A vida da empresária Flavia Mellyssec com certeza daria um filme. Ela tinha tudo para não dar certo na vida, mas conseguiu superar as dificuldades. Hoje aos 40 anos, é empresária líder no terceiro setor; CEO Founder da Connect Group Holding e Fundadora do Instituto Elos.
Por seu histórico, se tornou uma referência no universo do empreendedorismo feminino e passou a ajudar outras mulheres a trilharem novos caminhos. Nascida na periferia de campinas, Flávia cresceu em uma família disfuncional que enfrentava problemas graves. A partir de sua vivência, se dedicou a ajudar outras mulheres vítimas de violência no Brasil e já atendeu mais 800 no país todo, desenvolvendo um método paliativo para cura de dores emocionais e íntimas em suas pacientes.
Através do Connect Group Holding Flávia, atua em países estabelecendo a comunicação e negociação em situações de conflitos de interesses, culturas diferentes e gerenciamento de crises e capta investimentos para ampliação de empresas. Além da Connect Group comanda mais duas outras empresas, a Connect Visa especializada em assuntos consulares e o Portal Diplomatic. A MundoCoop entrevistou a empreendedora e conta um pouco de sua vida, desafios e planos.
Quando decidiu ser empreendedora? Quais foram os maiores desafios ao tomar essa decisão?
Em 2010 tomei a decisão de sair de um relacionamento abusivo, deixar o meu emprego em uma grande instituição financeira para empreender e ter mais tempo com os meus filhos. Percebi que a minha vida estava totalmente estagnada, estava doente emocionalmente e fisicamente. Os maiores desafios foram o de empreender sozinha com três crianças pequenas, sem experiência no mercado e nem recursos financeiros.
O que é o Instituto Elos que Empoderam? Quando surgiu o projeto ‘Elas que Empoderam’?
O Instituto Elos que Empoderam é focada em impacto social e em empreendedorismo. Atuamos com trabalhos de campo em diversos estados. Eu precisava transformar a vida de outras mulheres, por isso iniciei um trabalho voluntário com as mulheres gestantes e meninas na prevenção da gravidez na adolescência. Notei que elas precisam de mais do que acolhimento e orientação, e de renda para quebrar o ciclo de violência doméstica. Iniciamos uma cooperativa de empreendedorismo e geração de renda com aproveitamento de alimentos, reciclagem e produção de artesanato. Capacitamos inicialmente cinquenta mulheres e logo o projeto teve visibilidade. Fui convidada para liderar um projeto de empreendedorismo feminino que já impactou mais de 300 mil mulheres pelo brasil.
O projeto “Elas por elas” tem como foco em resgatar a dignidade da mulher, combater a violência psicológica e doméstica. Os atendimentos às sobreviventes são feitas pelas embaixadoras sociais, que são treinadas para atender as demandas. Elas são acolhidas, orientadas e capacitadas para o mercado de trabalho ou para empreender. Já atendemos mais de 6 mil mulheres no Brasil e 800 no exterior.
Qual a história do Núcleo Florescer e da Mel Sensual?
O Núcleo Florescer foi fundado em 2012 como o propósito de auxiliar as mulheres a curarem as suas dores emocionais, melhorarem a autoestima e terem qualidade de vida. A Mel Sensual foi fundada em 2010 e além da venda de produtos sensuais para mulheres, também presta consultoria em artes sensuais e capacitação de novas consultoras para o desenvolvimento de negócios dentro do mercado de saúde e de bem-estar feminino.
O maior desafio foi empreender no mercado sensual, inclusive por ser evangélica e ter que lidar com preconceito, assédio e implantar um modelo de atendimento e negócio que funcionasse apenas para mulheres. O que aprendi foi não desistir dos meus sonhos, não dar ouvidos a opinião dos outros e que dinheiro é uma benção e somos dignos de sermos prósperos. Atendemos ao longo dos 5 anos mais de 1200 mulheres, auxiliando-as a terem mais qualidade de vida e equilíbrio emocional.
Como foi receber o Prêmio Zumbi dos Palmares?
Foi um reconhecimento pelo meu trabalho dentro do empreendedorismo feminino. É também uma honra ser uma representatividade da mulher negra de Campinas.
Como você analisa o atual momento do empreendedorismo feminino? O que é preciso para elas terem sucesso nessa empreitada?
Evoluímos muito, mas ainda precisamos nos unir mais, e parar de romantizar o empreender. As mulheres empreendedoras precisam sair, partir para a ação, se capacitarem em educação financeira e não terem medo de se posicionarem nos negócios. Foco, coragem e estratégia para alavancar os seus negócios e não ter medo de arriscar, crescer, buscar ajuda e o aprendizado contínuo.
O que tem aprendido com a sua trajetória? O que diria para as outras mulheres?
Que nenhum mal dura para sempre, e que as injustiças e dores devem ser usadas para nos apoiar em um novo caminho para o sucesso e a abundância. Para outras mulheres, digo para que não desistam de si mesmas, recomecem sempre que puderem e se amem, não importa o que digam ou o que aconteça.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop
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