As escolas desempenham um papel fundamental na formação de cidadãos. Nesse contexto, o cooperativismo se destaca enquanto modelo de negócio alternativo às instituições de ensino tradicionais ao propagar uma educação pautada na colaboração.
Esse jeito diferente de ensinar é viabilizado por meio das cooperativas educacionais, que no Espírito Santo fazem parte do Ramo Consumo. Existem sete delas no estado, todas formadas por pais de alunos que se juntaram para proporcionar uma educação de qualidade aos seus filhos.
São elas a CEL, do município de Linhares; a Coopeducar, de Venda Nova do Imigrante; a Coopem, de Muqui; a Coopepi, de Pinehiros; a Cooperação, de Santa Maria de Jetibá; a Coopesg, de São Gabriel da Palha; e a Coopesma, de São Mateus.
Essas cooperativas atendem mais de 2,1 mil alunos, do ensino infantil ao médio. Em 2023, cerca de 74% dos estudantes eram do ensino fundamental, 17% do infantil e 9% do médio. A quantidade de alunos em cada etapa de ensino cresceu em relação aos dois anos anteriores, conforme apontam dados do Anuário Cooperativista Capixaba 2024, o que revela a tendência de expansão do segmento.
Leia o artigo até o fim e entenda como essas escolas fundamentadas na dinâmica da cooperação geram benefícios econômicos e sociais e fazem a diferenças nas comunidades.
Benefícios do modelo de negócio
As cooperativas educacionais são modelos de negócio eficazes para driblar a ausência ou a baixa oferta de vagas em escolas particulares nas comunidades e para tornar essa modalidade de ensino mais acessível, uma vez que as mensalidades são definidas em comum acordo pelos pais dos alunos, denominados cooperados.
As demais decisões também são tomadas em conjunto, com base no segundo princípio do cooperativismo – o da Gestão Democrática. A diretriz caracteriza as coops como organizações democráticas controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das políticas do empreendimento.
Entre os cooperados são eleitos os representantes do quadro social, considerando cargos como a presidência e os conselhos Fiscal e de Administração. Todos têm direito de votar e serem votados para ocupar essas instâncias.
Outra vantagem é que as cooperativas educacionais criam oportunidades de trabalho para profissionais da educação, gerando renda e riqueza nas localidades em que estão inseridas.
Contudo, os diferenciais das cooperativas educacionais não se limitam ao funcionamento do negócio, gerenciado de forma coletiva. A metodologia de ensino dessas instituições também possui particularidades benéficas. Descubra a seguir!
Por que escolher a educação cooperativista?
As cooperativas educacionais contribuem para a formação de crianças e jovens com pensamento crítico e que reconhecem o potencial da colaboração na sociedade. São instituições que preparam e estimulam as novas gerações a solucionaram desafios pessoais e comunitários a partir do diálogo e da união de esforços.
A educação cooperativista se distingue por sua abordagem centrada nos princípios do cooperativismo, entre eles o Interesse pela Comunidade. Diferente de instituições tradicionais, que muitas vezes operam com o objetivo de maximizar resultados financeiros, as cooperativas educacionais têm como foco a formação integral de seus alunos.
Ao englobar valores como solidariedade, cooperação e sustentabilidade dentro da proposta pedagógica, elas formam jovens que dominam conteúdos acadêmicos, mas também desenvolvem empatia, inovação e responsabilidade social dentro do ambiente escolar.
Isso significa que as coops educacionais não se limitam a preparar os alunos apenas para o mercado de trabalho; elas os capacitam para atuarem como agentes de mudança em suas comunidades. Portanto, são instituições que contribuem com a formação de uma nova geração de cidadãos, preparados para inovar, colaborar e encontrar soluções para desafios do presente e do futuro.
Iniciativas que fortalecem a educação coop
O Sistema OCB/ES fortalece a educação cooperativista no Espírito Santo ao aplicar e apoiar programas voltados para educadores e alunos das coops educacionais e de escolas públicas do estado. O intuito é estimular boas práticas de ensino e aprendizagem e democratizar a vivência do cooperativismo, levando informações sobre o movimento para além das coops educacionais. A seguir, confira as principais iniciativas!
Cooperjovem: Um importante programa aliado à atuação das cooperativas educacionais é o Cooperjovem, desenvolvido pelo Sistema OCB Nacional e aplicado pelo Sistema OCB/ES no Espírito Santo. O projeto envolve professores e jovens em atividades práticas alinhadas a quatro eixos temáticos: educação cooperativista, empreendedora, financeira e ambiental.
Os temas são trabalhados de forma interdisciplinar por meio da aplicação de uma metodologia ativa (centrada no aluno) e lúdica, que combina duas abordagens: aprendizagem baseada em projetos e em gamificação. Ao vivenciarem essa jornada, os alunos desenvolvem competências que vão além da teoria, capacitando-os para solucionar desafios reais.
Programa Cooperativa Mirim: O Programa Cooperativa Mirim é desenvolvido no estado pelo Instituto Sicoob e Sicoob Espírito Santo em parceria com o Sistema OCB/ES, e tem como objetivo disseminar os valores do cooperativismo entre jovens estudantes. Os alunos formam cooperativas dentro das escolas e, sob a orientação de um professor, se organizam para produzir e comercializar produtos como artesanatos e alimentos, com finalidade didática e não lucrativa.
O intuito é desenvolver competências sociais, morais e econômicas nos participantes, além de fomentar a prática do trabalho coletivo e da liderança. Ativo desde 2018 no Espírito Santo, o programa já impacta mais de 450 alunos de 10 instituições de ensino no estado, sendo cinco escolas públicas e cinco cooperativas educacionais.
Programa Cooperativas Escolares: O Programa Cooperativas Escolares é uma iniciativa desenvolvida pelo Sicredi e apoiada pelo Sistema OCB/ES no Espírito Santo. Desde 2023, ele promove a vivência do cooperativismo no ambiente escolar, permitindo que alunos gerenciem suas próprias cooperativas.
Com a orientação de professores, os estudantes aplicam os princípios cooperativistas na prática, realizando atividades como a produção de bens e serviços para atender às necessidades da escola ou da comunidade, sempre prezando pela experiência educativa. Atualmente, existem duas cooperativas escolares no estado, ambas em escolas públicas.
Fonte: OCB/ES com adaptações da MundoCoop