Para celebrar o cooperativismo, o Sistema OCB, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e a Organização das Nações Unidas (ONU) reuniram autoridades e cooperativistas de 21 países para debater oportunidades de intercooperação entre as nações. Entre os dias 17 a 19 a parceria promove o workshop internacional Cooperativas pelo Desenvolvimento Sustentável, mesmo tema definido pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI) para comemorar o 101º Dia Internacional do Cooperativismo. Nessa segunda-feira (17), a abertura do evento, realizada no Palácio do Itamaraty, contou com a participação do presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, a ministra substituta de Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, o presidente da Frencoop, deputado Arnaldo Jardim, entre outras autoridades.
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, fez a abertura do evento, agradecendo o prestígio da participação de todos os presentes e relembrou que o movimento cooperativista tem muito a comemorar. Ele fez um apanhado de ganhos e destacou o mais recente, a inclusão do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo no texto da Reforma Tributária (PEC 45/19), que está em análise no Senado depois de aprovação na Câmara. Márcio enfatizou também a importância do diálogo cada vez mais estreito com o Itamaraty para criar novas oportunidades para o cooperativismo brasileiro e, por consequência, para o Brasil.
“Demonstramos como temos trabalhado pelo desenvolvimento aliado à sustentabilidade e tudo isso passa por um processo de responsabilidade com as comunidades onde estamos inseridos, gerando prosperidade. Estamos alinhados, desde nossas raízes, aos objetivos de desenvolvimento sustentável. No ano passado movimentamos mais de R$ 500 bilhões e geramos mais de 500 mil empregos. Por isso, é chegada a hora das nossas cooperativas se internacionalizarem ainda mais. Já exportamos e compramos, mas queremos intensificar nossa participação no mercado externo, e o Itamaraty, por meio de suas embaixadas, é fundamental para isso”, afirmou o presidente.
O presidente da República em exercício também ressaltou a importância do movimento. “O cooperativismo é importante para hoje e para o futuro. Temos um mundo rico e desigual e as diferenças são nítidas. Só tem um caminho para o pequeno sobreviver chamado escala, apoio e novos mercados. Isso se dá por meio do associativismo e do cooperativismo. Não basta viver, é necessário conviver e participar. Com o crescimento do cooperativismo quem ganha é a sociedade, este é o caminho”, enfatizou Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
As cooperativas exportaram cerca de US$ 8,6 bilhões, em 2022, 18,4% a mais do que em 2021. Do total, 73,5% das exportações de cooperativas em 2022 foram de produtos da indústria de transformação e 26% foram produtos da agropecuária.
Desenvolvimento Sustentável
Na abertura do evento em alusão ao Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado no primeiro sábado de julho, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, Márcio Lopes de Freitas, destacou o impacto das cooperativas para o desenvolvimento sustentável no sentido social, ambiental e econômico. “A grade diferença do cooperativismo é que a gente não gera só desenvolvimento econômico, mas prosperidade. Além do desenvolvimento de cada indivíduo, ele gera desenvolvimento para toda comunidade que está inserido”, explicou.
No mundo, o cooperativismo gera 250 milhões de empregos e envolve um bilhão de pessoas. Se as 300 maiores cooperativas do mundo fossem um país, seriam a nona economia do mundo.
A embaixadora Maria Laura Rocha, ministra interina do MRE, frisou ser um prazer sediar o workshop com tantas nações. Sobre a Agenda 30, ela declarou que é prioridade absoluta do Brasil. “Prova disso é que no G20 elegemos o desenvolvimento sustentável como questão prioritária. O Brasil entende que a participação de todos é fundamental para o cumprimento dos ODS’s e temos que implementar ações urgentes e reforçar as tendências positivas. Precisamos corrigir rumos para garantir, especialmente, a erradicação da pobreza, o que tem sido refletido pelo governo brasileiro em suas políticas públicas. Reconhecemos e valorizamos o cooperativismo na redução das desigualdades e em outras pautas econômicas e sociais para a promoção do desenvolvimento sustentável”, pontuou.
A presidente da ACI Américas, Graciela Fernándes Quintas, parabenizou o trabalho da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) pela inclusão do ato cooperativo na atualização da legislação tributária brasileira. De acordo com ela, para que que o cooperativismo se aproprie da economia e a torne mais solidária, os governos e parlamentos precisam apoiar o movimento cada vez mais. “Estamos desde sempre oferecendo produtos e serviços e cumprimos cabalmente o sétimo princípio, que é o interesse pela comunidade, por meio do trabalho das cooperativas de saúde, de crédito, agrícolas e tantas outras. Não deixamos ninguém de lado, mas precisamos de mais conectividade, de uma digitalização equânime. Para atingir as metas estabelecidas na Agenda 30 precisamos nos comprometer com iniciativas aceleradoras e trazer soluções transformadoras para a sociedade. Temos aqui 21 países celebrando com diálogo e reflexão o que queremos para o futuro do cooperativismo, que pode se apropriar das economias para cuidar de nossas comunidades. Recebemos o chamado e reforçamos nosso comprometimento”, reforçou.
Presidente da Frencoop, o deputado Arnaldo Jardim (SP) parabenizou o intercâmbio de ideias que, segundo ele, resultarão em soluções para um desenvolvimento econômico e social benéfico a todos. “Receber 21 representantes de diferentes nações é uma alegria sem tamanho. Isso nos une e essa pauta tem todo o entusiasmo e o apoio do Parlamento brasileiro. A questão ambiental brasileira passa por uma legislação ativa, que estimula alternativas para o combate às mudanças climáticas. Ter o reconhecimento internacional sobre nossas práticas de sustentabilidade torna o nosso processo produtivo mais pujante e em favor de todos. Temos qualidade para fazer a diferença e complementar as relações com outras nações com a integração do cooperativismo por meio do princípio da intercooperação. Sem dúvidas teremos como marca o combate à fome, às desigualdades e a busca pela prosperidade, pois nosso movimento é inclusivo e harmônico com o meio ambiente”.
O Ponto Focal da ONU para o Cooperativismo, Andrew Allimadi, destacou os principais pontos que o mundo deve observar para atingir as metas previstas nos ODS’s. “Internacionalmente, o Brasil é muito ativo em todos os temas relacionados ao cooperativismo e o Sistema OCB tem grande responsabilidade nisso. Lidamos com vários temas sobre desenvolvimento sustentável e o objetivo principal é a erradicação da pobreza extrema. Em relação a paridade de gênero ainda temos muitas diferenças e precisamos não apenas superá-las, mas acelerar o ritmo da mudança. A questão ambiental é uma ameaça também às condições de existência humana no planeta. Sobre esse tema, em setembro será lançada a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, na qual os líderes serão chamados a se comprometerem, uma vez que muitas coisas já estão no papel e precisamos trabalhar na implementação desses objetivos”, asseverou.
O representante da ONU enfatizou ainda que é necessária uma mudança inovadora para alcançar os objetivos ao longo dos próximos sete anos. Segundo ele, as cooperativas são peças-chave nesse processo. “As cooperativas têm como essência apoiar suas comunidades e na questão ambiental elas podem relatar o que fazem e contribuir ainda mais. Nós trabalhamos para que elas tenham mais destaque e assumam responsabilidades importantes. O mundo já aprendeu muito com a Unimed e a Uniodonto, que expandiram o acesso à saúde. Na área agrícola o setor também é pujante, então o Brasil consegue dar apoio para outros países para que o cooperativismo seja mais reconhecido no mundo”, complementou.
Fonte: Sistema OCB/GOV
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