da Future Dojo. E a tendência é de que estejam cada dia mais envolvidos no desenho de estratégias e na tomada de decisões, ocupando também cargos de liderança, embora este não seja, em muitos casos, o objetivo final.
A chamada geração Z, formada por pessoas nascidas entre 1995 e 2010, enxerga o trabalho de uma forma diferente de gerações anteriores. Pesquisas indicam que esses jovens adultos querem crescer profissionalmente, mas não colocam o trabalho como prioridade máxima. São profissionais que buscam por equilíbrio entre o pessoal e o profissional, querem trabalhar com propósito e não descuidam da saúde mental.
Estudo realizado em agosto de 2023 pela Visier — plataforma de análise de pessoal e planejamento de força de trabalho — com 1000 funcionários de diferentes idades nos Estados Unidos, confirma essa tendência. A carreira aparece em 4º lugar em uma lista de prioridades elencada pelos entrevistados desta faixa etária.
Para completar, eles tendem a preferir modelos de trabalho mais flexíveis, com mais liberdade no que diz respeito à carga horária, por exemplo (veja os tópicos 2, 3 e 4 desta matéria). Em alguns casos, também exploram atividades paralelas, pensando em uma maior independência financeira.
Como lidar com esses profissionais? Reunimos algumas dicas para o convívio diário com a geração Z no ambiente de trabalho que podem te ajudar: ofereça oportunidades de aprendizado contínuo, estimule a colaboração e o trabalho em equipe, aposte na autenticidade e transparência e devolva habilidades de liderança. Esses são alguns dos pontos valorizados por eles e que podem fazer a diferença para um ambiente agradável e produtivo.
A transição entre gerações é, com certeza, um desafio, mas as coops já têm exemplos interessantes para compartilhar. A Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) é uma delas. A coop decidiu sair na frente nesse sentido e investir em ações para atrair a juventude. O Núcleo Jovem Coplacana foi criado há quatro anos, uma maneira de inovar e conectar a nova geração ao agronegócio e ao cooperativismo. Uma oportunidade para formar novas lideranças e contar, quem sabe, com novos cooperados e colaboradores. O projeto reúne pessoas com idade entre 16 e 35 anos. Já são 136 integrantes em 17 filiais, e a intenção é levar o projeto para todas as unidades da cooperativa, 35 no total.
2. Ofereça vantagens que vão além do salário
Para manter os talentos na equipe, é preciso mais do que oferecer bons salários. Assim como a geração Z, outras faixas de profissionais também estão em busca de uma vida com equilíbrio. Querem se dedicar ao trabalho, mas com tempo suficiente para suas atividades pessoais.
Diante desse novo cenário, quem emprega precisa usar da criatividade e da inovação para oferecer vantagens e benefícios para aqueles que já fazem parte da equipe e, também, para atrair novos talentos. Quer alguns exemplos?
Um recurso que só vai crescer entre as áreas de Gestão de Pessoas é a flexibilidade de jornada, que também poderá acontecer na marcação de férias. Semanas de trabalho mais curtas (veja mais a seguir) e remuneração variável, com bonificações, são outra tendência. Vale, inclusive, subsídios habitacionais para quem trabalha no modelo home office e programas voltados à educação e ao bem-estar financeiro, que também podem ser estendidos a todos os funcionários.
Sustentabilidade no trabalho – Aliás, essa busca por equilíbrio entre o ambiente de trabalho e a vida pessoal e, consequentemente, por benefícios que vão além do salário, tem também ligação com um dos objetivos estratégicos da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A instituição fala sobre “a promoção do emprego produtivo e de qualidade”, que traga bons resultados tanto para quem executa quanto para quem contrata, um conceito que também é base para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
3. Semanas mais curtas de trabalho
Sabe as semanas de trabalho de quatro dias, que têm ganhado espaço de debate no mundo organizacional? Um artigo da Harvard Business Review diz que esse ainda é um desafio, mas também se apresenta como uma tendência. A ideia, antes considerada radical, tem tido mais abertura e aceitação tanto entre colaboradores quanto entre instituições.
Uma análise realizada pela Gartner indica que 63% de candidatos a novas oportunidades de emprego veem a semana reduzida como um benefício atraente. E os empregadores mais ousados estão colocando em prática também como vantagem competitiva, além de utilizar o modelo para engajar a equipe e contribuir para um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Nos Estados Unidos, por exemplo, 20% dos empregadores já adotaram a semana de quatro dias e outros 41% pretendem adotá-la. É o que indica uma pesquisa da empresa norte-americana Resume Builder feita em 2023.
