No dia 19 de junho de 2024, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, reconhecendo o papel vital que essas organizações desempenham na promoção do desenvolvimento sustentável em escala global. Com o tema “Cooperativas constroem um mundo melhor”, a iniciativa reforça o protagonismo do cooperativismo como força transformadora — social, econômica e ambiental — capaz de impulsionar mudanças estruturais rumo a um futuro mais justo, inclusivo e resiliente.
As cooperativas representam uma alternativa ao modelo econômico tradicional, muitas vezes centrado no lucro a qualquer custo, que aprofunda desigualdades, agrava a exploração dos recursos naturais e alimenta crises ambientais. Fundamentadas na solidariedade, ajuda mútua, democracia e responsabilidade social, promovem uma economia colaborativa, participativa e consciente dos limites do planeta. Seus valores de autonomia, equidade e compromisso com o bem comum fazem do cooperativismo uma ferramenta poderosa para enfrentar os desafios do século 21.
Em escala global, as cooperativas têm sido fundamentais para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Elas fomentam o crescimento inclusivo, fortalecem comunidades e promovem a resiliência social. Cooperativas de crédito, de saúde e de agricultura familiar são exemplos de como é possível ampliar o acesso a serviços financeiros, de saúde e de produção de alimentos, aliando geração de renda para os associados à excelência na entrega de produtos e serviços à sociedade.
No Brasil, o cooperativismo tem trajetória sólida e impacto expressivo. Segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2024, o país conta com cerca de 23,45 milhões de cooperados — aproximadamente 11,55% da população —, mais de 550 mil empregos gerados e R$ 692 bilhões movimentados apenas em 2023. O número de cooperados cresceu 14,5% em relação ao ano anterior, evidenciando a força e a vitalidade do setor.
Mais importante que os números, no entanto, é o valor social do cooperativismo. Em um país marcado por enormes desigualdades no acesso à saúde, a capilaridade do sistema Unimed tem sido decisiva para garantir assistência médico-hospitalar a milhares de municípios, inclusive no interior. Um exemplo concreto é Volta Redonda: graças ao investimento contínuo da cooperativa ao longo de seus 36 anos, os moradores da Cidade do Aço já não precisam se deslocar até o Rio de Janeiro para atendimentos de alta complexidade. Esse é apenas um retrato de um universo muito mais amplo de possibilidades que o modelo cooperativista oferece.
Vivemos um tempo em que os sistemas de produção e consumo se distanciaram das reais necessidades do planeta e das populações mais vulneráveis. A lógica de produzir mais, sem considerar os limites ambientais e as demandas sociais, tem agravado crises que se entrelaçam: ambiental, econômica e humanitária. Nesse contexto, o cooperativismo ressurge como uma alternativa viável e necessária para reorganizar prioridades, construir uma economia mais ética e sustentável e recentrar o desenvolvimento no bem-estar coletivo.
Ao se basearem em valores como colaboração, democracia e responsabilidade social, as cooperativas propõem uma reorganização civilizacional. Incentivam práticas de consumo consciente, valorizam a produção local, promovem a inclusão e fortalecem a autonomia das comunidades. São motores da redução das desigualdades e da construção de sociedades mais equilibradas.
O reconhecimento da ONU é, portanto, mais do que uma chancela: é um convite à ação. É hora de governos, empresas e sociedade civil enxergarem nas cooperativas um caminho concreto para construir um mundo mais justo, sustentável e solidário. Quem sabe 2025 marque não apenas uma celebração, mas o início de uma mudança de paradigma — em que o cooperativismo seja, de fato, a bússola para um futuro mais promissor.
Vitório Moscon Puntel é presidente da Unimed Volta Redonda