Mais uma vez, a UFV proporcionou um encontro entre o presente e o passado com a cerimônia de celebração dos 50 anos do ensino de Cooperativismo no Brasil e do curso de Cooperativismo da Universidade, realizada na noite dessa terça-feira (2). No auditório da Biblioteca Central do campus Viçosa, dentre outros, deixaram registrados os parabéns, com votos de vida longa ao curso, a atual aluna Lidiane Heleno Grigório e o ex-estudante Remy Gorca Neto; o atual chefe do Departamento de Economia Rural (DER), ao qual o curso está vinculado, Marcelo José Braga, e o ex-chefe e ex-reitor Antônio Lima Bandeira; o docente e coordenador do curso, Pablo Murta, e o professor aposentado José Horta Valadares. Foi uma noite de homenagens, de lembranças e de reconhecimento da importância do cooperativismo para a sociedade.
A cerimônia começou com uma fala, a distância, do presidente da Aliança Cooperativista Internacional, Ariel Guarco, que destacou o pioneirismo da UFV em oferecer formação acadêmica em cooperativismo no Brasil. A instituição, segundo ele, é uma referência, inclusive, internacional, por promover, há meio século, estudos, análises e a profissionalização do modelo socioempresarial. “Não é casualidade que este desenvolvimento acadêmico tenha lugar em um país cujo ecossistema cooperativo é um dos mais sólidos e reconhecidos no mundo”, disse. Ao reforçar que a Aliança considera a educação um dos pilares fundamentais do movimento cooperativista, ressaltou o papel do curso da Universidade de “construir um mundo mais justo, mais democrático e mais solidário”.
Dentre os convidados que ocuparam um lugar na mesa oficial do evento estava Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg (Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais), que se autodefine como o “decano do cooperativismo brasileiro”, com 74 anos de trabalho dedicados ao tema. Em sua fala, contou histórias, ressaltou a importância da UFV para o setor e se dirigiu especialmente aos jovens de quem, segundo ele, a sociedade precisa muito. “Nós precisamos do jovem, da formação da liderança nova, sob pena de retroceder nos nossos projetos, inclusive no de cooperativa”. Ele afirmou que as cooperativas estão no mercado fazendo negócios e que não se constrói um paraíso social em cima e uma ruína econômica. Por isso, afirmou: “precisamos das cooperativas bem trabalhadas, com pessoas que tenham conhecimento, fazendo coisa bem feita, dando resultado positivo para aplicar no social e cumprir o objetivo maior do cooperativismo”.
Também na mesa estava o deputado estadual (MG) Leleco, representante da Frente Parlamentar do Cooperativismo. Ele desejou que o curso, para além da graduação e do repertório celebrado, possa abrir os seus campos, porque está ligado ao Brasil profundo, que sonha, por exemplo, em sair do mapa da pobreza definitivamente, com cooperativas de agricultores dando conta de uma política nacional de segurança alimentar. Contou que, na tarde dessa terça-feira, havia protocolado, na Assembleia Legislativa, o Projeto de Lei nº 4333, de 2025, que reconhece como de relevante interesse cultural do estado o cinquentenário do curso Cooperativismo da UFV e a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP/UFV). Com isso, autoriza o poder executivo a celebrar parcerias para o incentivo e fortalecimento do associativismo, do cooperativismo e da economia popular solidária em Minas Gerais. Por fim, propôs que, nesse cinquentenário, se reflita sobre a “perspectiva do curso de Cooperativismo no desenvolvimento de políticas públicas coletivas para que se possa aprimorar e tirar o país da fome, da miséria e da pobreza”.