4. Home Office, trabalho híbrido ou presencial
Com a realidade que vivenciamos durante a pandemia, o modelo home office ganhou a preferência entre muitos profissionais. Hoje, mesmo após um movimento significativo de retorno de diferentes setores aos escritórios, parte das equipes prefere o teletrabalho ou modelos híbridos. E quando falamos das novas gerações, esse percentual cresce significativamente.
Segundo matéria divulgada na Forbes sobre tendências do futuro do trabalho, o modelo 100% home office tende a diminuir ainda mais, dando espaço para a flexibilidade. A ideia é conciliar dias de trabalho em casa e no escritório, com ascensão do modelo híbrido. Uma tendência que atenderá, simultaneamente, as empresas e os funcionários.
A decisão do modelo a ser adotado pode variar de um modelo de negócios para outro e, também, de acordo com os tipos de cargos predominantes. Mas abre-se um espaço, inclusive, para negociações entre times e lideranças.
Flexibilidade no Sicoob: Sabia que já existem cooperativas colocando em prática novas propostas de trabalho? O Centro Cooperativo Sicoob (CCS) é um exemplo. Lá, as atividades também voltaram ao presencial, mas não totalmente. Na verdade, o que se apresentou foi uma forma mais flexível, com parte significativa da equipe no modelo de trabalho híbrido, dias na sede da instituição e dias em casa. Com a transformação digital ainda mais intensa durante a pandemia, a instituição aumentou seu time de colaboradores, passou a contar com profissionais em diferentes partes do país e decidiu investir em flexibilidade. Hoje, as estações de trabalho também são compartilhadas, sendo ocupadas de acordo com as escalas de cada área. |
5. IA como aliada
Diferentes estudos de tendências mostram que a tecnologia continuará em alta, indicando a necessidade de capacitação e desenvolvimento de novas habilidades entre os times das organizações. Afinal, novos recursos tecnológicos devem surgir, e as equipes não só podem, como devem aproveitá-los para otimizar tarefas e desenhar novos produtos, por exemplo.
Um estudo da Accenture apontado em matéria da Forbes revela que faltam habilidades importantes dessa área quando se fala em futuro do trabalho, como entender de dados, conhecer sobre realidade virtual e usar a inteligência artificial (IA). E as chamadas “tech skills” – habilidades digitais – serão cada vez mais valorizadas.
E por falar em IA, segundo o dicionário Collins, ela se apresenta como a palavra mais buscada quando se procura justamente por habilidades, e deve continuar assim. Pesquisa da Gartner mostra que a inteligência artificial vai remodelar funções e abrir novas oportunidades. Há uma estimativa de que, até 2025, 70% das tarefas textuais e de dados serão realizadas a partir de interações com ferramentas de IA. E essa integração com a tecnologia pode tornar o trabalho ainda mais eficiente e dinâmico. Mais uma dica para as cooperativas e suas equipes.
6. Habilidades comportamentais em alta
Que a formação profissional é ponto importante no mercado de trabalho, isso é fato. E a tendência é de um crescimento significativo da importância das habilidades em relação aos diplomas acadêmicos. Existem, inclusive, empresas como Google, Target e Walmart, que não se restringem à exigência do diploma em suas vagas, abrindo oportunidades para diferentes tipos de talentos.
Assim como as “tech skills”, que estão mais ligadas à parte técnica (“hard skills”), outras habilidades também se mostram relevantes para que um profissional continue se destacando no mercado. As “soft skills” (habilidades comportamentais), por exemplo, são importantes para todas as carreiras e podem ser determinantes para se chegar ao sucesso.
Comunicação eficaz, curiosidade, trabalho em equipe e vontade de aprender ao longo da vida (lifelong learning) continuam em alta. Somam-se a elas a inteligência emocional e o pensamento crítico.
“Green skills” – Você já ouviu falar em “green skills”? Elas estão cada vez mais valorizadas e ainda existem poucos profissionais no mercado com essas habilidades. O nome remete às pessoas que têm competências necessárias para trabalhar com sustentabilidade ambiental. Segundo relatório do LinkedIn, citado também em matéria divulgada pela Forbes, há um aumento das contratações que priorizam a sustentabilidade. E apenas 1 em cada 8 pessoas tem uma ou mais “green skills”.
Fonte: Sistema OCB
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