As cooperativas de tecnologia e inovação têm crescido de forma exponencial no Brasil. Priscilla Silva Coelho, analista técnico-institucional do Sistema OCB, destaca o crescimento de cooperativas voltadas a essa área, movimento que vem ganhando espaço nos últimos anos. “Atualmente, temos 17 cooperativas na área de TI, em oito Estados.”
Coelho ainda afirma que os serviços das entidades reúnem vários nichos, incluindo o desenvolvimento de softwares e aplicações de segurança da informação, computação em nuvem e análise de UX (experiência do usuário, do inglês). Apesar disso, ela ressalta que as cooperativas enfrentam desafios diariamente. “Há falta de conhecimento [do mercado] do formato cooperativo, aliada a [uma cultura de] TI ‘fragmentada’, com restrições à livre circulação de serviços e talentos.”
Na visão da especialista, a necessidade de transformação digital pode levar as cooperativas a aproveitarem novas oportunidades de negócios. O investimento global no setor de transformação digital deve se aproximar de US$ 6,8 trilhões este ano, diz, baseada em dados da companhia de inteligência de mercado IDC. “Em 2022, as organizações aceleraram em 70% o uso de tecnologias on-line.”
Quem garante que já está surfando nessa onda é a Koopere, fundada em São Paulo, em junho de 2021. Em dois anos, o cadastro de cooperados passou de 175 para 850 nomes, segundo o presidente Clauber Valle. “A meta é dobrar de tamanho em um ano.” Valle diz que os profissionais estão localizados em 23 Estados e no Distrito Federal. A maioria (75%) é homem, com idade média de 34 anos e 98% têm formação em TI. A fim de atrair mais integrantes, a cooperativa oferece benefícios como seguro de vida e parcerias com instituições de ensino para programas de atualização. Os membros pagam R$ 50 de adesão, mais um valor referente às vantagens que preferem usufruir, explica.
Valle explica que, apesar da alta demanda por profissionais de TI, as cooperativas do ramo não escapam de entraves. “Diferentemente das cooperativas de agro e de crédito, o mercado não aceita bem o cooperativismo de trabalho, por desconhecimento e receio da falta de compliance trabalhista”, diz.
Segundo os especialistas, parte dos potenciais contratantes desconhece que uma cooperativa pode realizar as mesmas tarefas, com conformidade e prazo, das empresas tradicionais de serviços de TI. Elza Cançado, diretora de relacionamento e negócios da Coopersystem, criada em Brasília (DF) em 1998, diz que as equipes de desenvolvimento de software da cooperativa acumularam anos de experiência para fornecer soluções personalizadas. “Atuamos com práticas de desenvolvimento comprovadas por certificações como a MPS.BR [fornecida pela Associação para a Promoção de Excelência do Software Brasileiro (Softex)]”, detalha.
O total de membros da Coopersystem passou de 23, no ano de fundação, para 400. Um dos formatos de trabalho funciona como fábrica de soluções, com entrega sob demanda. A remuneração dos cooperados, segundo a diretora, é baseada em um plano de cargos e de valores de produção, com diferentes níveis de senioridade.
Na visão de Tiago Enrique Rodrigues e Silva, presidente da Ticoop Brasil, de Curitiba (PR), o setor pode ganhar tração com mais divulgação. “A organização confere ao profissional uma maior representatividade.”
Fonte: Valor Ecônomico, com adaptação da MundoCoop
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