Representantes da UFV
O chefe do Departamento de Economia Rural, Marcelo José Braga, que iniciou suas atividades como professor da UFV no curso de Cooperativismo, lembrou as diferentes fases que o ensino de cooperativismo trilhou nestes 50 anos, com desafios e conflitos que foram superados, conforme ele, graças à dedicação e ao empenho de vários servidores da instituição. Esses desafios, de certa forma, se revelam nos quatro diferentes nomes que batizaram o curso ao longo desses anos para se adaptar às conjunturas de cada época. Nos últimos 20 anos, no entanto, na avaliação do chefe do DER, o curso se consolidou na UFV de forma multidisciplinar. Além de ter cumprido seu papel na promoção para o desenvolvimento sustentável, na avaliação do professor, o Cooperativismo tem condições de responder aos desafios globais que se colocam e contribuir para o crescimento econômico e social das comunidades. Essa percepção está de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) que declarou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas. Com o tema Cooperativas Constroem um Mundo Melhor, a ONU reconhece a importância delas no desenvolvimento sustentável e na promoção de uma economia mais justa.
A vice-reitora Rejane Nascentes também comentou sobre a importância do curso de Cooperativismo para o Brasil e a UFV, recordando a trajetória de resiliência dele. Hoje, de acordo com a vice-reitora, é o único de bacharelado presencial no Brasil. Já são quase mil profissionais formados. Ela destacou a qualidade e o aperfeiçoamento da matriz curricular do curso, que contribui para o diferencial na formação, e sobre os 29 anos de atuação da Empresa Júnior de Gestão de Cooperativas e Cooperativismo (Campic), referência na região. O trabalho significativo desenvolvido pelo curso e pela Campic vai ao encontro do objetivo da UFV de provocar mudanças na sociedade. “Eles ajudam não só a mudar a realidade da nossa região, mas do nosso país. E esta é a nossa obrigação, já que muitos recursos públicos são investidos na universidade, sendo necessário devolvê-los para a sociedade”.
O diretor do Centro de Ciências Agrárias (CCA), Mário Luiz Chizzotti, registrou a sua satisfação em ver o curso de Cooperativismo favorecendo a integração social e contribuindo para a formação de líderes. “Celebrar esses 50 anos significa olhar para a frente; o curso segue cada vez mais estratégico para garantir a sustentabilidade, o equilíbrio e a competitividade das nossas cadeias de geração de alimentos”. Ao lado de Chizzotti, na mesa oficial, além da vice-reitora, do chefe do DER, do deputado, do ex-reitor da UFV e do presidente do Ocemg, estavam também os representantes das pró-reitorias de Ensino, Tiago Mendonça; de Extensão e Cultura, João Marcos de Araújo, e de Pesquisa e Pós-graduação, Murilo Zerbini, e a diretora de Controle e Risco do Sicoob Uni Sudeste Bianca Noronha.
Homenagens
Durante a cerimônia, dois ex-servidores da UFV que atuaram no curso de Cooperativismo foram homenageados por terem colaborado diretamente na construção do legado de cinco décadas: o professor aposentado José Horta Valadares (foto à esq.), “pela sua trajetória acadêmica e humana que marcou profundamente a formação de gerações de cooperativistas”, e a técnica aposentada Terezinha de Castro Fontes, conhecida como Tedinha (foto à dir.), “pelo zelo, dedicação e apoio incansável ao Curso”.
Também dois ex-alunos do curso, quando ele ainda se chamava Tecnólogo em Cooperativismo, receberam placas “pelo exemplo que inspira novas gerações a seguirem os princípios do cooperativismo, baseados na união, na solidariedade e na construção de uma sociedade mais justa”. Remy Gorca Neto e Maria José de Andrade Leão Oliveira ocupam, hoje, respectivamente, a presidência do Sistema Organização das Cooperativas do Distrito Federal (OCDF) e a superintendência do Sistema de Organização das Cooperativas (OCB) de Tocantins. Em seu discurso, Remy destacou três sentimentos do momento: responsabilidade, por estar representando egressos do curso, hoje profissionais que atuam no mercado; honra, por ter sido aluno do curso, e gratidão, por ter conhecido colegas e mestres tão importantes.
O curso também recebeu uma homenagem dos cursos de pós-graduação vinculados ao DER (Economia Aplicada e Extensão Rural). Ela foi entregue pela professora Viviani Lirio ao coordenador do Cooperativismo, Pablo Murta.
Fonte: Universidade Federal de Viçosa com adaptações da MundoCoop
