Os escritórios e oficinas de trabalho do futuro deverão contar com muito mais cabelos brancos do que existem hoje, no Brasil. As últimas pesquisas em torno de perfil populacional no país apontam para uma sociedade com maior presença de pessoas maduras e, consequentemente, maior participação delas no mercado de trabalho. O universo da graduação também está mudando: o número de universitários com mais de 40 anos passou de 28 mil para 600 mil entre 2012 e 2021. A maior longevidade também refletirá em um aumento do consumo por parte desta camada social, abrindo novas possibilidades para o mercado de bens e serviços.
Segundo matéria publicada no site Fast Company Brasil, dados do Censo de 2022 revelam que a taxa brasileira de crescimento populacional caiu pela metade nos últimos 10 anos. Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), feita em 2021, mostra que o país já tem 56,1% da população com mais de 30 anos. A matéria informa, ainda, que a expectativa de vida do brasileiro vem crescendo. Nos anos 2000, a esperança de vida ao nascer era de 69,8 anos. Hoje em dia, é de 77 anos.
Modelos de contratação podem mudar
As perspectivas de maior espaço sênior no mercado poderão mudar o perfil das relações de trabalho. Com maior ênfase na experiência dos seniores, as empresas poderão ter horários mais flexíveis, modelos diferentes de liderança e valorização de soft skills, como comunicação e empatia. Mas nem tudo é tão fácil. Existe um importante caminho a ser percorrido para combater o etarismo, a discriminação por conta da idade.
“Os números são um chamado à realidade. Temos que mudar o conceito que diz que a juventude é o grande motor de desenvolvimento da economia”, afirma Sérgio Serapião, CEO da Labora, consultoria focada na reinserção de pessoas com mais de 50 anos no mundo profissional.
Já Morris Litvak, CEO e fundador da Maturi, maior empresa brasileira focada em recolocação e desenvolvimento profissional dos 50+, diz que “a transformação digital levou a liderança a ter uma percepção errada de que precisa ter jovens para ser uma empresa moderna”.
“Na verdade, o melhor é ter um mix, ter diversidade geracional”, defende Litvak. O executivo da Maturi acrescenta que a ideia de uma pessoa de cabelos brancos “parada no tempo” não condiz mais com a realidade.
“O etarismo é embasado em um estereótipo de realidade que não é mais a nossa. Em 30 anos, a sociedade brasileira mudou muito”, aponta Litvak.
Mais habilidade em momentos de crise
A ideia de que envelhecer traz experiências e habilidades novas ajuda a quebrar o etarismo. No mundo corporativo, um profissional 50+ costuma ser visto como mais resiliente em momentos de crise, por exemplo.
“É um profissional que tem o domínio, tem um plano B. Ele não se desespera na hora que acontece algo ruim, tem mais capacidade de planejar”, afirma Juliana Ramalho, CEO da Talent Senior, consultoria de serviços sênior.
Muitos dos executivos que se aposentam acabam optando por trabalhos que exigem menos horas por dia, em uma dedicação não exclusiva. O que já criou um novo formato de trabalho: o “Talent as a Service“. É como se fosse uma consultoria especializada. A pessoa pode optar por trabalhar para uma, duas ou três empresas, em um tempo reduzido para cada uma. Juliana, que aposta nesse modelo na Talent Senior, conta que existe até a opção de o profissional colaborar para uma empresa apenas um dia da semana.
Mercado de consumo maduro em expansão
Nos debates que promove sobre temas diversos, o Aquário Casa Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) abordou o que chama de “Economia da Longevidade”. Na discussão “Economia prateada: novos paradigmas de mercado para o público maduro”, o Aquário reflete sobre como os consumidores com mais idade podem se tornar um mercado em potencial.
Segundo o documento, de acordo com dados do IBGE, a expectativa de vida média de um brasileiro para 2050 é de 80,7 anos. As projeções mostram que o Brasil será, em 2050, o sexto país do mundo com maior número de pessoas com mais de 60 anos. O texto do Aquário diz que, segundo relatório da Hype50+, agência de marketing digital especializada no mercado 50+, esse público já movimenta quase R$ 2 trilhões anualmente. Um dado relevante é que 4 em cada 10 brasileiros dessa geração afirmam que faltam produtos e serviços que atendam suas necessidades, o que abre espaço para novas iniciativas econômicas.
O texto do Aquário também informa que a “economia da longevidade” movimenta cerca de US$ 7,1 trilhões anualmente em todo o mundo.
O documento também aponta que, pela primeira vez, mundialmente, o percentual de pessoas acima de 65 anos ultrapassou o número de crianças com menos de 5 anos. A previsão é de que o número de indivíduos com 80 anos ou mais triplique, alcançando 426 milhões de pessoas no mundo até 2050. O aumento da longevidade é visto como uma grande oportunidade de negócios. Segundo estudo feito pela Hype50+ e pela plataforma de negócios Pipe.Social, estima-se que a “economia prateada” seja a 3ª maior atividade econômica do mundo.
Fonte: Seja Relevante
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