Na década de 1970, quando a Ocepar foi constituída, muitos foram os apoiadores desta iniciativa, entre eles, o ex-diretor do Departamento de Assistência ao Cooperativismo (DAC), da Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná, Ennio Marques Ferreira. Considerado um dos “construtores do cooperativismo paranaense”, ao lado de Silvio Galdino, Takeki Nishiyama, Duílio José de Paola, Silvio Tedéo, Tadeu Duda, Wilson Thiesen, Guntolf van Kaick e Bejamim Hammerschimidt, contribuiu na reestruturação do cooperativismo, apoiando, via governo estadual, todas as ações desenvolvidas por inúmeros técnicos da então Acarpa e do Incra.
O que não sabíamos sobre Ennio Marques Ferreira é que seu talento e senso crítico ilustraram as primeiras edições do jornal Paraná Cooperativo, veículo de comunicação da Ocepar criado em junho de 1972. Durante várias edições, seus cartuns e ilustrações foram utilizados para contribuir no processo de comunicação do sistema cooperativista. Com traços em nanquim bem definidos, foram várias matérias que contaram com os dotes artísticos de Marques Ferreira, que também tinha vocação para o mundo das artes. Na década de 1960, ele foi secretário da Cultura do governo de Ney Braga.
Parte deste acervo, “carinhosamente guardado por ele durante muitos anos”, foi entregue ao Sistema Ocepar, nesta quinta-feira (23/02), pelo seu filho, Paulo Marques Ferreira, ao coordenador de Comunicação Social, Samuel Milléo Filho. “Meu pai tinha um apreço muito grande pela Ocepar, que viu nascer e tinha orgulho de ter contribuído na época para isso. Guardamos com carinho até hoje uma homenagem que ele recebeu em abril de 2001, durante as comemorações dos 30 anos da Ocepar”, lembrou. Além dos cartuns, Paulo também trouxe algumas correspondências da época, quando Ennio Marques ainda era diretor do DAC. “Todo este material será incorporado ao nosso acervo histórico, com certeza, contribuirá para contar a história não só do cooperativismo no Paraná, mas também do Sistema Ocepar”, lembrou Milléo.
Ennio Marques faleceu durante a pandemia da Covid-19, no dia 26 de agosto de 2021, aos 95 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Curitiba. Na ocasião, o site da Academia Paranaense de Letras, publicou um breve currículo da vida de Ennio Marques Ferreira: Nasceu em Curitiba em 1926, era pintor, desenhista, crítico de arte, administrador e animador cultural. Neto de João Cândido Ferreira, ex-presidente do Estado, e filho do professor João Cândido Ferreira Filho, secretário de Estado da Agricultura durante o governo interino de Clotário Portugal. Além de frequentar as principais galerias de arte também frequenta a casa do arquiteto Dante Autuori, onde costumam comparecer artistas como Cândido Portinari, além de músicos famosos.
Em 1952, permanece durante três meses na Suíça, tendo a oportunidade de visitar vários países europeus. Transfere-se para Curitiba em 1953. Funda, dois anos depois, com o radiotelegrafista Alberto Nunes Matos, uma pequena fábrica de molduras que daria origem à Cocaco, na época, única galeria de arte da cidade e local de encontro de artistas e intelectuais. Participa do protesto contra os critérios acadêmicos de julgamento do Salão Paranaense, sendo um dos responsáveis pela instituição, naquele ano, do chamado “Salão dos Pré-julgados”.
Em 1961, no governo Ney Braga, é nomeado diretor do Departamento de Cultura da SEC, exercendo este cargo até 1969, período em que passa a ser sucessivamente convocado para assumir diversas funções burocráticas de âmbito cultural, especialmente nas artes plásticas. Em 1968, torna-se superintendente interino do Teatro Guaíra. É agraciado, em 1969, pelo governo italiano, com a Estrela da Solidariedade e Pesquisas Tecnológicas. Foi presidente da Fundação Cultural de Curitiba de maio de 1976 a março de 1979. Em sua gestão cria a Mostra Anual da Gravura Cidade de Curitiba. A seguir, coordena o Setor de Artes Plásticas da Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte do Paraná.
Em 1987 projeta-se como um dos ideólogos do MAP, cuja direção assume até 1995. Em 1998 assume a direção da Casa Andrade Muricy. Sua produção como artista plástico, tanto na figuração, como nas pesquisas abstratas, mantém característica marcantemente lírica. Evocações Poéticas é o que, talvez, melhor definiria a sua obra, definitivamente subjetiva. Nas ilustrações, destaca-se pelo grafismo ágil e seguro. Em 2006 a Galeria de Arte Zilda Fraletti lança o livro 40 Anos de Amistoso Envolvimento com a Arte, de autoria de Ennio Marques Ferreira. Por sua inegável importância para a cultura do Paraná, recebeu o título de Membro Honorário da Academia Paranaense de Letras, em 17 de abril de 2017.
Fonte: Sistema Ocepar
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