Liderança Integradora: semeando inovação, colhendo eficiência. Foi esse grande tema que norteou a 4ª edição do INtech, evento organizado pela Integrada Cooperativa Agroindustrial que aconteceu nos dias 20 e 21 de outubro, no espaço Villa Planalto, em Londrina (PR).
Elevando o cooperativismo através do pensamento inovador, o encontro reuniu mais de 500 pessoas, representantes de 30 cooperativas e 40 empresas de diversas regiões do país como Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais para uma intensa maratona de palestras, painéis, network e muito mais. Prestigiando esse grande momento do cooperativismo agro brasileiro, a MundoCoop esteve presente como Mídia Partner do INtech 2023.
Oficializando a abertura, o diretor-presidente da Integrada, Jorge Hashimoto, fez questão de ressaltar o fortalecimento da imagem de Londrina, já consagrada como um polo de inovação tecnológica no país, e o cooperativismo por consequência.
Alinhado a essa importante fala, o evento trouxe o espaço “Hands-on” da Integrada, onde os participantes receberam informações sobre ferramentas e serviços, com a participação do Hub Cocriagro, e o parque tecnológico da Integrada no metaverso, que atraiu participantes para uma imersão na cooperativa. Ainda, um estúdio de podcast, realizado em parceria com o “Fala BroadCast”, gerou inúmeros bate-papos sobre agronegócio, ESG e inteligência artificial.
“Precisamos buscar tecnologia para apoiar as cooperativas” – Jorge Hashimoto, diretor-presidente da Integrada
TECNOLOGIA NÃO É O FIM, É O MEIO
O tema “Gestão do amanhã: o impacto da tecnologia na transformação dos negócios” foi o foco central da palestra de José Salibi Neto, uma das maiores autoridades em management do Brasil e coautor de diversos livro, que abriu as rodadas de palestras.
Salibi apresentou uma linha do tempo da tecnologia, passando por marcos de “virada” no decorrer dos anos até chegar ao momento atual. “Hoje é impossível falar de gestão sem falar de tecnologia e nós temos que nos tornar fluentes nisso. Existem os especialistas, mas precisamos conhecer o suficiente para fazer as perguntas certas”, destacou.
Permeando os avanços, a discussão trouxe à tona o fato de que 70% das iniciativas de transformação digital fracassam. Nesse contexto, Salibi explica que isso acontece porque a transformação digital precisa partir das pessoas antes de adentrar a digitalização. Centralização do cliente e cultura flexível são a bola da vez.
A primeira trilha com duas palestras simultâneas, direcionou a atenção para o que há de mais tecnológico na atualidade. Representantes da Oracle, Tim e KPMG falaram sobre Inteligência Artificial Generativa no campo e conectividade, apresentando cases prático como a Supercampo e o ConectarAgro.
Representantes da Cocamar e Tenable dividiram o palco para compartilhar o case prática em parceria na cooperativa. Simultaneamente, Fabio Marques, Sócio Fundador da BRID Soluções abordou a valorização dos dados. “O agricultor de hoje não é mais o agricultor do passado e tudo isso tem refletido no aumento de produtividade. Vivemos uma nova era com novas possiblidades, mas também novas exigências”, acentua.
Ainda trazendo aplicações práticas em cooperativas, Fernando Deggobi, presidente da Coopercitrus, apresentou a jornada de transformação da cooperativa, a primeira a instaurar o sistema Barter de café e também responsável pela criação de um ecossistema com startups e empresas para desembarcar tecnologia no campo.
As trilhas de conhecimento continuaram com porta-vozes da Qlik, Movti, Selbetti e Nexum. Esses últimos nomes falando da gestão no foco da tecnologia e trazendo o Sicoob Divicred como grande exemplo de transformação. Através do case, eles reforçaram que para inserir uma novidade é necessário um trabalho de aculturamento das pessoas para que elas enxerguem que esse processo é uma prioridade na cooperativa, combatendo assim a resistência de mudança. Além disso, é preciso entender o qual de maturidade das cooperativas para saber quais ferramentas aplicar.
Após falar de IA, gestão, tecnologia, dados e nuvem, as últimas trilhas do dia focaram na tomada de decisão. Em lados diferentes do mesmo palco, representantes da Simpless, Red Hat e 200Dev impulsionaram a todos a pensar nos processos de mudança. “Será que aquilo que eu implantei ainda vale? Ainda faz sentido?” ou “posso resolver sozinho? Tenho essas condições? Ou melhor investir em parcerias?” foram algumas das questões compartilhadas com o público.
