O metaverso chegou com tudo para ser uma das grandes tendências de 2022/23. Com grandes perspectivas para a sua utilização, essa nova ferramenta – que já vendo sendo aplicada em várias empresas – promete remodelar a forma como nos relacionamos com o mundo digital, principalmente após dois anos de isolamento.
Contudo, o metaverso não possui aplicações apenas no campo da comunicação e do relacionamento. Na produção, a nova tendência tem potencial de trazer um grande impacto, ajudando na formação de novos produtores, além de capacitar aqueles que já fazem parte do ecossistema. Estar conectado é o futuro, e o campo já entendeu essa nova máxima.
Com sua chegada, um novo mercado é inaugurado. É o momento das cooperativas estarem atentas, de forma a protagonizarem um movimento que vai mudar o futuro do agronegócio e da produção no campo.
Mas como, realmente, o metaverso irá ajudar o campo? Para entender melhor sobre esse novo movimento de modernização, a MundoCoop conversou com exclusividade com Bianca Rugeri, CEO da Culte. Na entrevista, que você confere na íntegra a seguir, Rugeri explica como se dará esse mercado, e o que a sua cooperativa pode esperar com a chegada do metaverso.
Confira!
MundoCoop: O metaverso é um tema que rapidamente se popularizou, mesmo que muitos ainda não compreendam qual a sua real aplicação. De que forma o metaverso se aplica no contexto do agronegócio no Brasil?
O metaverso representa muitas oportunidades para o Agronegócio.
Inicialmente, será mais uma forma de divulgação e disseminação de informação e de conhecimento. Vejo o metaverso como uma nova forma de aproximar o cliente, melhorar a experiência do usuário e encurtar o caminho do cliente com o fornecedor. Será como uma grande feira agricola, com a diferença que, enquanto as feiras são pontuais (com dia e locais marcados), aqui será uma grande oportunidade de estar funcionando todos os dias
Haverá também oportunidade para realizar ações de marketing, simular equipamentos de uma maneira gamificada, de forma que os participantes estarão competindo e recebendo incentivos através de descontos, brindes, cashback.
Haverá ainda trilhas de treinamentos, e isso será incrível para a educação sobre o que será possível fazer em um segundo momento; quando esse ponto chegar, haverá imersões para conhecer máquinas, testar sua performance e perceber como sua tecnologia impacta na produção de sua propriedade rural, entre muitas outras possibilidades.
O metaverso nos leva a refletir sobre transformações radicais na forma como pensamos e fazemos negócios. O potencial de conexão entre os agentes é enorme. Em breve, será possível comprar desde fertilizantes até animais e propriedades, de maneira online mas imersiva, tendo as mesmas sensações que teríamos se estivéssemos de maneira presencial. Já os NFTs garantirão acesso a áreas exclusivas do metaverso.
MundoCoop: A união do mundo real com o digital pode trazer vários benefícios, mas tudo depende de um importante elemento: conectividade. Como resolver essa barreira, para que as aplicações do metaverso sejam possíveis de forma ampla no Brasil? A chegada do 5G ao país é uma oportunidade para a consolidação desse cenário?
As áreas rurais do Brasil estão mais conectadas, com 73% da população rural tendo acesso à internet. Em 2019, o número era de 53%, de acordo com dados de um levantamento realizado pelo Cetic.br,
83% do total de usuários utilizam apenas o celular para se conectar e só 20% dos lares rurais têm computador. Na média nacional, 82% das casas têm internet, e apenas 39% têm computador. O número de compras online, que em 2019 era de 19% nas áreas rurais, em 2021 subiu para 27%.
Costumo dizer que o Metaverso será uma evolução na forma como as pessoas se relacionam com o mundo virtual, e a tecnologia 5G será essencial. Isso porque qualquer coisa que se faça na internet exige uma troca de dados: o usuário envia os dados da sua conexão e recebe os dados do host (máquina responsável por oferecer recursos e informações aos usuários) e isso completa um ciclo.
Com a 5G, esse ciclo será bem mais rápido. Algumas operadoras já falam que a velocidade aumentará em 12 vezes em relação ao que temos hoje. Esse ganho será significativo para todos que fazem negócios pela Internet, e especificamente para o Metaverso, será muito importante porque além de trazer velocidade, reduzirá o tempo de resposta entre dispositivos e também tornará as conexões mais estáveis.
MundoCoop: O agronegócio é composto por pessoas de diversos perfis, contextos sociais e faixas etárias. Como podemos democratizar o acesso à informação na pluralidade do agro brasileiro? De que forma tornar o metaverso uma experiência real para a população do campo?
Atualmente, muitas crianças já vivem o metaverso, jogando Roblox Fortnite, por exemplo. Isso já faz parte do dia a dia delas, mas obviamente que estamos falando de um público específico que possui condições financeiras para isso. Mas o avanço do acesso à internet vai replicar cada vez mais o número de pessoas acessando o metaverso, simulando o real ao digital para melhorar todos os processos.
É preciso que haja iniciativas de inclusão digital para suprir o desafio de alcançar todas essas pessoas. Dados do Ministério de Agricultura (MAPA) indicam que 58% dos imóveis rurais no Brasil estão inseridos em condições de sinal insuficiente de celular 3G/4G, e esse percentual é o mesmo tanto para pequenos, médios ou grandes imóveis. Ou seja, apesar dos números gerais apontarem para uma disseminação acelerada do uso de dispositivos móveis no Brasil, a infraestrutura de cobertura rural ainda tem grande campo para investimentos públicos, privados ou em parceria.
Nosso papel enquanto empresa de tecnologia é realizar um trabalho de educação, mostrando as inúmeras possibilidades do metaverso. Dessa forma, todos terão conhecimento do que é possível fazer, e assim podem cobrar das autoridades melhores condições para colocar iniciativas em prática.
MundoCoop: Observando o cenário atual, quais as perspectivas para a futura aplicação de ferramentas digitais no campo? Como empresas e cooperativas podem se unir para viabilizar o rápido e contínuo desenvolvimento do campo?
Penso que os trabalhadores podem unir esforços para melhorar seu ambiente de negócios, negociando tecnologias como e-commerces, softwares e produtos que, sozinhos, jamais teriam condições de utilizar. Parcerias com universidades e startups para desenvolverem soluções conjuntas também podem ser interessantes, incluindo educação à distância (para ampliar o conhecimento de cooperados e colaboradores) e também a criação de unidades de ensino cooperativo. Outra ideia é reduzir custos de fornecedores ao dividirem, por exemplo, as despesas de um sistema logístico de entregas inteligentes. São sugestões simples que podem funcionar.
Há muitas formas de somar esforços. Basta dar o primeiro passo e fazer acontecer.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop
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