Mulheres cooperativistas baianas estiveram reunidas na quinta-feira (11/4) na Roda de Conversa “Liderança Feminina e a Sustentabilidade das Cooperativas”. O evento, promovido pelo Comitê de Mulheres Cooperativistas da Bahia “Elas Pelo Coop Bahia”, vinculado ao Sistema Oceb, em parceria com o Programa das Nações para o Desenvolvimento no Brasil (PNUD Brasil), ocorreu em formato híbrido (presencial e transmissão on-line). A atividade teve por objetivo disseminar o cooperativismo baiano, especificamente o papel das mulheres, e coletar ideias para atualizações futuras do Plano de Trabalho do Elas Pelo Coop Bahia.
Durante a abertura, Cergio Tecchio, presidente do Sistema Oceb falou sobre a necessidade e importância das mulheres no contexto do cooperativismo, em especial, na Bahia, além de incentivar a criação de mais espaços voltados ao público feminino nas cooperativas. “O desenvolvimento do cooperativismo não é completo se as mulheres não participam em todas as ações das cooperativas como funcionárias, diretoras, conselheiras, presidentas. Temos que incentivar para que se associem, façam negócios, de modo, a promover a integração, a inclusão financeira, social e política para tornar o cooperativismo no estado da Bahia mais acessível às baianas. Gostaria de convidar todas as participantes que levem para as suas cooperativas o propósito maior de melhorar a qualidade de vida das pessoas e sugerir que pense seriamente em formar comitês de mulheres”, conclamou o dirigente cooperativista estadual.
Também atuando na promoção e realização da roda de conversa, em parceria com o Sescoop/BA, o PNUD Brasil tem sido um parceiro fundamental do Sistema Cooperativista Baiano para efetivar a atuação do empreendimento cooperativo no estado em sintonia com a Agenda 2030 e os ODS. Um exemplo tem sido o desenvolvimento do projeto “Coops Competitivas e Sustentáveis” com a realização de diagnósticos, capacitações, assistências técnicas voltadas às cooperativas baianas com foco na melhoria de acesso ao mercado, alinhado com práticas de sustentabilidade. Essa atuação conjunta resultou na organização do evento com destaque para o ODS 5 “Igualdade de Gênero”.
Representante do PNUD Brasil na Bahia, Leonel Leal Neto, afirma que a participação feminina no ambiente organizacional é salutar e agrega valor ao movimento cooperativista. “O protagonismo feminino dentro das organizações, e particularmente dentro do ambiente cooperativista atende não só um direito da mulher de exercer uma liderança, de ocupar um espaço que ela deseja ocupar, mas, também, de fortalecer o cooperativismo, pois ganha a mulher e ganha a cooperativa quando tem uma participação mais proeminente das mulheres”, explicou o coordenador local de Projetos da agência de desenvolvimento da ONU.
Instituições parceiras presentes
A Roda de Conversa contou com uma série de instituições parceiras do Sistema Cooperativista Baiano e do PNUD Brasil, principalmente de órgãos governamentais vocacionados para as políticas de igualdade de gênero e ao desenvolvimento sustentável. No encontro estiveram participando secretarias estaduais e municipais e entidades vinculadas, além de organismos do Sistema S.
Fernanda Lordelo, Secretária de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude de Salvador Presente na atividade, Fernanda Lordelo, Secretária de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude de Salvador, explicou sua percepção e se colocou à disposição.
“Estar capacitando hoje e aprendendo com todos sobre a temática do evento faz com que a gente tenha, também, um olhar mais específico. Aqui estou como uma ponte do município para que a gente construa e possa efetivamente otimizar o trabalho em desenvolvimento em prol das mulheres”, concluiu a dirigente da pasta municipal da capital baiana.
A assessora especial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, Fabiene Hita, elogiou a experiência. “A Roda de Conversa ‘Liderança Feminina e a Sustentabilidade das Cooperativas’ representa, na prática, um passo fundamental para o reconhecimento da pauta, como também favorece um olhar para a importância das cooperativas para o desenvolvimento econômico da Bahia. Por este motivo, foi para mim uma experiência muito enriquecedora. Promover escuta ativa a variados segmentos, sobretudo ao poder público, nos permite estabelecer políticas públicas para superar os desafios”, refletiu.
Roda de Conversa: liderança feminina do global ao local
Composta por Ismália Afonso, oficial do PNUD Brasil para os temas de Gênero e Raça; Valdirene Oliveira, presidente da Cooperativa Ser do Sertão; e Ially Carmo, superintendente da Oceb, a Roda de Conversa foi um fórum de amplo debate e discussões acerca do papel das mulheres na sociedade contemporânea.
Em sua apresentação, Ismália Afonso comentou sobre o impacto das normas sociais em escala global como barreiras a serem enfrentadas pelas mulheres no dia a dia. “Os preconceitos contra as mulheres que estão colocados na sociedade dificultam o avanço e a participação plena. Isso representa mais dificuldade de alcançar a liderança, ou quando alcançada, uma liderança mais questionada, mais difícil e um ambiente mais hostil. E, também, como essas normas acabam orientando políticas públicas e ações de entes privados que são elaboradas e desenvolvidas a partir de um olhar machista”.
