O cooperativismo mineiro defende cautela diante da possibilidade de aprovação da PEC 8/2025, em discussão no Senado, que altera a jornada 6×1 nas relações de trabalho. O Sistema Ocemg – entidade de representação das cooperativas mineiras – participou de um debate com órgãos de classe de todos os setores produtivos do Estado, onde foi apresentado um estudo inédito que prevê a perda de 18 milhões de empregos e redução do PIB estadual em até 16% caso o projeto seja aprovado como está.
Os dados foram apresentados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) nesta quarta-feira, 16. O levantamento estima ainda que a mudança pode causar queda de R$ 2,9 trilhões no faturamento das empresas, perda de R$ 480 bilhões em massa salarial e redução de R$ 115 bilhões na arrecadação de impostos.
Diante desses números, o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, reforçou que qualquer alteração no regime de trabalho precisa ser conduzida com responsabilidade, planejamento e diálogo com os setores produtivos.
Para o presidente do Sistema Ocemg, é fundamental que qualquer mudança na legislação leve em conta a realidade nacional e os desafios enfrentados por diversos setores. “O cooperativismo defende o trabalhador, a inclusão, a renda e a valorização da pessoa. Mas isso só é possível com uma base sólida: educação de qualidade — que hoje é falha — e mão de obra qualificada — que também falta”, disse.
Ronaldo Scucato defendeu ainda o fortalecimento da economia e a valorização da educação como as bases para qualquer avanço social e trabalhista. “Segundo o International Institute for Management Development (IMD), instituto suíço de referência em pesquisa, o Brasil ocupa a 62ª posição entre 67 países no ranking de produtividade. Isso nos mostra que o desafio do mercado produtivo não é reduzir o tempo de trabalho, mas sim gerar mais trabalho e fortalecer a economia”, destacou.
Além da economia e da produtividade, o dirigente destacou a urgência de investir na formação da juventude. “Temos que parar de repetir que o jovem não quer nada. O jovem quer estudar, quer trabalhar. Precisamos apoiá-lo, formar novas lideranças, prepará-los para um mundo que exige domínio de robótica, internet, inteligência artificial. Se não fizermos isso, vamos continuar regredindo nesse lento processo de evolução econômica.” Scucato lembrou ainda que o setor cooperativista mineiro impacta diretamente cerca de 60 mil trabalhadores e mais de 3,5 milhões de cooperados espalhados por todo o Estado, em áreas que vão do campo à cidade. “Não se constrói um paraíso social sobre uma ruína econômica. E ocupar a 62ª posição em produtividade no mundo é um sinal de alerta”, concluiu.
O debate foi mediado pela jornalista Helenice Laguardia e contou com a participação do chamado Grupo dos 11, que reúne representantes de entidades patronais ligadas a vários setores produtivos do estado, Além do presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, estiveram presentes presidentes e representantes da Fiemg, ACMinas, CDL-BH, FCDL, Faemg, Fecomércio, Federaminas, Fetcemg e Ciemg.
Fonte: Farol Conteúdo