Encerrando o primeiro dia, o economista, com especialização em gestão de pessoas, Adeildo Nascimento, falou sobre “O mundo demanda novas inteligências, inteligência espiritual no mundo do trabalho”. Com uma apresentação cheia de provocações e empolgação dos participantes, Adeildo utilizou metáforas de jogos virtuais para ilustrar o mundo atual, conectando com ações necessárias para conquistar nossos objetivos, inclusive no trabalho. “Temos que ter inteligência social, que é a capacidade de contextualizar o que está acontecendo na sociedade e trazer uma resposta para aquilo. A inteligência espiritual faz a gente buscar o sentido da vida, a nossa vocação. Pessoas inteligentes espirituais usam o trabalho como força de transformação, não trabalham em busca de salário, apenas”, ressaltou.
COMO SE PREPARAR PARA A MUDANÇA
Impulsionando um verdadeiro movimento de tecnológica e inovação, o INtech 2023 conquistou um resultado muito mais que positivo, e que irá continuar perpetuando dentro e fora do cooperativismo.
Iniciando as apresentações do segundo dia, Gustavo Bastos da TOTVS, trouxe o conceito de inovação, incentivando as experimentações e testes até encontrar algo que se torne viável e efetivo para o público em geral. “Inovar é fazer algo novo e diferente que agregue valor à empresa e para o cliente”, acrescenta.
Partindo para as trilhas de conhecimento, porta-vozes da Think It e Plaenge reforçaram que dentro de uma jornada na tecnologia, a comunicação com o time de colaboradores se torna tão necessária quanto a preparação da equipe técnica. Seguindo esse fluxo de ideias, representantes da IN1 E LUV2MOB pautaram a importância da tomada de decisões e do engajamento dos times. “Não importa o nível que se encontra na empresa, a visão coletiva deve ser prioridade para que todos possam evoluir. Quando uma área da empresa não vai bem, é a empresa toda que não vai bem. Onde os times não colaboram e não tem autonomia para agir, as iniciativas de inovação tendem a falhar”, pontua Luiz Fernando, Business Agility Consultant na Luv2Mob.
O FUTURO NO PRESENTE
A próxima dupla de trilhas colocou a sustentabilidade nos centros da discussões. Com especialistas e representantes da Gartner, TOTVS e Integrada, as pautas sustentáveis e de ESG foram conectadas com o uso da IA. “O futuro dos negócios será digital e sustentável”. Essa diretriz apresentada durante o Fórum Econômico Mundial guiou a conversa onde foi apresentado o Projeto Propriedades Sustentáveis, desenvolvido e aplicado na cooperativa Integrada. A iniciativa traduz a linguagem ESG para o produtor em um check list, onde ele mesmo pode se auto avaliar e impulsionar as boas práticas agrícolas. O escopo do projeto possui 46 cooperados envolvidos e tem como principal objetivo preparar o produtor cooperado para que ele permaneça no mercado.
Trazendo um tema bastante atual, Emerson Zanotti, gerente de TI e líder da equipe de tecnologia da informação na cooperativa Integrada, falou sobre “Black Mirror da realidade: a inteligência artificial desvendando os limites entre a ficção e a vida corporativa”.
Emerson traçou um paralelo entre os episódios da série citada e episódios do cotidiano, destacando inovações que já existem na realidade atual. Em uma delas, ele cita o Chat GPT 4, uma atualização da ferramenta que possui funcionalidades que focam em moldar a personalidade da inteligência de acordo com a preferencia de quem o utiliza, podendo replicar comportamentos e até voz. “Empresas podem usar isso para fazer com que a inteligência se comporte como seu cliente para entender seu comportamento e conseguir as respostas prévias”, afirma.
Surpreendendo a todos, Zanotti finalizando contando que todo o evento teve palpite e influência da Inteligência Artificial, se tornando um grande case de como um time reduzido pode usar a ferramenta para otimizar processos e fazer projetos acontecerem.
“Inteligência Artificial e suas oportunidades para o cooperativismo”. Esse foi o tema que fechou o evento com chave de ouro com apresentação de Arthur Igreja, palestrante, autor e referência em inovação disruptiva.
