Um acordo de cooperação entre a Universidade Federal de Goiás (UFG) e o Sistema OCB/GO foi estabelecido em 2020 para pesquisar e melhor entender o controle gerencial, a estrutura de governança e o grau de inovação das cooperativas. Em menos de três anos, esse esforço rendeu 12 trabalhos que exploraram diferentes vertentes em dissertações de mestrado, artigos e trabalhos de iniciação científica e de conclusão de curso, trazendo à luz importantes informações que podem ajudar o setor a ser ainda mais competitivo e inovador.
Os estudos são realizados no âmbito do Laboratório de Contabilidade, Inovação e Sociedade da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas da UFG e liderados pelo professor Juliano Lima Soares. Ele diz que, ao pesquisar o ramo agro do cooperativismo, constatou-se que as cooperativas que diversificaram suas cadeias produtivas tendem a ser mais inovadoras. Ou seja, além da produção de grãos, também investem em outras atividades da mesma cadeia produtiva, a exemplo da armazenagem e da industrialização de matérias-primas.
“Foi uma descoberta interessante, pois as evidências que levantamos mostram que cooperativas agrícolas que se verticalizaram conseguem manter um equilíbrio entre as inovações de cunho radical – relacionadas a novos processos, rotinas ou à inserção em novos mercados –, e as de caráter incremental, que investem na melhoria contínua das suas atividades. É o que chamamos de organizações ambidestras”, explica.
Transferência de conhecimento
Carlos Eduardo Matos, coordenador de Mercado do Sistema OCB/GO, desenvolveu uma das pesquisas, em dissertação de mestrado, orientado pelo professor Juliano Lima Soares. Em seu trabalho ele analisou a relação entre a transferência de tecnologia e a capacidade de inovação das cooperativas, a partir da investigação dos impactos das ações desenvolvidas pelo SESCOOP/GO, braço educacional do Sistema OCB/GO.
“Percorrendo os ramos do cooperativismo desde o agro, passando pelo ramo saúde, até os ramos consumo, transporte e trabalho, percebemos que há uma evolução do grau de inovação das cooperativas à medida que aumenta o número das ações de transferência de conhecimento. Quanto mais a empresa cooperativa faz uso de treinamentos, capacitações e MBAs oferecidos pelo SESCOOP/GO, mais ela tende a ser inovadora, tanto no que se refere à inovação radical, quanto à incremental”, ressalta.
Ações promovidas nos últimos anos, a exemplo de programas como os Meetups, a maratona de inovação GO!Coop, o Hackathon, o Hackaboom, e o próprio espaço Inovacoop Goiás, um Hub de inovação, estão despertando a atenção dos colaboradores das cooperativas para a formação de comitês de inovação. “Os cursos que o SESCOOP/GO tem promovido para a geração de agentes de inovação e transformação também promovem mais a cultura da inovação no cooperativismo e a tendência é que novos comitês sejam criados a partir dessas ações, criando assim mais oportunidade de transferência de conhecimento”, reconhece Carlos Matos.
As cooperativas que usam os recursos disponibilizados reconhecem, compreendem e adquirem essa tecnologia, mas é necessário investigar se a aplicação do conhecimento é suficiente e se de fato ele é aproveitado. Muitas vezes, segundo Carlos Matos, falta apoio da alta gestão da cooperativa, assim como falta a gestão desse conhecimento, para que ele possa ser bem disseminado entre colaboradores, cooperados e gestores.
“Mas existem fatores que favorecem esse aproveitamento. Percebemos que as cooperativas mais inovadoras são aquelas que criaram comitês de inovação e que fazem ações de difusão de tecnologia, com a promoção de cursos e dias de campo, o que tende a melhorar esse grau de inovação”, explica.
Jubrair Gomes Caiado, superintendente do Sistema OCB/GO, conclui que o convênio com a UFG possibilita conhecer melhor o grau de inovação nas cooperativas goianas, a partir do levantamento e da análise científica de dados coletados. “Assim podemos acompanhar como esse movimento está ocorrendo, o impacto das ações de capacitação do SESCOOP/GO, e obter informações valiosas sobre a evolução do cooperativismo e da qualidade da gestão e da governança, em todos os seus aspectos”, afirma.
Fonte: A Redação
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