Na tarde da última sexta-feira (14/3), aconteceu a Assembleia de Constituição da cooperativa Manualidadeterapia, que vai fazer parte do Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços no Espírito Santo. A agenda ocorreu na sede do Sistema OCB/ES, em Vitória, e foi acompanhada pela equipe da organização estadual.
A Manualidadeterapia irá atuar fornecendo serviços que combinam a promoção da saúde mental com artes manuais, técnica conhecida como arteterapia, o que explica o nome da cooperativa. De acordo com a presidente da coop, Henriqueta Hosken, essa estratégia é eficaz para quebrar a resistência que pode existir em relação ao cuidado com a saúde mental.
“Hoje, apesar de a saúde mental estar muito em alta, ainda há muito tabu. Se você convida alguém para falar sobre o assunto ou para fazer uma terapia, isso pode gerar uma resistência. Quando você convida para um artesanato, seja uma pintura, um crochê ou uma cerâmica, é mais fácil. Ali a gente insere a terapia em grupo. É um trabalho de terapia, na verdade. Não é o artesanato pelo artesanato. É o artesanato como terapia”, esclarece.
A coop pretende atender indivíduos, empresas e órgãos governamentais que buscam implementar programas voltados ao cuidado da saúde mental. Ruth Santos, psicanalista e diretora administrativa e financeira da Manualidadeterapia, conta quais públicos serão priorizados nessa primeira etapa do negócio.
“Em teoria, podemos atender todo mundo, mas ainda não temos braços e pernas para fazer esse acolhimento geral. Então, focamos em um público mais específico, como senhoras que estão na fase de menopausa, aposentadoria, distanciamento dos filhos e com o sentimento de ninho vazio. No entanto, ela também está aberta para empresas que desejarem levar a saúde mental para o seu público interno, em pequenos grupos, porque ainda não damos conta de atender grandes empresas”, detalha.
Além de proporcionar a saúde mental, a cooperativa também tem em vista a possibilidade de gerar autonomia financeira para os indivíduos e grupos que atenderá. Isso seria viável a partir da comercialização das artes produzidas pelos participantes das oficinas.
Como a cooperativa surgiu
A amizade entre Ruth Santos, diretora administrativa e financeira da Manualidadeterapia, e a presidente da coop, Henriqueta Hosken, fez as primeiras ideias do projeto que deu origem à cooperativa aflorarem.
“Comecei a fazer crochê aos seis anos de idade e, em uma transição de carreira aos 50 anos, comecei a fazer psicanálise clínica. Eu me juntei a uma colega de curso [Henriqueta], na época também em transição de carreira. Tudo começou com uma blusa de crochê que eu fiz para ela, lá em 2017. De lá para cá, fizemos mais peças e terapia juntas, atendendo um público social na escola em que nos formamos. O trabalho foi tomando forma naquela ideia inicial de ajudar pessoas com essa junção de terapia e artesania”, lembra Santos.
Já a ideia de constituir uma cooperativa que presta serviços de arteterapia começou no dia 10 de outubro de 2024, no Dia Mundial da Saúde Mental. Mais especificamente, durante uma oficina de pintura em tela conduzida por uma artista plástica e que reuniu aproximadamente 17 pessoas. Desse grupo inicial, parte seguiu com o projeto e formou a cooperativa, atualmente composta por 14 membros.

“Foi um momento muito maravilhoso. As pessoas que participaram gostaram demais. Foi uma chance de as pessoas produzirem artes sem julgamentos, sem censura e com naturalidade e leveza. Depois tivemos um conto terapêutico. Foi onde a gente apresentou para o grupo a ideia do cooperativismo”, recorda a diretora administrativa e financeira da Manualidadeterapia, Ruth Santos.
De acordo com Henriqueta, a característica colaborativa fez com que o grupo escolhesse o cooperativismo como modelo de negócio. “No cooperativismo, todos ganham. Não tem uma pessoa que ganha com o trabalho da outra. Todos ganham. Esse modelo cooperativo serve para nós”, enfatiza.
Quem pode fazer parte da cooperativa?
A Manualidadeterapia é formada e está aberta a admitir profissionais de diversas áreas, como médicos, advogados, enfermeiros, psicólogos e psicanalistas. Para fazer parte, é necessário que a pessoa interessada tenha curso superior, independentemente da área. Dominar e saber ensinar alguma arte manual é um diferencial, mas não obrigatório.
“Se você não tem nenhuma habilidade manual, mas tem um desejo de trabalhar saúde mental em grupos, você também é bem-vindo. Você pode ser um cooperado técnico, que realiza consultorias, visita empresas e faz atualizações para atender a norma regulamentadora NR-11, por exemplo. Nós dividimos as responsabilidades”, salienta a diretora administrativa e financeira da coop, Ruth Santos.
Apoio oferecido pelo Sistema OCB/ES
No Espírito Santo, o Sistema OCB/ES é a organização estadual responsável por atender e orientar grupos interessados em constituir cooperativas. Por isso, a Manualidadeterapia recorreu à entidade para obter informações e apoio durante o seu processo de formação enquanto sociedade cooperativa.
Henriqueta Correia, presidente do empreendimento, elogia o atendimento prestado pela instituição. “Tivemos apoio e retorno célere desde o nosso primeiro contato. Expusemos o desejo de formar uma cooperativa e fomos muito bem recebidos. A equipe do Sistema OCB/ES nos esclareceu várias dúvidas, e uma coisa que que quero ressaltar é a rapidez das respostas. Não tinha visto isso ainda”, enaltece.
Fonte: OCB/ES