De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a população global de idosos está aumentando rapidamente, a estimativa é que, até 2050, haverá mais de 1,6 bilhão de pessoas com 65 anos. Esse número representa mais que o dobro da população da idosa atual, que é hoje de 761 milhões.
Apesar dos avanços em muitas áreas, o etarismo, que é a discriminação baseada na idade, ainda é uma questão o preocupante e que se manifesta de várias maneiras, desde a negação de oportunidades de emprego até o tratamento desrespeitoso e a exclusão do social.
No mercado de trabalho
Ana Tomazelli, psicanalista e CEO do Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas (IPEFEM), explica que: “As mulheres idosas enfrentam discriminação no mercado de trabalho e dificuldades em conseguir emprego. Também é preciso ressaltar que as mulheres podem ser vítimas de violência baseada na idade, incluindo abuso físico, emocional e financeiro. Além disso, ficam vulneráveis ao abandono e à falta de cuidado: se outra mulher não o cuidar dela, quem o fará?”.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania apontou que nos cinco primeiros meses do ano, houve um aumento de 57% no número de denúncias e de 87% na divulgação dos direitos do idoso, em relação ao mesmo período do ano passado. Um estudo realizado pela Ernst & Young em quase 200 empresas no Brasil mostrou que a maioria das companhias pesquisadas têm de 6% a 10% de pessoas com mais de 50 anos em seu quadro funcional. Já segundo o estudo, 78% das empresas decidem se são etaristas e têm barreiras para contratar os trabalhadores nessa faixa de idade.
Jheny Coutinho, CEO da Plure, relata que os profissionais a partir dos 40 anos enfrentam frequentemente discriminação ou no mercado de trabalho por conta da suposição ou de que são menos produtivos ou que sua saúde pode apresentar algum problema. Isso pode resultar em dificuldades na obtenção de empregos ou até na contratação contratual. “O envelhecimento da população pode e deve ser visto como um ponto positivo no mercado de trabalho, derrubando os estereótipos. Com mais pessoas vivendo vidas produtivas e saudáveis em idades avançadas, a coexistência de várias gerações na força de trabalho e nas comunidades pode promover maior compreensão e respeito mútuo. Já é mais do que na hora das empresas adotarem políticas que valorizem a diversidade etária e incentivem a contratação ou a retenção de funcionários de todas as idades”, diz Coutinho.
Como combater o etarismo
Para combater o etarismo nas cooperativas é importante educar os associados, colaboradores e cooperados. Uma das maneiras e estimulá-los a se informar sobre o assunto. Outro ponto importante é promover a conscientização na cooperativa, seja por meio da divulgação de informações nas redes sociais, sites ou palestras.
Não podemos nos esquecer de combate à linguagem discriminatória. Uma das maneiras é evitar usar linguagem que reforce estereótipos relacionados à idade. “Seja consciente da forma como se comunica sobre as pessoas mais velhas. Conscientizar as pessoas com esse tipo de comportamento é mais um passo em direção ou a uma sociedade mais acolhedora para as pessoas idosas”, lembra Tomazelli.
- Importante que as cooperativas combatam a invisibilidade dos colaboradores e cooperados da terceira idade por meio da valorização de suas contribuições na comunidade e sociedade em geral.
- Incentivo à inclusão dos colaboradores nas cooperativas é essencial, tendo em mente que os trabalhadores, as empresas e as cooperativas podem desempenhar um papel fundamental na luta contra o etarismo. “Se você tem uma cooperativa ou um cargo executivo ou de recursos humanos, incentive uma diversidade etária no local de trabalho e promova oportunidades de aprendizado e desenvolvimento para os funcionários mais velhos” indica Ana.
- É necessário promover a autoestima e a autoimagem nas cooperativas, ajudando-as a se sentirem valorizadas e confiantes.
- Por fim, conheça as políticas voltadas ao idoso. Busque informações e apoie políticas que protejam os direitos dos idosos, incluindo políticas de saúde, previdência social e acesso a cuidados de saúde adequados.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop
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