O Brasil é o maior poluidor de plástico da América Latina e o oitavo do mundo. Dados do relatório “Fragmentos da Destruição: impacto do plástico à biodiversidade marinha brasileira”, da ONG Oceana, mostram que o país lança 1,3 milhão de toneladas do material nos oceanos anualmente. Esse volume representa 8% desse tipo de poluição em todo o planeta.
A reciclagem é a melhor maneira de mitigar a poluição causada pelos plásticos. Mas, para reciclar, é preciso primeiro determinar com qual tipo de plástico se está lidando. As garrafas plásticas, por exemplo, são feitas de polietileno tereftalato (PET), enquanto alguns brinquedos, embalagens e canos são produzidos com policloreto de vinila, o famoso PVC. Existem também outros materiais, como o polietileno de alta densidade (PEAD), o polietileno de baixa densidade (PEBD) e o bisfenol A (BPA), que é tóxico e prejudicial à saúde e à natureza.
Para que seja possível fazer a triagem da maneira correta, a Basf desenvolveu um dispositivo portátil que identifica 30 tipos diferentes de plástico, chamado trinamiX PAL One. O equipamento, cujo nome técnico é espectrômetro, utiliza luz infravermelha para analisar os componentes dos materiais.
Portabilidade
O projeto que deu origem ao equipamento foi criado em 2016, nos Estados Unidos: depois de patenteado, passou por diversas modificações. Segundo Rony Sato, gerente de inovação e tecnologia da Basf para a América do Sul, o principal avanço foi a redução do tamanho do espectrômetro, para que ele pudesse ser transportado do laboratório para os centros de reciclagem de cooperativas e organizações não-governamentais (ONGs).
“O primeiro protótipo era do tamanho de uma caixa de sapato. A portabilidade veio com a terceira geração do aparelho. Hoje, estamos no quarto modelo, que tem integração com o celular”, afirma. No momento, a Basf possui seis espectrômetros em uso por quatro entidades na América Latina – metade delas no Brasil. Um exemplo é a cooperativa Viva Bem, em São Paulo. O projeto é realizado em parceria com a Braskem. Cada aparelho, de acordo com a empresa, custa por volta de R$ 8 mil. Além disso, é preciso pagar uma assinatura para usar o serviço.
Em 2024, o espectrômetro contribuiu com a reciclagem de 15 a 30 mil toneladas de plástico no país, na Argentina e na Colômbia. Com isso, foi possível conseguir uma redução de 60% nas emissões geradas pelos materiais. Com o sucesso do projeto, novas parcerias devem ser firmadas este ano, estima a companhia.
Assertividade
Antes da invenção do dispositivo, a única maneira de triar o plástico era queimá-lo, para avaliar a chama e o pingo do material derretido. Com a tecnologia, a Basf diz que é possível ter mais segurança e assertividade nos resultados. “Mexer com fogo, neste caso, traz uma série de implicações: desde o risco de incêndio à intoxicação, a depender do tipo de plástico que está sendo utilizando”, afirma Sato.
Outra vantagem do dispositivo é sua agilidade. Como está conectado ao celular, os dados do material analisado são processados em menos de três segundos. “Rapidamente, o profissional da cooperativa consegue negociar os produtos com vendedores e gerar a economia circular”, diz o gerente.
Além de oferecer a análise do plástico no Brasil por meio do espectrômetro, a Basf também utiliza o trinamiX PAL One em parceria com a Cargill para analisar a composição da ração e do pasto do gado. O objetivo é saber se os fornecedores estão oferecendo os produtos com a qualidade que prometem.
Fonte: Um Só Planeta