“Não são biscoitos, são objeto de pesquisa ”, alertam os estudantes na primeira tentativa de o repórter saber mais sobre a novidade lançada pela Cooperativa Mirim “Cooperjetibá ”. Ela foi criada no âmbito da Escola Cooperação, de Santa Maria de Jetibá, região serrana do Espírito Santo, berço da maior cooperativa agropecuária do Estado, a Coopeavi, e também do Sicoob Centro-Serrano.
Antes que o botão de “piiiiiiiiiiiiii ” dispare novamente, os biscoitos confeitados foram o produto escolhido por 34 alunos membros da Cooperjetibá para aprenderem sobre empreendedorismo.
São guloseimas confeitadas com temas diversos, incluindo os pinheiros símbolos do cooperativismo. Os estudantes aproveitam as datas cooperativas para venderem os b.., quer dizer, os “objetos de pesquisa ”, na própria escola, em bistrôs da cidade e em eventos das cooperativas.
A produção começou em abril, na cozinha da cooperativa de ensino, sob orientação dos professores. As próprias crianças e adolescentes colocam a mão na massa.
A ideia é tornar autossustentáveis os negócios da cooperativa mirim. Como numa cooperativa convencional, os alunos integralizam R$ 10 por mês para participar. O dinheiro arrecadado com a venda dos biscoitos é investido na compra de matéria-prima, além de valorizar o capital social dos cooperados até concluírem o ensino médio.
A arrecadação das últimas vendas garantiu parte do custeio para a participação no Encontro das Cooperativas Mirins do Espírito Santo, realizado dia 10 de agosto, em Linhares.
“O objetivo é o ensino do empreendedorismo, da educação financeira, da comunicação e dos valores do cooperativismo. Por meio da produção e da comercialização dos biscoitos, os alunos estão aprendendo a trabalhar em equipe e a lidar com o público ”, destaca a diretora da Escola Cooperação, Amanda Schulz Wruck.
Motivação é o que não falta para meninos e meninas se envolverem nos pequenos negócios. Sócio-fundador da Cooperjetibá, Eduardo Schafelen Gums, de 13 anos, conta que sua rotina mudou muito após participar da cooperativa.
Outra aluna, Manuella Wruck (11), diz que se identificou com os princípios cooperativistas, em especial ajudar ao próximo.
Para o pequeno Rodolfo Henrique Duberstein, também de 11, a experiência está sendo positiva. “O empreendedorismo melhora a gente para o futuro. É bem legal produzir os biscoitos entre amigos ”.
Já Júllia Velten Betzel (12) vem de uma família cooperativista e gostou da proposta da Cooperjetibá porque aprende muito com as atividades.
A pedagoga da Escola Cooperação, Fernanda Marquardt,destaca a maior interação e produtividade entre os alunos com a participação na cooperativa mirim.
A cooperativa mirim
Criada em outubro de 2018, a cooperativa mirim “Cooperjetibá ” é uma iniciativa da escola, desenvolvida paralelamente ao programa “Cooperjovem ”, da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB/ES), que se propõe a aumentar a experiência dos estudantes com o cooperativismo.
As cooperativas mirins constituem um projeto educativo e está amparado pela lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei 5764/71. Segundo o ECA, deve ser assegurado aos jovens: I – Garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular, II- Atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente, III – Horário especial para o exercício das atividades.
Apesar de funcionar dentro da instituição de ensino, é uma entidade real, com as mesmas atribuições e deveres de outras cooperativas. A “Cooperjetibá ” é dirigida e coordenada pelos próprios alunos da instituição e tem por finalidade o desenvolvimento de competências, hábitos e atitudes por meio de uma prática pedagógica.
Segundo a OCB/ES, a ideia é disseminar os princípios do cooperativismo, harmonizando-os aos interesses com a comunidade, na produção de bens ou prestação de serviços, obtendo, por fim, responsabilidades sociais, morais e econômicas dentro e fora do ambiente escolar, com distribuição dos resultados proporcionais entre os membros participantes.
Coordenadora do projeto na Escola Cooperação, Luciene de Oliveira destaca que o focoé o aprendizado.
“Nossos alunos já detêm determinado conhecimento sobre o cooperativismo, com projetos práticos na comunidade, mas agora a ideia é formar pessoas que tenham ideia de formar cooperativas no futuro ”.
“O programa é inédito para todos nós, com o qual vamos aprender a viver em conjunto e levar várias lições para nossa vida ”, declarou a presidente da Cooperjetibá, a aluna Lavínia Simon Jacob.
Além da Escola Cooperação, de Santa Maria de Jetibá, foram criadas cooperativas mirins nas cooperativas educacionais de Linhares (CEL) e de São Gabriel da Palha (Coopesg).
Fonte: Conexão Safra
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