Ismália Afonso, oficial do PNUD Brasil para os temas Gênero e RaçaPara ela, a forma como lidam com esse tipo de questão pode ser um caminho para superar as adversidades.
“De que maneira as mulheres que estão nas cooperativas podem contribuir para mudar a realidade, as normas sociais prejudiciais a elas mesmas e como elas podem se organizar para tentar modificar por meio da exigência de políticas públicas, e como o próprio Sistema Cooperativista pode contribuir nesse sentido? Nós vimos nas discussões que todas elas estão antenadas com o fato de que é preciso melhorar a presença de mulheres em posições de liderança e que uma vez ocupadas elas têm um impacto muito grande no resultado. Me surpreendeu o fato de que existem boas experiências e as mulheres cooperativistas estão prontas para avançar ainda mais”, finalizou a oficial do PNUD Brasil.
Valdirene Oliveira, presidente da Cooperativa Ser do Sertão apresentou sua trajetória de vida que a tornou em uma liderança comunitária, sindical e mais recentemente cooperativista. Assumindo posição na presidência de uma cooperativa que passava por sérios problemas, a dirigente vem conseguindo superar as dificuldades e projetar o trabalho da cooperativa agropecuária por meio da melhoria da governança e gestão como maior espaço oferecido às mulheres.
“Nossas ações de não só viabilizar a igualdade de direitos, mas de ter espaço para a mulher exercer suas atividades no ambiente de trabalho proporcionaram à Ser do Sertão ser uma das entidades certificadas com o Selo Lilás pela garantia de direitos da mulher como algo essencial da governança e gestão da cooperativa. Não dá só para colocar a mulher numa posição de igualdade de espaços, mas a mulher precisa ter o direito de acesso a esses espaços. Isso envolve igualdade salarial nas mesmas funções exercidas, respeito ao horário de amamentação, à licença maternidade, todos os direitos dados, mais efetivamente. Não basta só criar espaço para as mulheres, mas precisa viabilizar o acesso a tais espaços”, apontou a presidente da cooperativa de agricultura familiar sediada em Pintadas.
As diferenças entre meninas e meninos que culturalmente assumem diferentes papéis e geram expectativas igualmente distintas na sociedade atual foram a tônica da apresentação da superintendente da Oceb, Ially Carmo. Também, os bons exemplos vindos da Casa do Cooperativismo Baiano foram trazidos.
“Atualmente, no Sistema Oceb, temos 26 funcionários, sendo 17 mulheres. Isso é fruto de um trabalho de reconhecer o nosso papel que passa pelo entendimento das nossas lideranças sobre a importância da presença feminina. Contudo, reconhecemos que precisamos de mais mulheres em todos os cenários e estruturas, em especial na liderança”. A executiva da Oceb trouxe ainda informações relevantes sobre os benefícios da liderança feminina para as organizações. “Quando ocorre (a liderança feminina), geralmente produz representatividade (inspiram outras a seguirem seus passos), impacto positivo (perspectivas únicas e inovadoras de liderança), reconhecimento (premiações e homenagens) e exemplo inspirador (motiva as próximas gerações de mulheres líderes)”.
Planejamento do Elas Pelo Coop Bahia
As atividades foram encerradas com uma oficina de planejamento de ações do Comitê de Mulheres Cooperativistas da Bahia “Elas Pelo Coop Bahia”, em que as participantes puderam formular ideias e posteriormente priorizar aquelas mais relevantes para atuação da instância de representação das mulheres do cooperativismo no estado da Bahia.
Formado por representantes cooperativistas das cinco regiões estratégicas de atuação do Sistema Oceb no estado, o Comitê de Mulheres Cooperativistas da Bahia “Elas Pelo Coop Bahia” foi o idealizador do projeto que culminou com a atividade final voltada ao próprio comitê em planejamento de ações futuras.
A coordenadora do Elas Pelo Coop Bahia, Vera Lucia Ventura, explicou os objetivos do espaço de representação feminina do cooperativismo baiano e os resultados que vem sendo alcançados.
“O objetivo do comitê é que as mulheres se capacitem, possam melhorar a economia, a visibilidade e possam se sentir pertencentes. Na Bahia, com esse trabalho que estamos desenvolvendo, a gente conseguiu ser contemplado com o Selo Lilás, o que nos dá muita motivação para que possamos continuar de uma forma séria e abrangente, pois nos dá visibilidade e mostra que devemos continuar atuando com mais mulheres dentro do nosso modelo de negócios no estado”, concluiu a também vice-coordenadora do Comitê Nacional de Mulheres Cooperativistas “Elas Pelo Coop” do Sistema OCB.
Se sua cooperativa está interessada em constituir um comitê de mulheres acesse o “Manual de implantação de Comitês de Mulheres nas Cooperativas”, elaborado pelo Sistema OCB ou entre em contato com o Comitê Elas Pelo Coop Bahia por meio do e-mail [email protected] .
Fonte: Ascom Sistema Oceb
Discussão sobre post