Já trabalhei em uma cultura tóxica, talvez você também já tenha vivido essa experiência e definitivamente não é fácil romper e se libertar desse ciclo violento e socialmente aceito nas empresas. Deixam marcas e, pessoalmente, percebi que minha energia feminina tinha sido ocultada. Ocultada, nunca destruída!
Muitos dos problemas de gestão que colhemos nas empresas são fruto da influência unilateral masculina do ambiente corporativo. As empresas foram construídas por e para homens, o que resultou no desequilíbrio das energias de poder, na ausência do poder feminino. Segundo o relatório Woman In Business 2022, feito pela Grant Thornton Brasil, apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. Já a pesquisa Woman In the boardroom, realizada pela Deloitte em 51 países e em mais de 10 mil empresas, revela que as mulheres ocupam apenas 5% dos cargos de CEO mundialmente, no Brasil esse índice cai para apenas 1,2%. O relatório ainda menciona que empresas com liderança feminina têm, em média, conselhos mais equilibrados em relação à gêneros do que as lideradas por homens.
Diante destes fatos, ainda encontramos uma prevalência de um paradigma de liderança autoritário, que nasceu do patriarcado e foi inspirado na conduta militar, mas o que antes era visto como sinônimo de poder, hoje é visto como o desarranjo emocional – ou isso espero.
O típico exercício de poder de uma pessoa sobre outra é comum em uma grande parte das organizações. As empresas eram majoritariamente composta por homens, e por mais que eles precisassem de acolhimento e afeto, seguiam reproduzindo a violência, foram moldados a sustentarem diálogos punitivos entre si.
Inserção feminina no mercado de trabalho, após guerras mundiais
Somente a partir das duas guerras mundiais que a população feminina entrou no mercado de trabalho, isso aconteceu porque elas se viram em um cenário nunca antes vivido: precisavam sustentar suas respectivas famílias.
As mulheres assumiram os negócios familiares e alguns cargos dos homens no mercado de trabalho, o ambiente era hostil e muitas delas se adaptaram à energia masculina para sobreviver a violência.
O desequilíbrio da energia de poder na gestão continua, mesmo que fosse em menor intensidade. Com o passar do tempo, as mulheres foram se reconectando com sua força interior, entregaram (a)fetividade, não só (e)fetividade quando estavam no comando de um time. Foi através desse olhar maternal que nasceu assuntos importantes como bem-estar, clima, direitos trabalhistas, diversidade e inclusão. É também pelo olhar feminino que nasce o cuidado, a empatia e o acolhimento. As pessoas precisam e buscam lideranças com atributos femininos, que se traduzem no cuidado para si e para o outro.
O convite do poder feminino é exercer COM o outro e não SOB o outro
Foi ao despertar meu feminino que me tornei uma liderança completa, que compreendi através dos não-ditos, que cuidei mais de mim e do meu time, me empoderei e agora busco empoderar outras mulheres para que possam ser quem são.
O modelo de Liderança Shakti desenvolvido por Nilima Bhat e Raj Sisodia propõe para o futuro dos negócios o equilíbrio da energia de poder entre esses dois universos – feminino e masculino – para criar um mundo mais equitativo. Shakti é a força interior que gera cuidado, empatia, elevação, está naturalmente presente na nossa natureza, um poder criativo que nos impulsiona no momento de gerar uma vida.
Lado a lado. Feminino e masculino. O perfeito encontro dos dois gerará um futuro melhor nas empresas. A inserção das mulheres é um movimento necessário e inevitável para o mundo, precisamos nos reconectar com nosso Shakti, e mostrar que é justamente nessa diferença que mora nossa maior força.
*Jéssica Simões é estrategista e LinkedIn Creator
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