Enquanto os bancos tradicionais focam suas atividades em rentabilidade centralizada, as cooperativas do ramo financeiro têm conquistado espaço no mercado financeiro como uma alternativa para descentralizar o acesso a serviços bancários e fortalecer economias locais. O trabalho realizado pelo ramo crédito tem mostrado seu potencial a partir de iniciativas de reinvestimento que não só realizam um importante apoio às comunidades, como também fortalecem uma nova lógica de como o sistema financeiro pode promover equidade e desenvolvimento sustentável.
O entendimento da prática cooperativista no setor pode ser traduzido pelo trabalho realizado pelos principais sistemas de crédito cooperativo, responsáveis pela difusão do setor no mercado. O êxito das ações promovidas por essas cooperativas passa por iniciativas de educação financeira e ampliação ao crédito produtivo, além do extenso empenho institucional para contribuir na promoção da competitividade regional de pequenos negócios.
Um exemplo concreto desse modelo vem do Sicredi, que, apenas em 2024, distribuiu cerca de R$ 800 mil para mais de 80 projetos de educação, saúde, cultura e infraestrutura presentes na região do Altos da Serra (RS). Ainda, em dezembro do ano passado, a cooperativa distribuiu R$ 12 milhões aos associados por meio de Juros ao Capital. Até agora, o Sicredi já distribuiu R$ 24,2 milhões a associados e R$ 12,4 milhões depositados no Capital Social.
Mario Maurina, presidente do Sicredi Altos da Serra expressa, para o portal do Sicredi, que a distribuição não é apenas um repasse, mas a materialização do ciclo virtuoso do cooperativismo. “Estas entregas são reflexo do compromisso do Sicredi em reinvestir na comunidade, fortalecendo a economia local e melhorando a qualidade de vida dos associados. Através do cooperativismo, uma força transformadora que promove o desenvolvimento sustentável e a inclusão social, continuaremos a apoiar iniciativas que gerem impacto positivo e contribuam para uma sociedade mais próspera”, afirma.
Ainda no sul do país, o Sistema Ailos também reforçou o seu compromisso social por meio das ações de solidariedade à população atingida pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul. O sistema, que registrou um aumento de 18,2% na carteira de crédito, com R$ 17,4 bilhões, disponibilizou linhas de crédito emergenciais e condições especiais para renegociação de dívidas.
Além disso, o Sistema Ailos investe no empreendedorismo local com as edições da Feira de Negócios Local, iniciativa realizada para impulsionar a atividade econômica dos cooperados empreendedores. O evento, já realizado em cidades como Schroeder (RS), São João dos Pinhais (PR) e Canelhina (SC), promove, junto à comunidade, a divulgação dos produtores locais.
Em combate à centralização do mercado nos grandes polos do país, a Cresol tem se empenhado na ampliação do serviço da cooperativa em regiões subatendidas pelo sistema financeiro tradicional. No último ano, o sistema cooperativo encerrou o período com R$ 42,1 bilhões em ativos totais, um crescimento de 33% em relação a 2023.
Parte do resultado financeiro de R$ 805 milhões e dos depósitos totais de R$ 19 bilhões também foram convertidos em ações de desenvolvimento social. Em 2024, a Cresol beneficiou 32.136 crianças, adolescentes e jovens com os projetos Mesadinha e Sua Turma, Um Olhar Para o Futuro, Poupe Poupe e Juventude Cooperativista.
As ações firmadas por meio de parcerias com mais de 700 escolas, em mais de 300 municípios de 13 estados onde a cooperativa atua compuseram ensinamentos a respeito de educação financeira, sustentabilidade, consumo consciente, empreendedorismo e liderança.
Ainda, um exemplo do plano de ampliação do acesso ao crédito capitaneado pela Cresol é o estabelecimento de agências em cidades com até 50 mil habitantes, o que, atualmente, corresponde a cerca de 80% das agências da instituição. Adriano Michelon, vice-presidente da Cresol, acredita que a estratégia é vital para o desenvolvimento econômico nas regiões menos urbanizadas do Brasil. Para ele, a criação de empregos e oportunidades de negócios, com o auxílio das cooperativas de crédito, se consolidam como expressivos agentes de transformação.
O crescimento do cooperativismo de crédito como modelo transformador é iminente e tem combinado solidez financeira e impacto social. Tais instituições demonstram como o reinvestimento local fortalece economias regionais e acabam resultando na criação de oportunidades para regiões menos assistidas.
Por João Victor, Redação MundoCoop