Igreja conta que sempre existirão empresas que estarão no auge da tecnologia e empresas que estarão em outro “fuso-horário”, a diferença entre os entusiasmados e os medrosos é o comportamento, buscar saber como funciona. “Nosso desafio é encontrar um cenário diferente e se adaptar sem ficar preso ao passado. Quem está usando IA Generativa em grande escala em seus negócios tem mais retorno, ou seja, já temos impactos práticos”, destaca.
Conectando esse tema a realidade dos participantes na ocasião, o especlista reforça que a inteligência artificial está abrindo novas oportunidades para os produtores rurais e as cooperativas são o ponto de apoio para isso. “O futuro do agronegócio é esse evento. A tecnologia é o futuro do trabalho. E a Inteligência Artificial é algo fascinante, desde que você domine ela”, conclui.
“Conectar o cooperativismo com o que temos de mais tecnológico é o que fará ser ainda mais revolucionário” – Arthur Igreja
PIONEIRISMO INOVADOR
André Galleti, gerente de planejamento e desenvolvimento da Integrada, protagonizou uma das trilhas, paralelamente a Unifil/UTFPR. Entre os dados impressionantes apresentados por ele, está o fato que de a Integrada rompeu a barreira dos 8 milhões de faturamento em 2022, atingindo também a marca de 12 mil cooperados.
Falando da atuação da cooperativa, Galleti explica que foi criado um núcleo de inteligência artificial na área de T.I para desenvolvimento na organização, buscando trazer a modalidade mais próxima da equipe de trabalho. Ele ressalta, inclusive, que evitar a evasão do cooperado é um dos focos da cooperativa.
De modo prático, a tecnologia aplicada na Integrada permite obter uma visão ampla das áreas agricultáveis das cooperativas e otimizar os processos, facilitando o acompanhamento e elevando os resultados. Mas não para por aí.
Em conversa exclusiva com a MundoCoop, compartilhou como foi – e ainda está sendo – a jornada de implementação de tecnologia e inovações. André Galleti conta que, hoje, o cooperado recebe essa informação como serviço e atendimento diferenciado. E todo serviço que pode agregar mais valor com aumento de produtividade e rentabilidade ele recebe de forma positiva. “Estamos seguindo estágios de maturidade onde, atualmente, temos uma central de informações agronômicas e buscamos, em um próximo passo, repassar para nossos agrônomos acompanharem a propriedade e aí sim, na próxima onda, ter uma solução para o cooperado acompanhar efetivamente e, inclusive, poder chamar nosso suporte técnico“.
Com tantas novidades e possibilidades, surgem também os novos desafios a serem superados. Nessa questão, Galleti conta que o principal não é mais sobre conectividade e tecnologia, mas sobre barreiras culturais de como, realmente, convencer o produtor e time técnico a trabalhar de forma diferente. “Talvez nosso maior desafio é trabalhar essas barreiras culturais. E de que forma conseguimos trabalhar isso? Com a sensibilização. Nós temos o intuito de mapear algumas propriedades em diversas regiões da cooperativa e fazer daquilo um case de sucesso para ir replicando para os demais”, explica.
O desenvolvimento da Integrada em relação a tecnologia já é notório e um sucesso, entretanto, a cooperativa visa ir além. E isso só está sendo possível pela visão de inovação adotada por todos os envolvidos. “Da porteira para dentro, tudo aquilo que aumenta a produtividade e rentabilidade do produtor cooperado é inovação para nós. Da porteira para fora, inovação é todo o aumento da eficiência, seja técnica, comercial, administrativa ou operacional. Nós percebemos que, em varias frentes dessas, temos uma riqueza de informação, temos todo o conhecimento de como trabalhar, mas não conseguimos dar a escala devida e é nesse momento que entra a Inteligência Artificial”, conta.
André ainda conta que houve uma busca de soluções para trabalhar diretamente com o agrônomo, mas não encontraram algo que seja totalmente disponível então a equipe está trabalhando em uma solução própria. Algo que terá a magnitude para ser um grande lançamento da cooperativa nos próximos anos, se tornando algo único no mercado quando se fala em tecnologia para o agrônomo e agricultor.
“A Inteligência Artificial já é uma realidade e quebrar a barreira trazendo essa realidade não só para o time técnico, mas também para o nosso produtor é o que vai ser o diferencial” – André Galleti, gerente de planejamento e desenvolvimento da Integrada
Por Fernanda Ricardi – Redação MundoCoop
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